Capítulo Quatro - Mascarade

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Quando levantei o olhar para encontrar com o dele, vi que Cam estava mais perto do que antes. Ainda com o olhar fixo em mim. Consciente de que meu próximo passo seria insultante, estendi o braço em direção a Duc e chamei-o com um dedo, provocando. Assim eu acabava de insultar um Lobo Alfa na primeira vez que o vi.

Se Duc notou ou não, não demonstrou vindo ao meu lado na mesma hora em que o outro ia embora. Se houvesse notado, eu sei que ele não reprovaria. Cães e gatos e sua briga eterna. Ele se posicionou na minha frente com o joelho entre minhas pernas, seguindo o balanço rápido da musica e assumindo a coreografia oficial.

- Essa é você ou a tequila dançando? - Ele riu ao meu ouvido.

- Você me conhece bem o bastante para saber que a tequila não fala ou age por mim. - Eu ri.

- Não me culpe por ter esperanças. Você devia se soltar mais Sky. - O olhar dele era de pura malicia. Nos dois sabíamos o que ele realmente queria dizer.

- Se por me soltar mais é beber a ponto de não lembrar nada da noite anterior e acordar nua na sua cama, acho que consigo vencer sua esperança por cansaço.

- Claro que é para lembrar! Uma noite comigo ficaria marcada na sua história.

Ri novamente. O gato negro estava animado. A luz negra contra a sua pele branca causava um efeito meio azulado, como eu acreditava que fosse o brilho do pelo dele. A música mudou e virei andando para o bar. Nada mais de tequilas naquela noite, apenas refrigerante.

Enquanto pegava o refrigerante, um braço passou por cima da minha cabeça, pagando a bebida ao barman. Do alto do meu um metro e sessenta e cinco, me virei para mandar o engraçadinho para o inferno quando me deparei com alguém que tinha esperado não ver mais naquela noite. Cam estava olhando para mim com intensidade. Olhei por trás dele. De Duc, nem sinal.

- Você não entende quando não é bem vindo, não é verdade? - Alfinetei, tomando a bebida como se não houvesse nada demais.

-Isso é você ou a bebida falando?

Cara, como esses machos conseguiam ficar repetindo essas frases tabu eu nunca iria entender. Dec falando era uma graça; mas aquele cara? Eu queria rasgar seu rosto com as unhas se tivesse oportunidade.

- A resposta seria a mesma nos dois casos. - Frisei, tomando a minha bebida da mão dele.

-Você é nova por aqui.

-Sou velha o bastante para conhecer o funcionamento da ilha. Eu não mexo com a matilha e ela não mexe comigo.

-Ele fez uma cara de ligeira surpresa, como se não esperasse resposta direta de mim.

-Você já escolheu qual lado está? - Admito que que a pergunta dele me pegou de surpresa. Sutileza também não era o forte dele.

Eu sabia onde ele queria chegar. Ele queria que eu escolhesse um clã de metamorfos. Esse clã cuidaria de mim, e possivelmente eu viraria amante de um deles. Amante. Nunca companheira. Apenas mulheres transmorfas podem ter companheiros, tudo pela linhagem pura. Claro que as fêmeas humanas acabavam com grande prestigio entre a raça humana, mas uma piada entre os clãs. Me atraia uma merda ser uma delas.

-Estou do lado que fica longe de você - Devolvi.

-Se eu fosse você pensava bem antes de dar uma resposta definitiva, Skylar. - Ele me tratou pelo meu nome, me deixando meio surpresa. -

-Além de esquisito é um stalker. - Resmunguei.

- Eu sei tudo sobre você. Minha matilha me manteve informado.

Sorri diante da prepotência dele. Se ele achava que me conhecia, eu não negaria. Mas me irritava.

-Importa-me zero o que quer que saiba sobre mim, mas não nego a surpresa por você ainda ter uma matilha depois de anos de abandono. - Respondi com fingida calma. Demorei muito tempo para aprender a manter uma cara de paisagem e usaria toda minha paciência com ele.

Sob a luz escura da boate percebi que ele empalidecia um pouco.

-Não é muito inteligente fazer certos comentários. - O tom dele desceu quase imperceptivelmente.

-Também não é inteligente tentar me ameaçar. - Devolvi sorrindo. Meu instinto me mandava ir para casa arrumar as malas, mas isso só faria Cameron vir correndo me caçar. - Já que ambos estamos falando francamente, aqui vai uma afirmação para seu caderno: Eu não preciso da proteção dos lobos.

- Claro, porque é muito inteligente viver numa cidade de metamorfos sem uma proteção. - Ele riu com escarnio. - Não pensei que a você faltasse inteligência.

-Então vamos colocar de outra forma: eu não quero a proteção dos lobos. Principalmente de sua matilha, que passou anos abandonada. Ofereça essa proteção a outra, Topdog.

Eu não completei as afirmações, mas ele ouviu nas entrelinhas: eu não quero proteção de uma matilha fraca, dispersa e com um líder relapso. Vi que as mãos dele se fecharam em uma reação defensiva, mas antes que ele tivesse tempo de falar qualquer coisa fiz meu caminho para fora da boate.

Naked - Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora