Gente, então, esse daqui é um bônus, que não faz parte da linearidade obrigatória de Naked. Mas como a Lana se tornou uma personagem muito querida, resolvi dar um espaço especial para ela ao menos nesse capítulo extra.
Lana
Enquanto entrava na casa que ainda vivia com minha mãe, percebi que em breve teríamos que ceder o lugar para Cam. Principalmente após a briga épica que envolveu sua ex-noiva falsa, o apoio que mamãe queria dar a moça e a falsa tentativa de prendê-lo por gravidez. Essa ultima noticia me deixava em pavorosa. Se os funcionários ouviram, ela deveria estar rolando pela matilha. Se estava rolando pela matilha, um dia Skar iria ouvi-la e seria um pesadelo ainda maior sobre a terra.
Sinceramente, às vezes eu e Declan acreditávamos sermos os piores casamenteiros do mundo. Todos que tentávamos unir estavam dando cabeçadas contra um muro. Meu irmão e a dita cuja; Liam e Lyna; e até mesmo eu. Nem as festas de fim de ano estavam animando ninguém.
Andando por aqueles corredores, lembrei como as coisas costumavam ser antes de Cam decidir passar alguns anos fora. Infelizmente, não eram muito melhores. Meu irmão sempre foi um cara legal, mas deixava tudo nas mãos de nossa mãe. E ela gostava disso.
Parei diante da porta do meu quarto, pensando no café da manhã que tornara tudo tão confuso, quando Bran apareceu no final do corredor. Postura rígida como se estivesse marchando. Não parecendo surpreso ao me ver, embora afirmasse ao contrario quando me cumprimentou:
-Lana, achei que ainda estivesse com nossos aliados. – Ele não me deu um abraço ou mesmo ofereceu a mão como cumprimento. Cruzeis os braços e encostei meu ombro contra a porta, avaliando-o das botas militares, jeans escuros e camiseta azul escuro. Os olhos amarelos eram os que mais pareciam com um lobo, dentre os conselheiros de Cameron, e muitas vezes ouvi dizer que era exatamente assim. Branwell era forjado de instintos e guerra.
Ah, e da maldita honra.
-Meio que virei diplomata honorária da matilha. – Debochei com um sorriso ferino. Ele deu um passo para trás, como se eu fosse ataca-lo. Ou agarrá-lo. Coisa que nunca mais faria. Meu orgulho só seria quebrado uma vez. Se eu era criança demais para ele, ou a irmã do alfa, ou qualquer outra merda que Bran usasse para me deixar longe, era isso o que eu usaria.
Nos encaramos por uns instantes, e eu ergui uma sobrancelha. Sabia que aquilo era irritante. Era o que meu irmão usava para me tirar do sério. Mas fez efeito zero no Senhor General Bloco de Gelo, que simplesmente se despediu e me deixou ali, olhando enquanto saia do corredor.
Quando entrei em meu quarto, a primeira coisa que fiz foi praguejar. Estava tudo revirado, rasgado e jogado a esmo. As portas do meu closet estavam abertas, uma inclusive quebrada. E eu não conseguia farejar quem estivera aqui antes. Só o meu cheiro dominava o quarto, o que não me surpreendeu na verdade. Se o intruso fora esperto o suficiente para passar pela segurança, ele teria garantido não deixar cheiros pelo local.
Não chamei ninguém para me ajudar. Bastava Bran acreditando que eu era a princesa mimada da matilha. Segui até o banheiro, que não havia escapado da revista, e peguei uns sacos de lixo.
Comecei pelos porta-retratos, em sua maioria, cheios de fotos minha com minha família, e algumas poucas com amigas. Nada insubstituível. Pouco ali era. Minhas roupas, além de jogadas, estavam rasgadas também. Seria uma tortura ter que repô-las. Passei uma mensagem de texto ao meu irmão quando a maior parte da bagunça já estava ordenada. Avisei de intrusão. Ele não demorou três minutos em me ligar de volta para mandar que não saísse de casa.
Quase ri do absurdo. Haviam entrado em casa. E ele queria que eu ficasse ali de bandeja para o caso de voltarem. Nem. Morta. Antes de sair, olhei ao redor novamente, sentindo fata de algo indefinido. Então percebi. Quem quer que tivesse entrando aqui, levara meu diário.
Com ódio, vi minhas mãos alongarem nos dedos, dando lugar a garras. respirei fundo três vezes e retrai a mudança. Uma mão pegou em meu ombro e quase morri de susto. Era Bran. Claro que meu irmão teria mandado ele. Suspirei resignada antes de repassar com ele:
-Entrei e meu quarto estava meio destruído. Arrumei um pouco as coisas antes de chamar por Cameron. Não há cheiro em evidencia, nem mesmo desconhecido. A única coisa que levaram foi meu diário.
O general, que olhava as coisas com vago desinteresse, virou para mim com uma sobrancelha erguida:
-Você mantem um diário?
-Às vezes – admiti. – e é precioso para mim.
-Não tenho tempo de encontrar seus brinquedos perdidos. – ele resmungou, provavelmente pensando que eu não ouviria.
-Acho melhor você procurar, Bran. Descrevi nele toda a noite que passamos juntos. – Finalizei com uma ameaça suave.
Vi que congelava no mesmo lugar. Se meu irmão pegasse aquele caderno, eu estaria em sérios problemas. E Bran também. Afinal, com décadas a mais em idade do que eu, o general se achava responsável pela única vez em que dormimos juntos. E talvez, só talvez, Cameron viesse a concordar caso soubesse.
-Vou procurar nas câmeras quem esteve na casa durante o dia de hoje.
-Ontem também. – Pedi. – Não cheguei a vir ao meu quarto ontem. Apenas tomei café com Cam e voltei para a casa de Declan e Sky.
-Tem passado muito tempo lá. – Ele voltou a ter a postura relaxada de sempre. O que eu sabia ser puro fingimento.
Depois de alguns minutos, saiu do quarto, resmungando qualquer coisa sobre as câmeras. Me joguei na cama desarrumada. Não sabia se me estressava mais a atitude dele ou alguém ter levado meu diário. E me incomodava saber que havia pessoas na ilha que sabiam como camuflar o odor. Com certeza Cam saberia disso antes que Bran olhasse as imagens.
Fechei os olhos e permiti que as lembranças daquela noite há seis meses voltassem. Foi antes de Cam retornar para casa, quando Sky ainda era antissocial, minha mãe não tinha tanto tempo livre para me monitorar e eu já sabia quem seria o meu par.
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Naked - Em Revisão
WerewolfQuando quem deveria te proteger é seu pior inimigo, fugir é a única opção. Sky deixou tudo para trás quando sua família fez o imperdoável. Agora, ela é perseguida pelas sombras que um dia foram amigas. Sendo a última de uma linhagem de feiticeiras...