- O que tá fazendo? - Dei um pulo ao ouvir a voz de Maria Clara, que entrou no quarto a tempo de me ver deixando o seu celular sobre a escrivaninha.
- Ia tirar umas fotos minhas pra você ficar apreciando. - Ri daquele jeito convencido de sempre. Fala sério, eu minto muito bem!
Não acredito que a Bife estava pesquisando aquilo. "Como saber se sou lésbica?". Pô, era só me pedir uma ajuda, eu ia adorar contribuir com a descoberta dela.
- Que idiota! - Ela riu enquanto pegava o celular e se sentava ao meu lado na cama. - Ainda bem que cheguei a tempo, vai que abro as fotos a noite, ia ter pesadelos.
- Ia ter outras coisas, Clarinha... - Dei um sorriso malicioso e me permiti encarar a garota de cima a baixo. Não gostei daquela roupa engomadinha, ela bem que podia tirar.
- Que coisas? - Bife franziu o cenho, isso era sério? Tadinha, tão inocente... Acho que vou mesmo ter que ajudá-la com as descobertas de qualquer forma. Que pena, hein?
- Logo você descobre. - Falei colocando uma das pernas sobre o colchão para me virar para ela.
- Não tô te entendendo, Duda. - Ri. Cara, que menina complicada.
- Deixa pra lá, vai.
- Tudo bem. - Bife deu de ombros. - Bom, eu ia te mostrar... Achei uns caras que fazem esse rastreamento de ID, só não sei quanto cobram, nem quanto demora.
- Eu consigo dinheiro pra pagar, nem que eu tenha que pedir no sinal!
- Vende o corpo que é mais rápido. - Riu.
Nossa, Maria Clara fazendo piadas desse tipo? É isso mesmo produção? Eu já estava achando que ela nem sabia o significado de "vender o corpo".
- Boa ideia, quer comprar? - Dei novamente aquele sorrisinho de canto e ela chacoalhou a cabeça. - Nem precisa mesmo, pra você é de graça. - Eu sei que essas brincadeira não vão levar a lugar nenhum, mas se vocês vissem a carinha fofa que ela faz, me entenderiam. - Relaxa, vai. - Cutuquei sua barriga. - Não é pra me levar tão a sério. - Ia completar com um "É pra me levar pra cama.", mas iria deixar ela mais sem graça.
- Eu sei, tô me acostumando com esse seu jeito. - Bife sorriu. - Tô feliz por ter vindo também, é minha melhor amiga aqui, apesar de nos conhecermos a pouco tempo. - Awn, que fofinha! - Meus pais são meio caretas, não liga não, tá?
- Tranquilo... Os pais da Rafa também são religiosos e... - Fui interrompida pela mãe de Maria Clara.
- Vamos descer, meninas? - Ela é uma mulher muito bonita, loira com olhos claros, parecia mais nova do que realmente era. Suas sobrancelhas eram definidas e passavam um ar de seriedade, mesmo com o sorriso branco e bem alinhado da mulher. Se eu visse aquela senhora (devo chamar assim?) na rua, pensaria que é mulher de algum político, não sei porque. Parece ser bem daquelas "bela, recatada e do lar".
- Muito prazer, sou a Maria Eduarda. - Levantei antes mesmo de Bife e estendi a mão para sua mãe. - Obrigada pelo convite, sua casa é muito linda. - Sou puxa-saco mesmo, tem que agradar a sogrinha.
- Helena. A Macla fala muito de você! - Ela falou com um tom extremamente simpático. Macla? Esse era o apelido de Bife? Sou muito mais criativa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
GAROTA ENCONTRA GAROTA
Ficção AdolescenteDuda começou o seu primeiro ano do ensino médio com uma promessa: não se apegar. Não que essa fosse uma tarefa difícil, afinal ela nunca fez o tipo "adolescente apaixonada". O que não estava previsto, era que um simples beijo atrapalharia seus plano...