Capítulo Seis - Welcome to Jungle

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Cameron

Eu realmente não queria todo aquele estalhardarço por causa da minha volta. Mas isso não fazia com que fosse menos necessário. Amigos e inimigos precisavam saber que eu voltei. Não que eu realmente tivesse ido embora - ao contrario do que fui acusado na madrugada de hoje.

Fui para a faculdade a fim de tentar melhorar meu clã, trazer novidades, tirar um pouco das tradições que não cabiam mais nos dias de hoje. Mas foi só colocar o pé em casa que percebi a inutilidade da minha ida. Não que eu pretendesse admitir em voz alta, mas era verdade. Certas coisas não são feitas para mudar. Minha matilha era uma delas.

Quando cheguei, também não estava com animo para perseguir nenhuma fêmea, muito menos uma humana. Até porque não lembro qual foi a ultima vez que precisei perseguir alguém. Mas ela era meio que um imã me arrastando na direção dela. Mesmo depois de cada insulto. Eu queria a garota naquela noite.

Mas a vida não é feita das coisas que queremos, e sim das que temos, e é por isso que não dormi o dia inteiro para terminar de organizar os preparativos para a festa com minha mãe e não em uma cama com a humana curtindo uma manhã prolongada.

Eu ainda não dormi, tentando resolver todos os assuntos urgentes que parecem se multiplicar com essa comemoração. Minha irmã mais nova estava fazendo uma lista de todas as lobas solteiras que seriam convidadas, e minha tática era fingir que elas não estavam tentando me arrumar uma companheira.

- Eu não vou me comprometer com alguém que não seja quem deve ser. - Eu havia dito para minha mae no momento em que o assunto foi abordado. - Não me importa se ela é a melhor das candidatas de todos os tempos, se não for a minha companheira, nem mesmo cogito isso.

-Cameron, você está sozinho há muito tempo. Você ficou fora por um período muito longo e uma companheira serviria para acalmar os ânimos por aqui. - Foi a resposta politica dela.

Claro que ela acreditava que me juntando com uma das filhas dos nossos membros influentes as coisas estariam mais do que perfeitas. Minha mãe nunca foi fã de um estilo devasso e acredita que um líder deve ter sua única companheira. Para o desespero dela, eu nunca achei o meu par.

-Sem chance. Prefiro lutar com todos os que acham que podem me desafiar do que fazer joguinhos.

- E prefere perseguir e fazer joguinhos com uma humana a cortejar as lobas da matilha?

Eu gemi com a acusação verdadeira. Devo ter sido ingênuo de pensar que as conversas não chegariam até minha casa. Morávamos fora da área urbana, com pouco acesso a internet e um raro sinal de celular. Talvez eu fosse o único membro da matilha a possuir um aparelho. Mas mesmo assim as fofocas atravessavam fronteiras.

-A humana não é uma candidata a companheira. - Recitei o óbvio.

- Mas a companhia dela parece mais atrativa para você do que a de alguma das meninas do nosso povo.

-Porque ela não vai me perseguir para conseguir um casamento por conveniência! - Retruquei. - Não teremos mais negociações sobre isso, mãe.

Ela olhou para mim com aquela expressão que só as mulheres sabem fazer quando acham que estão certas sobre algo e retrucou:

-Se você não escolher hoje a noite, eu escolho por você. E como sua mãe, a matilha vai me ouvir.

Claro que ela estava falando sério. Em nenhum momento minha mãe brinca com esse tipo de assunto. Mas agora eu tinha problemas mais importantes para resolver. Como o fato de estarem pedindo entrada no nosso território. Normalmente eu deixaria qualquer um passar se fosse por apenas dois ou três dias, mas nesse caso em especifico eu preferia não ter um dos cães de caça do norte farejando por aqui.

Principalmente quando o lobo era Elliot.

Eu o conheci quando estava no segundo ano da faculdade. Ele era metido a ser o rei do local, sendo o próximo da linha de sucessão de sua matilha. Lá eles levavam muito à serio linhagem sanguínea. Se um lobo desafiasse o alfa e não possuísse uma boa linhagem, a matilha nem mesmo o reconheceria. Devido esse problema, eles preferiam manter as coisas nas linhas de sucessão sanguínea. E Elliot era esse cara. O problema dele era acreditar que governaria todos os lobos, não apenas a matilha dele.

Manter ele fora das minhas terras era minha maneira de dizer que aqui ele não era o alfa, embora soubesse que não o manteria longe por muito tempo sem causar problemas permanentes para os meus.

Quando estava me vestindo para a festa naquela noite acabei decidindo ir da mais uma checada na humana. Volta e meia meu pensamento acabava voltando para ela e eu não pretendia mentir. A garota cheirava como caça.

Em forma de lobo, corri até as proximidades do prédio onde ela morava, mas não havia ninguém que eu pudesse ver em seu apartamento. Com um misto de decepção e curiosidade, acabei voltando para casa. Será que Skylar saia todos os dias para dançar?

Meus contatos haviam me dito sobre ela, que preferia ser deixada sozinha, que gostava de dançar. Dava aulas em um estúdio no centro da cidade. Era sempre vista com uma pantera como companhia, embora não tivesse oficialmente proteção de nenhum dos clãs. Saia com frequência para o continente, onde perdiam seu cheiro tão logo ela saia da barca.

Ninguém encontrou rastro dela antes de vir para a ilha, mas também não fizeram uma busca muito minuciosa tendo em vista que Sky nunca arranjou problemas. Eu aprofundaria mais sobre isso quando tivesse tempo.

Quando desci as escadas naquela noite, não esperava que metade da ilha circulasse dentro da minha casa. Me fazer de anfitrião era um dos papeis que eu mais detestava. Era incrível a quantidade de gente que ia conferir se eu realmente havia voltado. Bem vindo a Selva, diria meu pai.

Não fazia nem meia hora que a dança havia começado nos jardins, mas minha mãe me empurrava para suas pretendentes a futuras noras. Eu as descartava com a mesma facilidade. Menos aquelas que pareciam estar atrás de um pouco de diversão. E isso era tudo o que eu poderia oferecer.

Já estava na sétima entediante dança quando um cheiro familiar me chamou a atenção, e vi surpreso a humana ter coragem de entrar em nossa propriedade de braços dados com a Pantera. Mas o que realmente estranhei não foi isso, e sim o fato de que o cheiro que localizei foi o dele, e não dela.

Naked - Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora