Vai, não se esconde...

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Filme? Quem estava interessada em filme? Eu não conseguia tirar os olhos de Maria Clara e posso até estar ficando louca, mas ela também me dava umas olhadas...

Estávamos sentadas em minha cama, vendo um romance qualquer na Netflix (para vocês verem o meu nível de interesse naquilo, sequer lembro o nome do filme). O notebook esquentava meu colo e eu tentava controlar meus pensamentos de todas as formas possíveis.

Em algum momento senti Bife encostar a cabeça em meu ombro, o cheiro de seus cabelos invadiu meu corpo, gerando uma espécie de corrente elétrica. Comecei a estralar os dedos, um por um. Desde quando eu tinha esse tique nervoso?

- Para com isso. - A garota pediu com o maior bom humor, levantando ligeiramente a cabeça.

- Não consigo. - Estralei outro dedo.

Senti uma explosão dentro de mim quando Bife segurou uma de minhas mãos, no começo, com um pouco de força para me impedir de continuar fazendo barulho, mas logo seu toque se tornou delicado, me fazendo lembrar o modo como peguei em sua mão na semana passada. Encarei nossas mãos por alguns instantes que, naquele momento, pareceram uma eternidade, então levantei a cabeça e percebi que Maria Clara já me olhava.

Já sentiram isso? Essa sensação única causada por um toque ou até por um olhar? É algo que não sei descrever, mas acredito que quem já sentiu, irá entender. Algo me atingiu, quando senti o toque de Maria Clara e me atingiu ainda mais forte na segunda vez, quando nossos olhares se cruzaram. Meu coração foi a mil em um milésimo de segundo.

Tomei a liberdade de levar minha mão até uma mecha bem clara de seu cabelo, que escondia uma pequena parte de seu rosto, e a coloquei carinhosamente atrás da orelha da menina, usando isso como disfarce para me aproximar mais. Minha mão desceu, acariciando o cabelo de Maria Clara, isso fez com que ela fechasse os olhos com um pouco de força, assustada.

Esperei até que sua expressão parecesse um pouco mais relaxada para levar minha mão ao seu rosto, onde fiz um carinho sutil com o dedão, sem coragem de levá-lo até seus lábios, mesmo que eu quisesse muito tocá-los.

Bife parecia paralisada, mas em momento algum demonstrou querer que eu me afastasse. Eu nem acreditava que estava chegando tão longe com aquilo.

Sem encontrar nenhum empecilho, aproximei meu rosto do dela o máximo que pude. Ela não recuou, mas pude sentir que havia prendido a respiração. Meu coração quase saía pela boca só de pensar na possibilidade de beijá-la. Cada pequeno movimento que eu fazia, era calculado e cauteloso, mesmo que por dentro eu quisesse agarrá-la de uma só vez.

Rocei meus lábios no canto da boca de Maria Clara, fazendo-a suspirar.

- Diz que é comigo que quis ficar. - Sussurrei contra sua pele.

A garota permaneceu em silêncio por um instante, então aplicou uma pressão com seus lábios no canto de minha boca, fazendo meu corpo inteiro se arrepiar e meus sentidos se perderem em meio aos meus instintos. Ela queria, e nenhuma palavra responderia melhor do que aquele pequeno beijo.

Puxei Maria Clara contra meu corpo com urgência, dessa vez, levando meus lábios diretamente ao encontro dos seus. Minha língua pediu passagem em sua boca, que foi concedida rapidamente. Tremi por inteira quando, finalmente, senti a língua da garota em contato com a minha. Por dentro eu estava desesperada, era como se centenas de fogos de artifício estourassem em minha mente, mas o beijo se manteve calmo e lento, me fazendo rezar para que aquele momento jamais terminasse. De fato, o tempo pareceu infinito, quando, na verdade, não passou de alguns segundos.

Maria Clara virou o rosto, me fazendo arrastar a boca até sua bochecha, mas eu não queria parar. Puxei seu queixo, a fazendo retomar o beijo e logo ela virou o rosto novamente, levando as mãos até meu peito.

- Para, Duda. - Murmurou, com um tom de incerteza. Acabei dando alguns beijos a mais em sua bochecha, enquanto ela tentava me segurar.

- Porque? Pensei que quisesse... - Minha voz era arrastada, todo o meu foco permanecia no meu desejo por beijá-la. Maria Clara suspirou prolongadamente.

- Eu quero, mas... Eu não sei. - Ela estava tão irracional quanto eu, mas ainda tentava lutar contra suas emoções.

- Deixa pra se preocupar amanhã, vai. - Soou praticamente implorado.

Maria Clara desviou o rosto rapidamente por mais umas duas vezes. Prometi a mim mesma que seria minha última tentativa, foi quando Bife acabou se rendendo ao meu pedido.

Dessa vez o beijo foi longo, cheguei a perder a noção do tempo e de tudo que nos rodeava. Vagarosamente, fiz com que a garota se deitasse, deixando meu corpo cair suavemente sobre o dela, então passei a acariciar sua perna com delicadeza, subindo até a barra de seu shorts, para depois descer no mesmo ritmo lento em que nos beijávamos.

Maria Clara se doava aos poucos, chegando a passar sua mão por debaixo de minha blusa. Meu corpo todo se esquentou ao sentir o toque macio de sua mão em minha barriga e, por mais que eu quisesse ir longe com aquilo, eu sabia que precisaria ter calma. Subitamente, me senti a pessoa mais disposta e paciente do mundo, eu, verdadeiramente e pela primeira vez, não queria apressar as coisas.

O beijo foi interrompido apenas quando o ar nos faltou, dei um selinho em Bife e a abracei com todo o carinho do mundo. Seu corpo parecia estar em chamas, o que me fez sorrir, pois eu também estava explodindo de desejo. Naquela noite, permanecemos em silêncio até adormecer, minha mente, por fim, estava aliviada.

Ok, talvez eu até estivesse me apegando, mas é tudo uma questão de conquista. Desculpem-me, mas é assim que minha mente funciona. Depois que a conquista acaba, e eu chego onde quero, qual é a graça? Tudo é uma questão de tempo para que eu enjoe, portanto, não vão ficar iludidos achando que estou apaixonada. Eu não me apaixono tão facilmente assim.

GAROTA ENCONTRA GAROTAOnde histórias criam vida. Descubra agora