Capitulo Três - Livin' la Vida

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Sempre tentei me manter à margem. Ninguém aqui sabe o que sou ou mesmo quem sou, além de meu nome e minha provável humanidade. Nunca me meti nas rixas entre as crianças das espécies, que brigavam por jogos, campos, estádios e até mesmo pelo direito de usar boates e cafés. Aí chega esse tipo e acha que pode me perseguir.

- O Alfa dos lobinhos voltou, pelo visto. - Duc murmurou junto ao meu ouvido. - E acho que ele elegeu você como próxima presa, neném.

- Quer dizer que esse é o poderoso Cameron? - Rangi com escárnio óbvio. - Acho que ficou muitíssimo bem explicado porque prefiro os felinos.

Declan riu, e me levou ao bar com ele - diferentemente das outras vezes em que me deixava dançando uma ou duas músicas sozinhas para rir dos infortunados que tentavam chegar perto.

Os olhos do lobo nos seguiram. Eu apostava como ele estava esperando um motivo para pegar briga. Com certeza seria igual aquelas crianças que querem o doce que não podem ter. Principalmente porque ele era um tipo de realeza por aqui. Não que eu o conhecesse antes, o cara havia saído da ilha um ano antes de eu chegar. E tudo o que ouvi falar sobre o sujeito foi que era o forte, o belo, o líder, o gostoso - ok, isso foi dito por fêmeas no cio. Qual fêmea não ficaria caída por um alfa? Os hormônios eram fortes demais - Líder Cameron. Sentia aversão pelo principezinho antes mesmo de vê-lo. Como tinha tido coragem de se afastar cinco anos dos seus, deixando-os sem um líder, apenas para estudar um capricho no continente?

As portas da Fúrias abriram de supetão outra vez naquela noite. Mantive minha cara de paisagem para a gata que entrava. Mais uma dessas rebeldes sem causa que vivem brigando por bobagens. Dessa vez, trazia uma leggin amarrada ao pescoço. Eu não sei quantas pancadas aquela guria tinha levado na cabeça, mas nenhuma desculpava aquela escolha ridícula para o uso de calças. Eu sabia quem era antes mesmo de olhar para a face. A felina que se sentia realeza por ser um tigre qualquer em extinção. Virei para Duc a fim de desligar minha mente daquilo.

- Vejo que você realmente não seria uma das nossas, Sky. - Duc fingiu tristeza enquanto me entregava a dose de tequila pura. - Gatos não têm essa voz poderosa que você usou na pista. Na verdade se eu fosse arriscar você seria um pássaro. Ou um peixe. Dizem que sereias cantam a ponto de encantar, e elas são meio-peixe, não é?

Eu ri enquanto virava a dose de tequila. Não era a primeira, nem mesmo a quinta naquela noite.

- Então... Eu ser um pássaro e não um gato me colocaria fora da sua lista? - Dei um sorriso sedutor. Aquilo era eu me deixando levar pela bebida.

O filhote de cachorro estava sentado próximo a nós, sem deixar de me observar. Eu sabia o que ele queria. E era o que eu tencionava dar a Duc.

- Você sabe que sempre será a primeira da minha lista, Sky. - O outro ronronou. Cara, eu gostava desse barulho que os gatos fazem quando querem seduzir.

Sem mais uma palavra, deixei meu companheiro encostado no balcão do bar e fui andando até a pista de dança, só pelas beiradas, para deixar que ele apreciasse o espetáculo. Não sei quem era o DJ daquela noite, mas poderia tê-lo beijado por escolher aquele momento por colocar Livin in La Vida Loca. Dessa vez não seria como normalmente é - comigo usando passos genéricos - então comecei a coreografia latina que envolvia mexer principalmente o quadril e observei enquanto ele olhava fascinado eu mar uma volta entorno do meu eixo sem parar de rebolar, improvisando por não estar dançando com um par. Quando estava novamente de frente para ele dei um balanço com a cabeça, fazendo meu longo cabelo dançar ao redor de mim e levantei minhas mãos na altura do meu rosto, enquanto descia literalmente até o chão em cima dos meus saltos de quinze centímetros. Quando fui levantando em câmera lenta, subi o comprimento de minhas pernas com as mãos, deixando que elas subissem pela minha coxa, levantando um pouco a saia e mostrando mais da minha meia calça arrastão.

Quando levantei o olhar para encontrar com o dele, vi que Cam estava mais perto do que antes. Ainda com o olhar fixo em mim. Consciente de que meu próximo passo seria insultante, estendi o braço em direção a Duc e chamei-o com um dedo, provocando. Assim eu acabava de insultar um Lobo Alfa na primeira vez que o vi.

Naked - Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora