Happy New Year

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Pessoal, agora que acabaram as festas de fim de ano, voltarei com as postagens diarias #todoscomemora.

Feliz 2015 para vocês!!!!

Sky

Pela primeira vez em minha vida, invejei quem podia se embebedar.

Ainda não eram 22h e as festas ao redor da ilha já haviam começado. As primeiras, junto ao clã de Declan e Lyna, passaram voando. Obviamente, não passaram em paz. Lyna havia brigado com Liam, para variar, mas dessa vez a coisa parecia mais séria. Eles haviam sumido antes de virmos para a casa de Dec, e quando Lyna voltou, sem Liam, estava completamente transtornada. Havia manchas de sangue que não foram limpas corretamente por seu rosto e pescoço, o que só posso supor que eles chegaram às pancadas, como Lana vinha dizendo há alguns dias.

Sinceramente, acho que apenas o fato de que iria tocar na festa fez com que ela viesse. Não respondeu diretamente a nenhum das perguntas. Ainda mais pálida do que o de costume, o cabelo curtinho estava completamente desalinhado. Não um desalinhado 'passei horas na frente do espelho para deixar assim', e sim um desalinhado 'não tô nem ai com minha aparência'. Havia um corte recém-cicatrizado em sua bochecha e a maquiagem parecia ter sido refeita as pressas. Há vinte minutos ela estava num canto do palco com o violão velho que não trocava por pura birra.

Dentro de pouco tempo eu teria que ir à festa dos lobos, encarar Cam e não estava ansiosa por isso. Lana havia passado por aqui mais cedo, parecendo angustiada com alguma coisa, mas não tivemos tempo para conversar. Dec apareceu ao meu lado. As pontas do cabelo preto dele estavam pegando na gola da blusa social branca, levemente desabotoada, que ia por cima de uma bermuda cargo. Era uma festa na praia, e só eu estava mais arrumada do que deveria.

-Eu consigo sentir o cheiro da sua preocupação. - Ele encostou a testa na minha. - Vai dar tudo certo.

-Eu não falaria isso tão cedo. - Suspirei.

-Se está com duvidas então não vá. - Dec falou pelo que deveria ser a décima vez hoje.

-Dessa vez sou eu que sinto o cheiro da sua preocupação. - Brinquei, afundando o rosto no peito dele.

-Eu nunca vou me acostumar com você tão baixinha. - Ele riu.

Dei um tapa de brincadeira no ombro dele, me afastando. Mas era verdade. Mesmo de salto, eu ainda estava mais baixa do que costumava ser. A pantera me olhou com um sorriso, que devolvi. Era impossível ficar de mal humor perto dele nos últimos dias.

-Está na hora de eu ir. - Suspirei. - Posso pegar o seu carro?

Ele me olhou de cima a baixo. Meu vestido tomara que caia verde escuro era justo em cima com um corpete de espartilho e com a saia rodada com algumas anáguas dando volume, indo até o meio das minhas coxas. Minha sandália tinha pelo menos quinze centímetros de salto agulha, o que tornaria impossível dirigir a moto.

-Queria ver como se sairia na moto com essa roupa. - O sorriso dele era malicioso, mas me estendeu as chaves que estavam em seu bolso.

A casa principal da matilha era longe de onde Declan vivia, mas a falta de trânsito fez com que a viagem fosse curta. Sabe aqueles paralelos, que quando a gente mais quer que demore mais rápido acontece? Foi a minha vida nos últimos dias.

Não havia muitos automóveis por ali. Apenas alguns convidados de fora da matilha, o que acabou resultando em uma vaga extremamente proveitosa bem perto da porta lateral. Estacionei e desliguei o motor, mas não desci de imediato. Encarei meus olhos lilases no retrovisor, fingindo que checava a maquiagem, mas simplesmente estava matando o tempo. Havia música lá dentro, o que me surpreendeu. Pensei que seria mais como um jantar com normas rígidas. Pelo menos foi isso que Lana me deu a entender. Talvez ela só estivesse zoando comigo.

Sai e travei o carro. Depois chequei se estava travado. Peguei minha bolsa e chequei novamente a maquiagem, passando batom duas ou três vezes. Então desisti de prolongar o inevitável, indo pela porta lateral.

Realmente, o que estava acontecendo lá dentro era muito mais uma festa dançante do que uma reunião altamente civilizada. Bran foi o primeiro que localizei, apoiado na parede, conversando com uma fêmea com quem cruzei os olhos algumas vezes, e engasguei. Juro por qualquer deus que ele estava rindo. Ele, que parecia ter engolido algum cabo de esfregão. "Fim do Mundo" passou pela minha mente para descrever aquele momento.

Lana não estava a vista, mas a mãe dela sim, me encarando como se houvesse sido obrigada a comer algo estragado. Mesmo com uma sala, música alta e varias conversas paralelas, senti que ela rosnava para mim. Não pretendia estragar aquela noite, mas se ela queria brigar, não deixaria de revidar. Afortunadamente, Allsian apenas virou as costas e seguiu para outra sala.

Vários membros do conselho me deram as boas vindas, me fazendo sentir um pouco menos como intrusa. Há três meses éramos obrigados a conviver e não sei exatamente quando parei de ser ameaça para ser aceita.

Então Lana desceu correndo as escadas. Pelo visto, minha chegada havia sido notada da sacada do segundo andar. Mesmo sendo mais alta que eu, a caçula dos lobos se jogou em mim, me apertando num abraço.

-Eu estou tão contente por você estar aqui. - Ela meio gritou, devido a musica alta. - Pensei que não viria.

-E por que eu não viria? - Recrutei. - São meus aliados e meus amigos. - E a minha matilha. Completei em pensamento.

-Ah, não sei. Cam estava com um mal humor tão grande hoje que achei que vocês tinham brigado novamente.

-Ainda não brigamos, mas não prometo isso até o final da festa. - Brinquei. - E onde ele está?

-Lá em cima, resolvendo sabe-se lá o que na biblioteca. Quer que o chame?

-Não, pode deixar que vou até lá. - Retruquei, sorrindo. Eu não podia ter tanta sorte, mas não questionaria. Se tínhamos que resolver isso, que fosse em privado.

A biblioteca ficava no terceiro andar, o que já era um absurdo para andar se eu não fosse parada a cada três passos para que me desejassem boas festas. Quando finalmente cheguei às escadas, subi correndo o mais rápido que meus altos permitiram. Haviam algumas pessoas na sacada do segundo andar, mas o caminho para o terceiro estava livre.

A biblioteca estava na ala sul, mais calma, fui andando até lá, com o coração batendo a mil. Bem na porta, parei. Havia duas pessoas lá dentro. Entrei depois de dar uma batida. Cam já devia ter sentido o meu cheiro.

Ele estava atrás de uma escrivaninha de mogno, com cara de poucos amigos para outro rapaz que parecia uma copia dele. Ambos se viraram para me olhar. Havia algo de muito familiar naquele estranho, e não era pelo fato dele parecer com Cameron.

-Sky... - Cam começou, mas o estranho interrompeu, levantando e andando até a mim.

-Então essa é a pequena Skarlat, motivo de tanta briga. - Ele ronronou. A voz dele me fez gelar a espinha, mas não demonstrei. Era familiar demais.

-E você quem é? - Retruquei com um rosnado. O que não era muito inteligente porque, mais uma vez, quando ele estava na minha frente, me senti mais baixa do que o normal.

-Esse. - Cam respondeu secamente, se aproximando. - Esse é Nikolai. - Não havia nenhuma emoção na voz de Cameron. Levantei a cabeça para encarar o recém chegado, encontrando olhos incrivelmente azuis. Quase passando para lilás. - Ele é meu irmão mais velho. E pelo que estava me contando, é seu também.

Naked - Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora