Naked - Em Revisão

Capítul0 12 - Le Bien Qui Fait Mal (pt1)

Mais tarde

Eu sabia que o meu cheiro e o dele estavam misturados, como qualquer casal que passou por uma onda de amassos e queriam que os outros soubessem disso. Porque nem todo mundo quer que os outros saibam com quem você andou brincando na cama, não é verdade? Mas nós queríamos marcar um ponto. E não passamos de amassos. Segundo Declan, não passamos de amassos ainda.

Mas pelas minhas contas, aquele jantar que estávamos tentando ter era nosso primeiro encontro oficial, então nada de brincadeiras de adultos. Mas estava quase insuportável continuar ali. Eu e ele nos encarávamos com perfeitas máscaras, mas sabíamos que estávamos sendo observados - e na grande maioria dos casos, hostilizados - por grande parte da ilha.

Eu sabia que grande parte desses olhares era destinado para mim por mulheres. Para Declan, as pessoas olhavam com pena. Para mim, com raiva. Afinal, depois de Cameron, Declan era o solteiro mais cobiçado da ilha. As pessoas estavam acostumadas a me ver como amiga, não devoradora de homens. O que uma humana comum e sem graça como eu fiz para fisgá-los?

Nossas posturas eram relaxadas e conversávamos sobre amenidades quando vi o olhar dele se dirigir para a entrada do restaurante. Não precisei me mover para saber. Cameron vinha em nossa direção.

Eu sabia que isso ia acontecer. Nós sabiamos. Só não queríamos o confronto em praça pública. Ok. Talvez eu quisesse, por achar que Cameron se intimidaria. Ingênua. Sem ser convidado, Cameron puxou uma cadeira da mesa ao lado e sentou-se conosco. Ninguem no restaurante respirava. Eu finquei as unhas nas palmas das minhas mãos para não fazer uma cena.

-Pensei que tivesse sido claro hoje. - A voz dele era baixa e se dirigia principalmente para Dec. - Ela é minha.

-Eu nunca escolhi você. - Sussurrei olhando para ele. Talvez assim entendesse. Mas eu sabia que estava falando com uma porta.

-Sky tem autonomia para ficar com quem quiser. - Dec sorriu. - E ela queria muito quando foi até minha casa hoje. Por vontade própria.

-Ah, mas ela me quer. - O sorriso de Cam era sádico. - Só não sabe disso ainda. - Depois virou-se para mim. - Falando sobre saber e não saber, onde você vivia antes de se mudar para cá?

Eu poderia ter gaguejado sob essa pergunta, mas era algo que eu já estava acostumada a responder.:

-Não é da sua conta.

-Engraçado. Não achei nenhum registro de que você sequer existisse antes de vir para cá. Eu não sei o que isso pode significar. - A ameaça era explicita.

-As coisas sobre as quais você não sabe poderiam encher uma biblioteca. - Devolvi.

Ele suspirou, como se falasse com uma criança, e então voltou-se novamente para Dec.

-Nós temos coisas para conversar depois. Em particular.

Declan sorriu. Eu poderia dizer que ele já esperava isso. No final das contas, eram eles que pareciam malditas crianças disputando o brinquedo no playground. Eu não gostei de saber que era um brinquedo.