De quem é a culpa?

12.2K 938 308
                                    

Eu e Rafa passamos a noite em claro. Tentei acalmá-la de todas as maneiras, mas ela estava inconsolável, só parou de chorar quando pegou no sono. Seu corpo guardava algumas marcas dos tapas de seus pais, o resultado da festa não havia sido nada bom. Além de apanhar, ainda teve o celular arremessado no chão, o que com certeza não teria conserto.

Deixei minha melhor amiga dormindo e peguei o ônibus para a escola no mesmo horário de sempre, eu estava motivada a descobrir quem havia postado o vídeo.

Por algum motivo Maju não estava no ônibus naquela manhã e também não tinha me mandado nenhuma mensagem. Maria Clara, mesmo tendo me visto, decidiu ficar em um banco mais a frente.

- Ei, não senta mais comigo? - Tomei o lugar ao seu lado.

- Nunca sentamos juntas aqui, esqueceu?

- Ai, pra que essa patada?

- Não é patada, você senta com a menina do terceiro ano.

Permaneci calada e ignorei as olhadas de Maria Clara. Eu não tinha respondido suas mensagens, os olhares curiosos provavelmente eram devido a isso.

- Você é mesmo lésbica? - Não falei?

- Porque? Tem interesse? - Fiz questão de dar o meu melhor sorriso safado, só pra ver sua carinha de assustada.

- Você é ou não? - Revirou os olhos. Ela estava ainda mais vermelha que o normal.

- Claro que sou! Mulher é uma delícia. Você deveria tentar. - Não dá pra acreditar, ela parecia um pimentão, sem brincadeira.

- Para com isso. - Ela falou em tom de reclamação.

- O quê? - Eu não esperava uma resposta. - Olha, você vai ter que me ajudar em uma coisa.

- Só se parar com essas brincadeiras. - Não, não vou parar, Clarinha.

- Que seja, só me ajuda a descobrir quem postou aquela porra de vídeo.

- Eu nem sei quem tava na festa, Duda. Não conheço ninguém ainda. Como vou ajudar?

- Você gosta de ler mistérios, né? - Ela concordou com a cabeça. - Então!

- É totalmente diferente.

- Para com essas desculpas. - Fiz biquinho. - Vai, por favor, preciso de você. - Maria Clara suspirou.

- Tudo bem! Não sei como, mas vou tentar ajudar. - Ninguém resiste ao meu biquinho, fazer o quê?

- Obrigada, obrigada! - Comemorei dando um abraço apertado na garota.

Assim que cheguei na escola os olhares caíram sobre mim, vi algumas meninas cochichando e rindo, o que não me incomodou muito. Os meninos é que são uns nojentos.

Um grupinho em particular me encarou mais do que o normal e, para minha surpresa, Matheus estava com eles, mas pelo menos permaneceu na dele enquanto os criações riam. Um deles fez gesto, como se estivesse fazendo um oral.

- Não sabe nem o que é clitóris, virjão do caralho. - Falei alto para ele e todo mundo ouvir, mostrei o dedo do meio enquanto passava pelo corredor. Pego mais mulher que aquele bosta. Ele deve ter batido punheta o domingo inteiro assistindo àquele beijo.

GAROTA ENCONTRA GAROTAOnde histórias criam vida. Descubra agora