3 1 || s c h i z o p h r e n i c

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I lay in bed
Can't seem to leave your side
Your pillow's wet from all these tears I've cried
I won't say goodbye
I tried to smile today then I realised there's no point anyway

- These Four Walls; Little Mix

P.O.V Lívia Cooper

Já falei o quanto é chato estar em um hospital? Então irei falar, estar em um hospital é chato para caramba, mas não é como algo que podemos controlar, podemos vim ao hospital por qualquer motivo, por uma gripe, uma diarreia, febre ou até algo mais graves como doenças igual o câncer.

Mas eu poderia ter evitado está aqui, se naquela mesma manhã em que eu comecei a correr para o meu quarto com o pensamento suicida tivesse pensado duas vezes antes de passar aquela lâmina pelo meu pulso teria poupado muito sofrimento e muito tédio. Toda ação tem uma reação e a minha foi bem difícil.

- Olá Lívia, como é bom saber que você nem pensou em falar com sua psicóloga antes de tentar se suicidar.- Amy apareceu na porta com aquela sua pose arrogante que eu tanto amo.

- Não jogue isso na minha cara, não aguento mais as pessoas falarem isso toda as vezes que me vêem.- revirei os olhos.

- Irei relevar só porque você está deitada numa cama de hospital, e isso já é um castigo suficiente.- caminhou até dentro do quarto se sentando na poltrona com toda aquela sua postura.- Não pense que eu irei fazer sua sessão aqui, você não me pagou esse mês.

- Ué, para que eu iria pagar se nem estava indo no consultório?- franzi o cenho.

- Talvez se você tivesse feito sua terapia da maneira certa, sem faltar nenhuma sessão não estaríamos aqui.- sorriu como se fosse uma sabe tudo.

- Não trabalho com "talvez" doutora Amy.- sorri forçado.

- Você é péssima sendo falsa Lívia, por favor, para.- revirou os olhos.- Agora falando como um ser humano...- lhe interrompo.

- Você é um ser humano?- fingi está chocada.- Achei que fosse um ET estudando as mentes humanas.

- Não me interrompa, isso é ridículo.- falou rígida.- Voltando ao assunto anterior...- deu uma pausa.- Falando como ser humano e não como sua psicóloga que está com o salário atrasado, por que você tentou se suicidar?- olhou para mim através do seu óculos de grau.

Então eu contei tudo, é como se ela tivesse algum tipo de poder sobre minha mente, era só um olhar que eu já estava contando tudo sobre minha vida, demorou bastante tempo suponho, mas falei tudo que aconteceu desde a última vez que fui no seu consultório, até por fim chegar na grande mentira da minha mãe que me levou ao desespero, quando terminei tudo senti minha garganta seca, acho que gastei bastante saliva contando minha vida para a pessoa mais arrogante que você terá o prazer de conhecer.

- Interessante, então quer dizer que você anda falando com fantasmas?- cruzou as pernas me olhando atentamente.

- Sim, tudo parecia tão real.- falei me lembrando daquele dia que meu irmão simplesmente apareceu no meu quarto falando mil e uma coisa.

- Você deve saber que eu sou atéia né, e que não acredito em vida após a morte, mas a psicologia tem uma resposta para isso, então podemos supor que você seja esquizofrênica.- falou com clareza.

- Como assim esquizofrênica?- perguntei confusa.

- A esquizofrenia é um distúrbio que afeta a capacidade da pessoa de pensar, sentir e se comportar com clareza, como por exemplo, achar que algo que sua mente inventou é real.- fiz uma cara de quem estava compreendendo.

- Ah, como por exemplo a aparição do meu irmão, talvez ela não seja real.- segui sua linha de raciocínio.

- Sim, você imagina que seu irmão falaria tudo aquilo que ele te falou, as coisas que ele disse sobre as pessoas que rodeiam sua vida é apenas a sua opinião sobre elas que você não tem coragem de dizer a si mesma, então inventou um personagem para te dizer porque assim você poderia lhe contrariar.- explicou calmamente.

- Mas eu não acho que seja esquizofrênica, quer dizer... É impossível né.- tentei defender minha sanidade mental.

- Você já assistiu aquele filme brasileiro Loucas Para Casar?- assenti.- A personagem principal imagina outras duas, na sua cabeça aquelas duas são amantes do seu namorado mas na verdade são suas personalidades, na sua cabeça tudo aquilo é real, os objetos se movendo, as fotos, viagens, fatos, enfim, o caso da personagem do filme é bem parecido com você.

- Mas tipo, como você pode ter tanta certeza?- perguntei interessada no assunto.

- Todos os sinais estão piscando na minha frente, é tão óbvio.- falou com certeza.

- Mas eu prefiro não pensar nisso agora.- balancei a cabeça negativamente.

Eu já tenho tantos problemas que prefiro viver a vida toda negando algum problema mental, eu já assisti alguns filmes que alguns personagens são esquizofrênicos e eles sofriam bastante, não quero passar por isso, eu escolho viver minha vida inteira em negação.

...

O quarto estava no maior tédio, já falei o quanto eu odeio hospitais? Então, eu odeio hospitais, por um segundo me arrependi de ter mandado o Gus embora, mas esse arrependimento passou logo após de eu me lembrar que ele poderia ser prejudicado na escola.

A porta do quarto se abre e a última pessoa que eu queria ver na vida entrou, minha mãe. O ser humano que mentiu para ver sua própria filha dentro de um caixão, a mesma que me humilhou por todos esses anos, o monstro que me carregou por nove meses e hoje em dia me despreza. Mamãe.

- Parece que alguém está provando do próprio do veneno.- sorriu com escárnio.

- O que você faz aqui?- senti ódio sair com minhas palavras.

- Quando uma pessoa de menor tenta se suicidar o responsável por ela é o primeiro a ser avisado.- entrou no quarto como se tivesse passando por uma passarela.- Mas eu tinha coisas mais importantes para fazer do que ver você afundada na própria lama.

- Por que você mentiu para mim?- ela fingiu não saber do que eu estava falando.- Eu sei que o processo não foi reaberto.

- Ah, então você tentou se matar por que estava com medo de ser presa?- gargalhou exageradamente alto como se tivesse acabado de escutar uma grande piada.- Você não sabe brincar filhinha.

- Quer saber, vai se fuder Laura.- ela fez uma cara de ofendida.- Saí do meu quarto agora...

- Mas eu que estou pagando.- deu aquele sorriso demoníaco.

- Saí do meu quarto agora.- gritei.

Ela permaneceu com aquele sorriso, talvez feliz por saber que conseguiu mais uma vez me tirar dos eixos, ajeitou sua bolsa no ombro e se virou indo embora. Eu odeio o fato dela ter tanto controle sobre minhas emoções, não faz nem dois minutos que ela chegou e os pensamentos suicidas voltaram com todo gás para minha cabeça, mas eu não vou deixá-la fazer isso, ela não vai fuder com minha vida mais uma vez.

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Oi coalas, tudo bom com vocês?

Eu já expliquei sobre os lance da quinta e sexta né? Se eu postar na quinta não postarei na sexta, assim vice versa, por causa do projeto da escola que eu participo.

Até amanhã, bjundas para vocês ;*

Uma Louca No InternatoOnde histórias criam vida. Descubra agora