94 dias. Quinta

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Estou deitado em meu quarto de hospital, lendo uma revista em quadrinhos do Capitão América; meus pais acabaram de ir para casa, pois não queriam deixar a Susan sozinha por muito tempo. E, por falar nela... É, meus pais tiveram de contar sobre a morte do George e, se você não conseguir imaginar o tamanho da dor que ela sentiu, experimente se colocar no lugar dela por apenas alguns segundos:

A Susan e o George se conheceram no Colégio e estavam juntos desde então. Quando o colegial acabou, eles se mudaram para Londres no mesmo ano em que os pais da Susan morreram, ou seja, George era a família mais próxima que a Susan tinha. Entraram juntos para a Oxford, se formaram e viviam juntos há Onze anos. Agora ela está esperando um filho dele e não faz ideia de como conseguirá cria-lo sem o pai.

- Hora do almoço - diz a enfermeira entrando no quarto segurando uma bandeja com uma tigela cheia de sopa.

Não aguento mais comer sopa.

Me ajeito na cama, tiro o óculos (eu uso óculos para leitura) e ponho ele ao lado do meu corpo, junto com a revista; a enfermeira apoia a bandeja em minhas pernas.

- Que dia vou poder ir embora?

- Era exatamente o que eu ia dizer... Amanhã mesmo seus pais poderão levar você pra casa.

- Finalmente. Não entendo porque fiquei aqui tanto tempo.

- Seus machucados na cabeça finalmente estão suficientemente cicatrizadas. Mais tarde retiraremos os pontos.

- Ótimo.

- É, e você tem uma visita lá fora.

- Quem é? - pergunto, desejando que seja a Tess.

A enfermeira não respondeu. Saiu do quarto e fechou a porta. Menos de um minuto depois a porta tornou a abrir e a Joanne entrou. Continuo olhando para a porta, esperando a Tess entrar, mas Joanne fecha a porta e sorri para mim.

- Tudo bem, Charlie?

- Tirando o fato que estou preso nessa cama há muitos dias, minha cabeça dói e a garota que eu estava começando a gostar não lembra de mim, estou ótimo.

- Então quer dizer que você realmente gosta da Tess...

- Gosto - digo e percebo o quanto isso é estranho se assumir em voz alta.

- Mas você sabe que ela não quer que você goste dela, não é, querido?

Balanço a cabeça lentamente, pois não quero que a dor aumente.

- Até porque ela não se lembra de mim.

Joanne se aproxima e eu dou uma colherada na sopa fria e sem gosto.

- Isso vai passar, você vai ver. Ela já se lembra de mim e do pai dela, isso é um avanço.

- É, espero que esse avanço avance logo. Por que ela não veio? - pergunto, não conseguindo disfarçar a curiosidade.

- Está no Colégio - ela responde rapidamente.

- Por que ela realmente não veio, Joanne?

[CONCLUÍDA] A Contagem Regressiva de Charlie e TessOnde histórias criam vida. Descubra agora