Naked - Em Revisão

Capítulo Sete - Runaway

Demorei alguns instantes para perceber que o cheiro dela estava abaixo dos outros e que a correspondência que eu fiz foi devido Declan sempre estar em companhia da humana. O que eu não gostava particularmente.

Mesmo assim, tinha que parabenizar Skylar pela ousadia de andar acompanhada por um transmorfo sem requisitar a proteção do bando dele, e ainda fazer isso na minha festa de boas vindas.

Ela notou meu olhar acompanhando-a, e percebi que a deixei incomodada. Ela estava vestida de verde, o que caia bem na pele levemente caramelo dela. O decote nas costas deixava que soubessem que ela não usava sutiã, uma exposição que me deixou levemente incomodado. Mas sem nenhum poder sobre ela, não podia mudar o fato.

Mamãe notou que eu meio seguia, meio acompanhava com olhar a humana que passeava na nossa propriedade. E no olhar dela estavam todas as acusações de mais cedo. Por isso me obriguei a voltar para a lista interminável de pretendentes que me foram apresentadas naquela noite.

Pouco antes do jantar ser servido, começaram os puxa sacos a fazerem seus pronunciamentos sobre minha volta. Ser chefe de uma das maiores matilhas de lobos do continente atraia tipos como esses aos montes. Principalmente de espécies não predadoras que buscavam proteção.

Na primeira hora, eu estava entediado. Na segunda, com sono. E com certeza de que toda a comida estava fria, mas parecia que não havia fim do uso da palavra. Até que resolvi interromper com uma brincadeira sem graça de que as senhoras presentes logo estariam desmaiando de fome.

Quando todos se dirigiam às mesas onde seriam servidos os pratos, ouvi o muxuxo dela meio distante:

-Eu ia desmaiar sim, mas de tedio e nojo desses puxa sacos.

A risada da pantera acompanhou a declaração dela,

-Ah, Sky, só você para me fazer rir na toca dos lobos.

-Se você não queria vir, porque aceitou o convite?

-Politica. Ele ainda é o alfa da matilha, por mais que você não goste dele.

-Não é que eu não goste dele. Simplesmente tenho aversão ao pelo de cachorro.

-O que ele te fez para que tivesse tanta aversão? Metade das fêmeas da ilha estão brigando pela atenção dele.

Essa era uma pergunta que eu também gostaria que fosse respondida. Não tinha como ela saber quem eu era na primeira vez em que me viu.

-Ele é metido. Eu estava na minha dançando numa boate no continente e ele simplesmente invadiu meu espaço pessoal.

-Você tem muitas regas pra esse espaço pessoal. Como ele sabia que estava invadindo se você dança quase como um convite para que te acompanhem? Nisso eu entendo ele.

-Dec, de que bendito lado você está? Quer me jogar nos braços do topdog?

Eu duvidava que ele quisesse isso, mas não reclamaria se o efeito final acabasse sendo esse.

Eles ficaram em uma mesa diferente da minha, mas dentro do meu campo de visão, por isso observei a interação dos dois durante a hora que transcorreu a refeição. Quando voltamos à festa dançante, minha mãe pediu licença para conversar com velhas amigas ao mesmo tempo em que Declan saia de perto de Sky por um motivo qualquer. Era minha hora de perseguir a presa.

Mesmo me movendo com todo o silencio possível, notei que os ombros dela ficaram ligeiramente mais tensos quando cheguei perto, pois ela sentiu minha presença. Dei um sorriso presunçoso para mim mesmo. Parecia que, afinal de contas, ela não era tão imune a mim.

-Doce Sky, abandonada na minha casa? – Provoquei. – Nunca te disseram que não era sábio ficar perto do Lobo Mal?

Ela respirou fundo antes de se virar para mim com um olhar impertinente que me deu vontade de rir.

-Eu teria medo do Lobo Mal se tivesse algum por aqui.

-Doce Sky, isso não é uma coisa sábia a se dizer quando está cercada por nós. – Adverti, apesar do meu tom de deboche. Ela tinha coragem ou era muito suicida. -Por que você veio hoje?

-Acompanhar Dec, é claro. Com isso ele está me devendo milhões de favores.

-Eu acho que vou ficar devendo um a ele também.

-Por que você não vai dar atenção aos seus verdadeiros convidados e me deixa em paz? – Ela sugeriu, procurando alguém por cima do ombro.

-Porque não tem graça te deixar em paz.

-Você deveria ir para o inferno. – Ela me apunhalou com palavras. Eu achava aquilo o extremo da diversão.

-Vamos fazer um trato. – Propus.

-Não. – Ela respondeu.

-Você nem mesmo me deixou falar o que era!

Ela começou a andar para longe, acompanhei.

-Não me importa o que você quer, eu não quero.

-Tome um café comigo amanhã e eu te deixo em paz pelo resto da noite ontem.

Ela parou e se virou para mim com as sobrancelhas unidas:

-Eu não tenho interesse em requerer sua proteção ou do seu bando, me importa a mínima virar uma de suas meninas, e não aguento estar no mesmo espaço que você por mais de dez minutos, então, não. Eu não vou tomar café com você. Eu não quero ter nada a ver com você.

-Acho que esse é seu dia de azar. – Sorri.

-E por qual motivo?

-Porque agora você é oficialmente minha caça.