Tequila

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 Então pessoal, aqui vai um cap um pouco maior que o de ontem, e a resposta para duas perguntas que apareceram nos comentários. 

'1 - A Sky vai ficar assim para sempre? NÃO

'2 - A Sky vai voltar ao normal? NÃO

Muita coisa ainda vai acontecer, mas o final de Naked já está escrito, embora o desenrolar da história ainda nao. Já postei um pequeno detalhe no grupo do face para quem acompanha :]

Até depois o/

Lana

Yeah there's a hole in my soul

But one thing I've learned

For every love letter written

There's another one burned

(So you tell me how it's gonna be this time)

Is it over, Is it over

'Cause I'm blowin' out the flame[1]

 

Eu sou uma loba otimista. Procuro tirar o melhor de tudo, a ponto de ser irritante. Borboletas, céu azul e todas essas bobagens. E na maior parte do tempo, isso funciona. Mas quando um dia tem que ser 'o' pior dia, ele simplesmente o é, em tudo. Hoje era um deles. E olha que o relógio ainda nem havia marcado meio dia.

Sem Declan, Nikolai e Sky, as coisas começaram a ruir aos poucos na ilha. Olhando em retrospectiva, eu tentava entender como as coisas eram antes. Tanto havia acontecido que parecia até que eles sempre fizeram parte do cotidiano da matilha em que cresci. Na última semana, as coisas pareciam estar a mil por hora. Começando por Cameron.

Meu irmão havia enlouquecido. Não tinha outra palavra para isso. O que quer que tenham feito com ele, mexeu em seu psicológico. Por três vezes desde que ele acordou, o vi conversando sozinho quando acreditava que não poderia ser visto ou ouvido pela matilha. E nunca eram conversas calmas. Ele parecia estar brigando. E quando voltava para perto das pessoas, seu humor sempre estava pior. Do tipo impaciente. Gritou comigo hoje, quando fui conversar sobre essas 'alucinações'. Claro que negou. Essa não foi nossa primeira briga nesses dias. Estivemos discutindo durante as reuniões do conselho. Mais de uma ou duas vezes.

Por consequência, a matilha estava tensa. Durante as semanas que estive a frente, para minha surpresa, havia ganhado muitos apoiadores. E nossas brigas estavam dividindo opiniões, assim como o fato que Cam se encontrava instável. Como se não conseguisse controlar sua mudança, nem ouvia a opinião dos outros. Na maior parte do tempo, parecia estar bêbado. Ou sofrendo. E ninguém sabia como chegar até ele. Me doía ver meu irmão assim e não poder fazer nada.

Cameron, entretanto, era apenas uma parte das minhas preocupações e raivas nos últimos dias. Bran também estava nessa lista. E foi graças a ele que o prelúdio do dia de hoje foi negro.

Eu estava saindo da casa principal para separar mais uma das intermináveis brigas de Lyna e Liam – que agora terminavam em sangue – quando vi a porta do alojamento da patrulha aberta. Fiquei surpresa, pois quase nunca nossos lobos dormiam na casa principal, preferindo voltar a suas famílias, por isso cheguei mais perto. Normalmente composto por duas camas de solteiro, o cômodo não era grande se comparado com a casa, mas mesmo assim, bem aconchegante.

Quando cheguei próxima a porta, o primeiro odor que me bateu foi o de Bran. Depois uma das fêmeas escaladas para a patrulha daquela noite. Então cheguei mais perto e abri a porta de leve.

Eles estavam dormindo. Na mesma cama. Sem roupas. Raiva e humilhação bateram na mesma medida.

Bran queria que eu os encontrasse, por isso não trancara a porta. Ele preferiu ficar com outra que comigo. Ele queria que eu soubesse.

Correndo para fora da casa, peguei a moto de Sky que vinha usando nos últimos dias. Se Lyna estivesse brigando com Liam, eu iria querer ajudar a arrancar o maldito pelo dele.

Para a sorte de ambos, ele já havia ido embora e ela já estava com a garrafa de tequila ao lado. Péssima ideia. Ótima saída. Nunca fui de beber, mas o dia pedia. Em duas doses, eu já estava caindo.  Lyna já estava em Lalaland há muito tempo.

Então Declan ligou.

-Você está bêbada? – Ele perguntou após o meu 'oláááá'.

-Não, estou alegre. – Respondi com uma risada idiota. Ainda não estava completamente bêbada, afinal, conseguia distinguir tudo ao meu redor, e esse era um parâmetro a se medir, não é verdade?

-Droga, Lan. Preciso de você bem para o que vou dizer.

-Mas você só tem a mim assim agora, então aproveite. – Retruquei.

-Lyna está aí?

-Siiiiiim. – Respondi. A linha ficou em silencio por alguns minutos.

-Então passa pra ela! – Ele gritou.

-Não dá. – Choraminguei. – Ela está pior do que eu, caída na cama.

-Merda. – Ele xingou.

-Para de gritar! – Exigi.

-Eu não tô gritando. Escuta, ligue quando melhorar. Ou eu te ligo amanhã.

-Ele não me quer, Dec. – Suspirei olhando pela janela. Ele não perguntou de quem eu estava falando. Declan era meu parceiro de crimes quando se tratava de assuntos do coração. Ele sabia quem era.

-Desculpe. Eu avisei que dói ser o que ama mais. – Ele comentou baixinho, antes de desligar.

Eu voltei para a tequila. Minha nova melhor amiga.

Declan.

-O que houve? – Nikolai me perguntou quando me viu desligar o telefone exasperado.

-Lyna e Lana, bêbadas como gambás.

-Mas lá não são tipo... umas 14h? – Ele indagou.

E era mesmo. Eu nem queria saber o que houve para levar Lana a beber.  A questão é que precisávamos achar um jeito de Sky voltar para casa. Ela já havia acordado e parecia um pouco mais civilizada do que antes. Comeu e bebeu em silencio, mas olhando sempre desconfiada em direção a Bea.

Havíamos decidido que voltar seria o ideal. Cercar Sky dos amigos e coisas que ela gostava. Beatrice iria conosco como um reforço na viagem. Depois voltaria. Mas não sabíamos como iriamos transportá-la ainda.

-Podemos fretar um avião. – Nikolai sugeriu. – Assim ela não teria contato com humanos.

-Ela não pode ficar aqui. – Bea deu ombros. Nesse momento, Sky estava dormindo em um quarto lá em cima e nós reunidos na mesa de jantar. – Coisas demais lembram a Lucan, e o cheiro dele está por metade do povoado. Eu vi como ela chegou, e não quero uma loba descontrolada solta por ai.

-Então fazemos o que? – Perguntei impaciente. – Colocamos uma focinheira nela e levamos em um voo comercial?

-Melhor do que deixa-la presa em um barco. – Niko respondeu. – A viagem de barco é muito mais longa.

Olhamos uns para os outros durante alguns minutos, procurando uma solução. A primeira a se mexer foi a tigresa, que voltou com três pedaços de papel idênticos em branco.

-Já que não existe uma opção verdadeira, vamos sortear a menos ruim.

E foi assim que fui parar dentro de um avião com uma descontrolada menos quarenta e oito horas depois. Meu único consolo era que finalmente estávamos indo para casa e esperava desesperadamente que houvessem deixado alguma tequila para mim.

[1] Sim há um buraco em minha alma

Mas uma coisa eu aprendi

É que para toda carta de amor escrita

Há uma outra queimando

(Então me fale como vai ser agora)

Está acabado, está acabado

Porque eu estou apagando a chama


Naked - Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora