I always needed time on my own
I never thought I'd need you there when I cry
And the days feel like years when I'm alone- When You're Gone; Avril Lavigne
P.O.V Lívia Cooper
Chego na porta de casa e encontro vários carros de polícia, ambulância e várias pessoas com o semblante triste, o que será que aconteceu?
Apresso os meus passos em direção a ela, pessoas me olham solidárias enquanto outras me olham com olhar de acusação. Vejo minha mãe sentada na calçada chorando compulsivamente.
- A culpa é sua.- ela grita furiosa assim que me ver.
- O que aconteceu?- perguntei confusa.
- A culpa é sua.- gritou mais uma vez se levantando e vindo em minha direção.- você tirou todas as pessoas que eu amo da minha vida.- apontou o dedo na minha cara.- você merece morrer, eu te odeio.- gritou com o seu rosto a poucos centímetros do meu.
Comecei a chorar sem saber o que estava acontecendo, por que ela estava falando daquele jeito comigo? Eu sei que ela não me suporta porque eu matei meu irmão mas não sabia que o seu ódio chegava a tanto.
- Calma senhora.- uma socorrista chega tocando no seu ombro.
- O que houve?- perguntei com a voz falha.
- O seu pai se suicidou.- minha mãe fala. Não pode ser verdade, ela deve está louca, meu pai nunca me abandonaria.- Meu marido se matou por sua causa.- me olhou com ódio. Muito ódio.
Só precisei olhar para a socorrista para ter a confirmação. Sinto tudo ao meu redor se desmanchar, caio de joelhos no chão tapando o meu rosto com as mãos, meu choro se intensifica me fazendo ficar sem ar. Meu pai se suicidou por minha causa.
Acordo assustada e percebo que estou chorando. Foi tudo culpa minha, minha mãe está certa, eu destruo tudo que está em minha volta, eu não sirvo para nada, nem sei porquê eu ainda estou nesse mundo só gastando oxigênio.
Me levanto silenciosamente para não acordar a Mia, abro a gaveta do meu criado mudo e tiro de lá minha lâmina nova, comprei ela a pouco tempo, a outra estava começando a ficar enferrujada, mas pensando bem não seria tão ruim morrer de tétano.
Me sento encostando minha costa na porta e levanto a manga do meu pijama do Buzz Lightyear, dessa vez irei revezar o braço, sempre faço no esquerdo, já que os cortes do direito estão cicatrizando irei fazer nele. Posiciono a lâmina no meu pulso e faço o primeiro corte, fecho os olhos e faço o segundo, lágrimas começam a descer pelo meu rosto descontroladamente, mas mesmo assim continuo fazendo o terceiro, faço mais uns cinco cortes e paro deixando a lâmina cair no chão, encaro os cortes profundos e meu coração aperta, chegará um dia em que eu não conseguirei parar e aí será fatal.
Eu preciso parar com isso.
...
- Você não acredita.- fecho a porta com força e vou até a minha querida cadeira branca com a costa reclinável.
- Oi para você também Lívia.- doutora Amy, minha psicóloga, fala irônica.
- Ah, oi, tudo bem?- estico minha mão lhe cumprimentando.
- Sim, não se preocupe, não serei insensível perguntando "e você?",
aliás nem adianta, você sempre mente.- pegou o seu bloco de nota e colocou seu óculos de grau.- agora pode falar o que queria.- Ela me colocou num internato.- coloquei a costa da cadeira para trás me deitando.
- Sério?- perguntou surpresa arregalando os olhos.- desde quando?
- Foi menina, faz três dias, desculpa não tive tempo de vim aqui te contar.- comecei a roer a unha do dedo mindinho.
- Você não vem a semanas, resolveu me esquecer né?- fez drama.
- Nem vem, a psicóloga aqui é você.- parei de roer a unha.
- Ok, mas como você se sente em relação a isso?- começou a escrever no seu bloco de notas. Odeio quando ela não me dá atenção.
- Bem, triste e feliz ao mesmo tempo.- encarei o teto.- triste por saber que ela já nem aguentava minha presença preferindo pagar um colégio interno, e feliz porque não precisarei escutar mais os seus insultos diários e nem conviver naquela casa que só me lembra do meu irmão e meu pai.- minha mente é tão confusa que às vezes eu tenho vontade de rir dela.
- E como está sua adaptação no colégio?- perguntou ainda não me encarando.
- Até agora tudo está correndo bem, eu fiz uma amiga.- falei como se não tivesse importância mesmo sabendo que isso pode mudar tudo.
- Sério?- perguntou admirada.- ótimo, finalmente seguiu o meu conselho, fazer novos amigos é sempre bom, ter alguém com quem se divertir e desabafar nos momentos difíceis.- deu um sorriso de aprovação.- me fale mais sobre essa sua nova amiga.
- O nome dela é Mia, é uma garota bem legal, um pouco exagerada e materialista mas é bem divertida e me faz rir.- na verdade a Mia está sendo uma das poucas pessoas que conseguem arrancar um sorriso meu.
- Isso é ótimo Lívia, você está conseguindo seguir com a sua vida, quem sabe esse colégio não tenha chegado numa boa hora, se você se esforçar pode até conseguir mais amigos.- o seu sorriso foi substituído por uma cara séria. Já sei do que ela vai falar.- e a automutilação, quando foi a última vez que você se cortou?
- Bem...- soltei um suspiro.- hoje.- falei baixo mas sei que ela escutou.
- Por que?- parou de anotar e me encarou séria. A psicóloga Amy foi substituída pela mamãe Amy.
- Eu sonhei com o dia em que meu se suicidou.- agora ela que suspirou.- a culpa é minha Amy, eu matei o meu irmão por isso o meu pai ficou deprimido e se matou.- levei minhas mãos ao rosto.
- A culpa não é sua Liv, você não matou o Diego, foi um acidente, você era muito jovem e estava bêbada, não podia responder pelo os seus atos, sendo assim, você não tem culpa de nada.- balancei a cabeça negativamente.
- Isso foi o que a polícia falou para me confortar, eu tenho culpa sim, mas nada disso adianta, eles morreram e eu nunca mais os verei...- ela me interrompeu.
- Não Liv, eles sempre estarão vivos no seu coração e na sua memória, às vezes as coisas acontecem com algum propósito e nós vamos descobrir o seu.- falou com a voz doce.
Uns dois meses depois da morte do meu irmão eu procurei uma psicóloga por conta própria, a ideia principal era pagar ela com minha mesada, foi aí que eu encontrei a Amy, uma mulher de meia idade com o cabelo loiro curto, de começo você pode ter uma impressão que ela seja chata e ranzinza, mas se conhecê-la melhor irá lhe adorar, até agora ela é a única que consegue me entender.
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Oi coalas, tudo bom com vocês?
Esse capítulo é para vocês entenderem o que aconteceu com o pai da Liv, e esse é um dos motivos dela se mutilar (falando assim até parece 13 reasons why *escrevi certo?*)
Gostaram da Amy? Ela irá aparecer várias vezes nesse livro obviamente já que ela é a psicóloga da Liv.
Agora é para as meninas que se mutilam. Eu sei que nem todo mundo tem como ter uma Amy na vida, então se você se corta, tem pensamentos suicidas, não exite em me chamar no privado, já passei por isso e sei como é ruim não ter com quem desabafar, saibam que podem encontrar em mim uma amiga ♥
Até amanhã, bjundas para vocês ;*
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Uma Louca No Internato
Teen FictionLívia Cooper sempre foi uma adolescente normal, aos 17 anos ela deveria está vivendo como todos os jovens da sua idade, mas uma tragédia interrompe sua juventude. •Plágio é crime. Crime de Violação aos Direitos Autorais no Art. 184 - Código Penal, q...