Querida Internet

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Acordei, mas tive dificuldade para abrir os olhos, parecia que alguém martelava minha cabeça sem piedade. Já eram 16h do domingo após o open bar organizado pelo terceiro ano.

Massageei o centro de minha testa, tentando me encorajar a levantar. Minha melhor amiga dormia pesadamente eu meu lado, minha cama era de casal e ela tinha o costume de nunca usar o quarto de hóspedes.

Antes que você pense qualquer bobagem por eu estar só de calcinha, é óbvio que eu não transei com Rafaela, o que talvez tivesse sido melhor do que aquilo que realmente aconteceu na noite de ontem. Apertei os olhos ao lembrar.

Porque a bebida faz isso com a gente? Supostamente eu deveria ter esquecido de tudo.

Visualizei o ambiente barulhento da festa, ela já não estava mais tão amigável quanto antes e eu já estava ficando enjoada, um pouco pela bebida, um pouco pela ideia de ter dado uns amassos com minha melhor amiga em frente a todos os alunos do ensino médio.

Comecei a ter alguns borrões de memória.

Esbarrei com Maria Júlia depois de ter ido ao banheiro ou nem sequer cheguei até lá?

- Quando foi que você chegou? - Eu perguntei assim que reconheci a morena.

- Quer saber se vi o show de vocês? - Riu. - Relaxa, não vi, mas as fofocas correm. - Encarei-a sem dizer uma palavra, o foco da minha visão estava na ponta de seu nariz, enquanto o restante rodava. Não sabia definir se ela havia ficado chateada.- Cheguei meio tarde mesmo, na real, só vim por sua causa. - Levantei uma sobrancelha.

- Mesmo? - Ri, imaginando como minha voz estava soando. - Sou importante. - Isso aiu em tom de pergunta ou uma afirmação? Maria Júlia riu.

- Você tá muito louca, né? - E ela ainda tem alguma dúvida?

Mais alguns borrões seguiram nossa conversa.

De repente eu estava em um quarto escuro da chácara, mas eu não fazia ideia de qual era. Maju estava sobre mim, e... Espera! Eu que tirei sua blusa?! Seu sutiã tinha uma renda preta muito sexy, seus peitos faziam bastante volume dentro dele e se moviam em contato com minha pele. Abri sua calça jeans enquanto beijava o caminho entre seu pescoço e seu ombro, o que provavelmente lhe deixaria uma marca. Impossível esquecer dos suspiros e gemidos contidos que a morena soltava, fazendo a temperatura subir cada vez mais.

Quando me dei conta, eu já estava completamente despida. Maju beijava meus seios, fazendo-me segurar seu cabelo com força.

- Você é um tesão do caralho. - Sussurrou enquanto descia a boca para minha barriga.

Em algum momento eu disse a ela que não aguentava mais, implorei que ela descesse o beijo e me chupasse logo. Ela me obedeceu e era para ter sido uma noite sensacional...

Era.

Porra, Maria Eduarda, você tinha que ter bebido tanto?! O enjôo que eu havia comentado antes, voltou, só que dez vezes maior. Foi mais forte do que o tesão que eu sentia, e olha que o tesão era MUITO forte...

Empurrei Maju para o lado com força, ela deve ter se assustado, mas não tive tempo para me certificar disso. Saí correndo para um banheiro. Por favor, me diz que o quarto era uma suíte!

Eu realmente não conseguia me lembrar o que acontecera depois disso. Mal havia acordado e já estava rezando para que ninguém tivesse visto aquela cena.

Afundei meu rosto em um travesseiro.

- Sua filha da puta! - Gritei forçando o rosto para abafar o som. - Idiota, idiota, idiota!

- Calma, eu nem fiz nada. - Rafaela acordou, sua voz soando embargada pelo sono.

- Não é com você, é comigo. - Falei, ainda com o travesseiro no rosto.

- Quanta autoestima, hein? - Senti ela puxando o travesseiro de minhas mãos. - Nossa, sua cara tá péssima mesmo!

- Obrigada, querida. - Era pra soar bem falsa mesmo. - Você também tá linda, viu? - Ironizei.

- Você não reclamou ontem.

- Você ainda tem coragem de falar disso? - Pensei em voz alta.

- O que é que tem? - Rafa deu de ombros. - Você beija bem.

- Você deve estar louca se acha que isso vai acontecer de novo.

- E quem é que disse isso, ô pangaré? - "Pangaré"? De onde ela tirou esse apelido? - Baixa a bola. - A garota jogou o travesseiro em mim. - Eu tava chapada e quis saber como é o teu beijo, não começa achar que isso aqui é uma amizade colorida, não. - Caí na gargalhada.

- Uma amizade colorida? - Ela confirmou com a cabeça. - Eu? Com você? Até parece! - Foi minha vez de jogar o travesseiro.

- Que bom que concordamos.

Nesse instante meu celular vibrou, mas não apenas uma vez, várias. "1172 notificações" dizia o visor. Isso não era normal.

Abri o WhatsApp ignorando algumas pessoas e clicando direto na mensagem de Maria Clara.

11:26: Bife :
Ah, meu Deus!
Você é mesmo lésbica?

11:30: Bife :
Não acredito q não me falou nada

11:58: Bife :
Olha, na boa, td bem vc ser
Sério
Desde que vc não tente me pegar...
Mas é meio ridículo ficar espalhando isso

12:16: Bife :
Espera aí, então aquele dia no teatro sua "amiga" realmente achava aquilo?

Okay... O que estava acontecendo? Abri o aplicativo do Facebook e lá estava aquele maldito vídeo. Minha mão tremia. A voz de Rafaela pareceu ficar distante e abafada, enquanto ela tentava fazer com que eu reagisse.

32 compartilhamentos, 809 reações, 290 comentários, 1100 visualizações em 6 horas.

- Filmaram a gente. - Falei finalmente. - O nosso beijo. - Vi minha melhor amiga ficar estática com o choque. - Publicaram tudo.

*** Esse cap ficou um pouco mais curtinho, me digam como vocês preferem!
Bjos de luz ***

GAROTA ENCONTRA GAROTAOnde histórias criam vida. Descubra agora