Fuck!

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A única coisa pior que um domingo em família, era ter que entrar no ônibus naquela segunda-feira... Quando eu achei que tudo fosse se resolver, o destino resolveu cuspir na minha cara. De novo.

A minha suspensão acabou e agora eu estava atrasada nas provas de quase todas as matérias. Para piorar, eu estraguei tudo com a única pessoa que me ajudaria a estudar: Maria Clara. Falando nela, não a vi no ônibus naquela manhã, o que era um péssimo sinal. Ela NUNCA falta.

Senti o olhar de Maju me examinando pela primeira vez desde a nossa briga e fiquei tentando decifrar o que aquilo queria dizer... Eu sei que preciso falar com ela e me desculpar, mas confesso estar morrendo de vergonha. Vou chegar e dizer o que? "Oi, desculpa desconfiar de você e te fazer passar vergonha na frente de todo mundo."? Não. Preciso pensar em algo melhor.

Os olhares na escola não foram menos constrangedores do que o de Maju, já que agora todos haviam se lembrado do assunto do vídeo. Alguns me defendiam, outros defendiam o Matheus... Ok, eu não esperava que fosse diferente, chamei muita atenção ao gritar com ele na frente da sala toda. Mas, se querem saber, o mais difícil seria justamente ter que encarar aquele traidor.

A suspensão do meu ex-amigo teve a mesma duração que a minha, no entanto, ele foi obrigado a apagar o vídeo e a página em que postou. Agora finalmente entendo o que os velhos estão querendo dizer com aquele papinho de que "quando compartilhamos algo na internet, isso nunca pode ser apagado"... Meu vídeo com Rafa ainda deve estar circulando por aí.

Tanta coisa se passava em minha mente naquele dia, que tudo o que pude fazer, foi torcer para que não piorasse (se é que isso é possível). Essa situação desconfortável se estendeu por alguns dias. Para terem ideia, até meu status do WhatsApp já tinha virado "segue o baile".

Maria Clara acabou dando as caras, mas sequer estava conversando comigo e com a Rafa. Não entendo o motivo de todo esse drama, foi só um beijo! Um beijo que, aliás, sei que ela queria. Ela não se deu ao trabalho de me explicar o motivo de ter surtado e eu não queria pressioná-la. Não ainda... Mas eu estaria mentindo se dissesse que não tentei mexer com a cabeça da garota.

Eu finalmente havia acabado de fazer todas as provas atrasadas, se fui bem é o de menos, só queria me livrar delas... Eu já podia sentir o gosto de liberdade do tão esperado fim de semana, estava exausta! O meu foco, naquele dia, era tanto, que eu sequer sabia qual era o assunto daquela aula chata. Quem é a anta que coloca a matéria de sociologia no último tempo da sexta-feira?

Grudei meus olhos em Bife. Eu estava praticamente jogada na cadeira, era o meu típico jeito de "sentar que nem mocinha". Nem ela estava interessada no que o professor falava, parecia estar rabiscando alguma coisa nas últimas páginas de seu caderno, com a maior cara de tédio. Achei uma gracinha...

Era bastante incomum que Bife não estivesse anotando qualquer coisa sobre a matéria. Sorri sozinha. Ela ficava linda com aquele coque mal feito, que deixava a mostra todo o seu pescoço, o qual eu estava louca para beijar no dia em que ela esteve em casa.

Quando Bife olhou em minha direção, foi inevitável que seu olhar parasse sobre mim, então levei a caneta até a boca, mordendo de forma provocativa. Eu sabia que ela abaixaria a cabeça, antes mesmo que ela o fizesse. Já posso dizer que a conheço bem? Bife balouçou a cabeça de um lado para o outro, depois fingiu estar prestando atenção na aula... Essa garota não me engana.

Duda:
Me perdi, do que ele tá falando mesmo?

O celular da garota vibrou sobre a carteira, ela o desbloqueou discretamente para ver a mensagem, então voltou a olhar para mim. Sorri.

GAROTA ENCONTRA GAROTAOnde histórias criam vida. Descubra agora