Eu estava a poucos centímetros da boca de minha melhor amiga, era difícil resistir aos meus impulsos de querer beijá-la.
Soltei um gemidinho abafado quando Rafa passou sua perna por cimas das minhas para subir em meu colo, acabei sendo obrigada a me deitar. Eu estava sem reação, numa luta interna entre meus desejos e minha razão. A garota roçou seus lábios sobre minha tatuagem e subiu com calma até meu pescoço, fazendo meu corpo todo se arrepiar com seu toque. Pescoço é apelação!
Quando Rafa subiu seus lábios para a minha orelha, senti que estava perdendo totalmente o controle. Desci minha mão até sua bunda, já estava pronta para arrancar sua blusa. A garota deu uma mordidinha provocante no lóbulo de minha orelha e meu corpo se contraiu, pedindo por mais. Senti um sorriso malicioso brotar em seus lábios, enquanto ela os roçava em minha bochecha, chegando até o cantinho de minha boca. Eu ia beijá-la justamente no momento em que ela se afastou com aquele mesmo sorriso no rosto.
- Achou que eu ia te beijar, né? - Tive dificuldade para entender o que estava acontecendo. Óbvio que achei! E ela percebeu isso. - Coitada, tenho bocas melhores pra beijar!
Ela saiu de cima de mim rindo. Encarei o teto como uma idiota. Eu realmente pensei que fosse rolar algo e isso era ridículo. Repreendi a mim mesma mentalmente, ela é minha amiga, não é beijável!
Apenas no dia seguinte obtive uma resposta da mensagem que enviei para Bife, porém muito diferente do que eu esperava. Acabei sendo convidada para um jantar em sua casa, de acordo com ela, seus pais queriam conhecer sua nova "amiga". Eu? Amiga? Tsc...
Maria Júlia me mandou várias mensagens ao longo do dia, as quais fiz questão de ignorar. Eu já não sabia o que pensar sobre ela, tudo apontava que ela tinha uma culpa no cartório, como diria minha mãe. Particularmente, não suporto pessoas que ficam me mandando mensagens seguidas, parece desespero. Ela não era disso, era desencanada, então porque essa necessidade por uma resposta? Miga, assim fica difícil te defender, por mais que eu queira.
- Não acredito que vai me deixar sozinha em pleno sábado a noite. - Rafaela bufou, se jogando na cama, enquanto eu escolhia uma blusa.
- É uma causa nobre. - Dei de ombros, dando mais atenção à bagunça do meu guarda-roupas do que à minha amiga.
- Grande causa! Conhecer a família de uma hetero.
- Ei, ela é nossa amiga. - Falei tirando uma blusa cinza estampada do cabide. - Além do mais não acho que ela seja tão hetero assim.
- Você tá louca se pensa que vai usar isso! - Rafa se levantou e tirou a blusa de minha mão.
- Desde quando manda nas minhas roupas? - Nesse momento ela já estava fuçando meu guarda-roupas em busca de algo que gostasse.
- Aqui. - A garota falou finalmente, jogando uma blusinha de cetim azul em meu rosto. - Se ela já é daquele jeito, imagina os pais... Se for com essa roupa de sapatão é perigoso mudarem de cidade de novo. - Revirei os olhos. - Tá perdendo tempo investindo nela.
- Não tô investindo... - Rafa ergueu uma sobrancelha. Quem eu estou tentando enganar? - Ok, talvez eu esteja, mas não é por isso que vou lá.
- Só tô dizendo que metade da escola quer te pegar, poderia ficar com várias se saísse comigo hoje.
- Já beijei a maioria, quero gente nova, mas pode ficar com essas aí que você tá dizendo. - Me olhei no espelho para arrumar o cabelo, já com a blusa escolhida por minha amiga.
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GAROTA ENCONTRA GAROTA
Novela JuvenilDuda começou o seu primeiro ano do ensino médio com uma promessa: não se apegar. Não que essa fosse uma tarefa difícil, afinal ela nunca fez o tipo "adolescente apaixonada". O que não estava previsto, era que um simples beijo atrapalharia seus plano...