Inocência perdida não se recupera

6.8K 525 161
                                    

*** Oiiis, vou falar sobre o cap la no final, okay? Então até logo!

Boa leitura! ***

O resto das minhas férias de meio de ano passou como um tiro, mesmo tudo parecendo estar mais monótono do que o normal.

Entrei no ônibus pela primeira vez no semestre e, como sempre, lá estava Maria Júlia. Óbvio que nos falamos bastante durante essa última semana de ferias, tendo mais um encontro na nossa mesa da cafeteria (eu disse que aquilo acabaria virando rotina, não disse?).

- Ei, moça, com licença. - Chamei como se não a conhecesse, fazendo com que ela franzisse o cenho. - Será que dá pra me ajudar? É que sou nova na escola... - Ela riu ao entender a referência. Eu estava reencenando o dia em que a conheci.

- Podemos pular pra parte em que a gente se pega no banheiro?

- Nem pensar, agora você é comprometida, sua safada! - Tomei o assento ao lado da morena.

Maju estava feliz como nunca, radiante, e eu ficava bem ao saber que as coisas estavam dando certo para ela... É mais do que merecido! Depois de tanta coisa que Maju enfrentou ao longo dos seus 18 aninhos, ela precisava de alegrias em dobro. É uma das mulheres mais fortes que eu pude conhecer.

Falando em mulheres... Não demorou para que o ponto de Maria Clara chegasse. Fitei-a passando pela catraca, eu já sabia que ela sentaria direto em um dos bancos da frente, então fiquei esperta para que, assim que ela batesse o olho em mim, eu a chamasse usando apenas um sinal com a mão. Bife pareceu hesitante ao ir ao meu encontro, balançou a cabeça negativamente, fazendo-me ter que insistir para que ela fosse até mim.

- Senta aí. - Indiquei o banco da frente. - Agora somos as três Marias. - Maria Clara, Maria Júlia e Maria Eduarda. Incrível como eu nunca havia notado isso.

A real é que eu e Bife conversamos poucas vezes após o tal encontro no cinema, no entanto, ela parecia bem mais confortável do que o normal. Sua atitude inusitada ao beijar minha bochecha aquele dia havia rondado minha cabeça por muitas horas durante a última semana, até agora eu não me conformei em não tê-la beijado! Onde eu estava com a cabeça?! Ah, já sei, na Rafa... Mas vamos deixá-la para o final... O importante é que a forma como Bife agiu no dia em que saímos, me fez pensar na seguinte estratégia: eu não investiria mais com tanta agressividade, eu deixaria que ela precisasse tomar esse tipo de atitude, deixaria que ela precisasse insistir em mim. Finalmente eu tinha alguma esperança de conseguir tirar Bife do armário sujo e mofado no qual ela havia se trancado.

Não é que Maju e Macla se deram bem ao longo do caminho de ônibus? Acho que acabaríamos sendo como os três mosqueteiros, a diferença é que nenhum deles se pegam.

Rafaela correu ao meu encontro assim que me viu entrar pelo portão, da mesma forma que havia feito no início do ano. Aí é que chega a parte complicada... Rafa e eu não deixamos de conversar, pelo contrário, estamos conversamos normalmente. Ela havia dito, quando voltei do encontro com Bife, que não suportaria não me ter por perto, acredito que por isso ela tenha decidido agir como se tudo estivesse certo entre nós. Confesso que era um pouco torturante, fazia apenas uma semana que isso vinha acontecendo e eu já não aguentava mais.

O abraço que Rafa me deu, logo passou a ser entregue à Bife. Eu poderia jurar que me contorci em forma de um ponto de interrogação. Pensei que Rafa estaria morta de ciúmes! Para piorar, eu nunca a havia visto dar um abraço tão carinhoso em alguém. Rafa não faz o tipo "falsiane", devemos concordar, então qual o motivo daquilo?

Maju foi praticamente ignorada, claro, e acabou decidindo seguir sozinha para a sua sala.

E foi assim que o restante da semana continuou, tudo ficava cada vez mais estranho... Quer dizer, tudo menos Maju, para variar. O jeito carinhoso e a atenção que Rafa estava dando à Bife me irritava. O fato dela estar agindo como se nada estivesse pendente entre nós, me irritava ainda mais.

GAROTA ENCONTRA GAROTAOnde histórias criam vida. Descubra agora