[CONCLUÍDA] A Contagem Regressiva de Charlie e Tess

83 dias. O acidente.

Já passa da meia noite quando o show chega ao fim.

O show foi a experiência mais incrível da minha vida e, só de pensar que há poucos minutos eu estava muitíssimo próximo dos meus maiores ídolos, sinto uma vontade imensa de dançar loucamente. Como se eu já não tivesse feito isso a noite toda.

Me sinto meio grogue por conta das cervejas mas, apesar disso, estou totalmente apto para dirigir.

Na saída, encontro o Mike com a Sindy e vejo que os dois estão triplamente bêbados; não os vi durante todo o  é imagino que eles tenham encontrado algo melhor para fazer. Ao meu lado, a Tess quase dorme em pé e eu a abraço para que ela não caia.

Há mais ou menos duas horas eu disse algo que, se tivesse em condições menos... apertadas, por assim dizer, não teria dito. Teria feito. Ela é linda demais pra deixar oportunidades como aquela passar, cara. Eu precisava beija-la. Eu preciso beija-la.

Como era de se esperar, em resposta, tudo o que ela fez foi sorrir e balançar a cabeça negativamente.

Enfim... voltando ao agora.

- Eu e a... como é mesmo seu nome? - Mike pergunta enrolando a língua a cada palavra.

- Sindy - ela responde, pior que ele.

- Ah sim... O que eu estava falando mesmo?

- Que você e a Sindy...

- É, eu e a Sindy vamos pra casa com uns... - ele soluça. - amigos dela.

- Por que não volta comigo? - convido.

Ele soluça outra vez.

- Ah, cala a boca.

- Aí estão vocês! - Se aproxima (trocando as pernas) o tal amigo da Sindy. - vumbora?

Os dois balançam a cabeça e vão ziguezagueando em direção ao estacionamento.

- Tem certeza que quer deixar ele ir com esse cara? - Tess pergunta, ainda abraçada à mim.

- É, ele sabe se cuidar... Vamos.

Seguimos na mesma direção que eles e eu logo encontro meu Ford. Entramos no carro e eu observo o Mike e a Sindy sentar no banco de trás. Espero que eles saiam primeiro do estacionamento e saio logo em seguida.

O carro à minha frente não anda no que eu posso chamar de minha reta. É como se o amigo da Sindy estivesse girando de propósito o volante para lá e para cá.

Olho para o lado e a Tess está quase adormecida.

Eles vão ficar bem.

O carro da frente vira à esquerda e eu viro para a direita.

Dirijo por menos de cem metros e escuto uma batida.

Ao meu lado, a Tess se assusta; eu piso no freio e sinto um aperto no coração que diz exatamente o que eu não quero saber.

Dou marcha à ré sem olhar para trás e, ao dobrar a esquina, eu vejo o que já esperava.

O carro do amigo da Sindy está completamente amassado na frente de um caminhão de cerveja. Que ironia.