Cuidados

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~ Lauren Jauregui ~

Eu precisava de um banho. Eu precisava desesperadamente de um banho. Minha cabeça estava doendo que chegava a latejar, meu rosto completamente arranhados ardia de maneira incrivelmente dolorida. E eu estava suja. Bom, dizer que eu estava suja é uma generosidade imensa. Eu estava simplesmente imunda e meus machucados se misturavam entre o vermelho do sangue e o preto da graxa e também da terra.

Eu até tentei fazer isso sozinha, mas Camila precisou me ajudar a me despir e entrar no chuveiro. A dor no meu braço me impedia de fazer os mais simples movimentos. Sua preocupação comigo se tornava cada vez mais evidente. Sempre que encontrava um machucado ela fazia uma carinha triste e preocupada.

-Deixa eu te ajudar ... — Pediu pela oitava vez enquanto eu me colocava em baixo do chuveiro, apenas de calcinha.

-Não é necessário, Camz. Deixa que eu me cuido sozinha, esta bem? — Eu procurava ser paciente — Separa uma roupa para mim? — Pedi de maneira delicada.

-Okay — Concordou irritada — Deixe a porta aberta e me grite caso precise de algo — Ela esticou o braço e ligou o chuveiro para mim — Vou separar sua roupa e pegar uma toalha.

-Obrigada.

Camila não me respondeu e saiu do banheiro, deixando-me sozinha. Me postei em baixo do chuveiro morno, deixando a pressão forte da água massagear meu couro cabeludo. Era relaxante, mesmo com a dor que eu sentia sempre que a agua batia nos machucados. Fiquei de cabeça baixa, sem me mover, com um dos braços apoiado no azulejo frio do banheiro enquanto sentia o outro ficar cada vez mais inchado. Ignorei esta sensação e fechei os olhos, deixando a sujeira escorrer do meu corpo. Fiquei nesta posição alguns minutos até que finalmente criei coragem para me esticar e pegar o sabonete. Meu corpo protestava a cada movimento e eu não conseguia segurar os gemidos de dor. Fiquei irritada com minha incapacidade de tomar a porra de um banho e grunhi furiosa quando o sabonete caiu no chão.

-Porra! — Xinguei em voz alta. Antes que eu pudesse fazer qualquer movimento ou se quer pensar em alguma coisa, ouvi a porta abrir e fechar em seguida.

-Eu faço isso — Camila entrou no banheiro vindo até o box. Pegou o sabonete do chão com um sorriso doce nos lábios.

-Não precisa ...

-Por favor, Lauren. Não começa — Sua voz e seu olhar estavam sérios para mim. Resolvi não protestar mais, em parte pela minha falta de força e disposição e em parte pelo olhar desesperado da pequena. Então deixei que Camila me ajudasse. Não que fosse um sacrifício, mas ela parecia muito preocupada e só queria fazer ela ver que estou bem, não é para tanto.

A pequena entrou no box sem se importar em molhar sua roupa. Pegou o sabonete e começou a passar por toda extensão do meu corpo, em silêncio. Depois de alguns minutos, suas mãos pousaram no elástico da minha calcinha, abaixando e me fazendo tirá-la. Me senti completamente pervertida por me excitar com este simples movimento, mesmo estando tão machucada. Suas mãos delicadas passaram a ensaboar minhas pernas, massageando suavemente. Fechei os olhos e suspirei sem conseguir disfarçar. Camila continuava com seus movimentos de maneira inocente. Ela subiu as mãos para minha barriga e costelas, tomando muito cuidado, pois assim como o rosto, ali era a parte mais machucada de meu corpo. Ela era delicada em cada movimento, como se eu fosse algum objeto de cristal e pudesse quebrar a qualquer minuto. Senti suas mãos deslizarem para minhas costas e abri os olhos instintivamente. Quando o fiz, me deparei com aqueles olhos castanhos me encarando com preocupação. Era óbvio que estávamos em uma sintonia diferente. Enquanto tudo que eu sentia no momento era desejo e luxúria, Camila estava compenetrada em sua aura inocência de preocupação. Suspirei frustrada ao constatar isto.

Camren - Resistir ao IrresistívelOnde histórias criam vida. Descubra agora