Presa

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Camerom

Até então, eu não tinha notado como o rastro de Sky era tênue. Provavelmente algum feitiço que ela se auto impunha para não ser facilmente caçada. Devo admitir que era uma ao tática, mas estava dificultando minha vida enquanto eu tentava ajudar. O que devo dizer: após ser atingido por deus sabe la o que e estar procurando um rastro meio fantasma, sair para ajudá-la não estava na minha lista de tarefas preferidas.

Pelas ruas, as poucas pessoas que se aventuravam pela madrugada me olhavam como se eu fosse louco. Imaginei que minha aparência deveria ser de um, com cabelo arrepiado do choque, jeans caindo pelos quadris, sem blusa e farejando o ar como se eu fosse um tipo de bicho. O que eu sou, mas eles não sabem.

Quando percebi que ela fugia para a floresta, uma animação tomou conta de mim, pois seria mais fácil mudar e encontrá-la como lobo.

Sky estava muito mais longe do que imaginei a principio. Dançar deve ter dado um baita condicionamento físico nela, se em vinte minutos ela percorreu alguns quilômetros. Quando percebi para onde ela seguia, rosnei de raiva. Havia um rio ali por perto, o que significava o fim dos rastros.

Após subir pelo mesmo caminho por mais alguns minutos, percebi que o leito do rio estava seco, e o rastro dela havia ficado mais forte. Engraçado como quase não consegui distinguir as pegadas dela.

Correndo o mais rápido que consegui, quase perdi o rastro, passando direto enquanto deveria ter dobrando. Quando voltei para o último ponto, entendi o que me enganou. Sky estava escondida em uma caverna, encolhida em um canto, com o tornozelo sangrando.

Quando ela percebeu que eu estava há menos de 500 metros, a sua postura mudou, indo de dor para agressividade em questão de segundos. Mudei novamente para minha forma humana, usando minha pele de lobo para não ficar completamente nu.

-Fique longe de mim. – Ela rosnou entre dentes.

-Eu só quero ajudar. – Me justifiquei, ainda com a sensação de que os papeis estavam trocados. Ela era a bruxa má. – Tem caçadores vindo para cá, temos que voltar para a ilha.

-E o que faz você pensar que acredito nisso?

Suspirei frustado e passei a mão pelo meu cabelo já assanhado.

-Porque se eu quisesse brincar de lobo mal, já teria atacado você machucada. – Ela pareceu se encolher com meu tom frustrado. Dava para ver que o ferimento doía. –Afinal, que merda você fez?

-Era uma armadilha para ursos. – Skylar murmurou baixinho. – Estava muito camuflada. Não consegui ver antes de ser tarde demais. Consegui curar um pouco, mas essa não é minha especialidade.

Cheguei perto o bastante para checar o tornozelo dela. Realmente, o ferimento condizia com a afirmação, e, apesar de cura não ser, como ela mesma falou, a especialidade dela, até que os danos estavam contidos.

-Temos que ir embora. Outra matilha está chegando para caçar. – Eu avisei. Milagrosamente, ela me ouviu, e se apoiou em mim para levantar. – Consegue andar até a estrada?

Sem falar nada, Sky balançou a cabeça e eu a ajudei a sair da floresta.

Naked - Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora