C A P Í T U L O 23

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     Não…

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     Não

     Ela lembra-se de seu pavor.

     Está sem fôlego…

     Mas contínua!

     Corre desesperadamente pela densa floresta escura. Os galhos das árvores cortam-lhe e rasgam suas vestimentas. Seus músculos doem. Mas não para. Está cansada e ofegante. Escuta rugidos atrás de si, mas não atreve-se a olhar.

     Fica perdidas em pensamentos enquanto corre. Não importa o fôlego, só queria correr. Mas não conseguia deixar de perguntar-se; Por quê?

     Desde a adolescência sempre perguntava-se; Para onde realmente vão as almas após a morte? Qual o segredo escondido por trás da vida? Qual o seu propósito?

     Katharyna tropeça em uma raiz. A dor no tornozelo arranca um grito de sua garganta quando vai ao chão. Além de torcer-lo, cortou. O sangue escorrega pela carne branca e frágil e o cheiro vaga pela floresta até às narinas da fera.

     Qual o desconhecido que aguardava-lhe após sua morte? Sempre perguntava-se.

     Pergunta-se em seus devaneios. E como sempre, acordou sobre as imagens dos dentes afiados e ferozes de um grande fera pulando para abocanhá-la.

     Um dia havia se passado desde que quebrou o nariz ao afrontar o Alpha. Katharyna só conseguia respirar pela boca. Sentia dor e sangue não deixava de escorrer pelas aberturas.

     As cirandeiras foram logo direcionada até a humana. Já sabiam do ocorrido e essa foi a resposta da mais nova entre as trigêmeas. "Culpa sua".

— Não achei que ele fosse fazer algo… — Murmurou a humana.

     Ela tentou bater no Alpha. Ele não fez nada. Sempre pareceu não se importar. Ela gritou e tudo que ele disse foi "não sou surdo, Katharyna".

     Ela é predestinada a ele. E apanhou por isso. Estava com raiva, furiosa na verdade. Mas o que poderia esperar de um homem?

     Mesmo ali, onde dizem prezar pela igualdade, são hipócritas superiores. Escravistas arrogantes. E Katharyna odeia o líder.

— O que você esperava, Katharyna? — 乇hęnzh perguntou. — Que ele te premiasse por insultá-lo? O que recebeu foi pouco.

— Pouco? Quase perdi meu nariz! Meu rosto está deformado e minha cabeça parece que vai explodir!

— Ele deveria ter quebrado sua mandíbula, no mínimo. — Sልtth, a matriarca, disse. — E mesmo assim, seria pouco.

     Katharyna encara a mulher. Ela amassava uma seiva de árvore juntamente com algumas ervas para ajudar na recuperação do nariz da humana que mais mostra-se um incômodo. E para piorar, ela acredita estar certa. Sልtth simplesmente esquece da presença ignorante dela.

— Katharyna, você foi criada por humanos. Deveria esperar uma reação dessas vindo dele. — Disse a caçula.

— Mas vocês são lobisomens. Minha avó disse que respeitam as mulheres, mas pelo visto, são uma sociedade hipócrita!

— Não nos compare, humana insolente! — Sልtth levanta-se da cadeira. — Você é fraca, inútil, desprezível e já que sabe sobre nós, também é ignorante. Ninguém vai te impedir de fazer nada por ser mulher mas se tem a coragem de afrontar alguém que mais poderoso então não seja uma vadia covarde e encare as consequências!

     Ao fechar os punhos e suspira antes de voltar a cadeira e pegar o frasco que mexia. Ela entrega a 乇hęnzh e, em seguida, acrescenta.

— Não sou obrigada a perder meu tempo com uma criatura tão patética! — E assim, ela deixa o quarto. Não mais cuidaria da humana.

— Ela está certa. — Eäæll se manifestou. — Katharyna, os homens nos respeitam porque respeitamos eles. Mas não há privilégio algum. Você tem sorte de ter apenas um nariz quebrado. Outros já tiveram a mandíbula arrancada por muito menos.

— Não acho que bater em uma mulher seja respeitoso. Estava nervosa e fui errada. Mas ele também. — Disse. E logo, com culpa, encolheu os ombros. — Eu sou mulher e ele um homem. É mais forte. Foi errado… Nós dois fomos.

— Não tente igualar a situação. Você estava errada e ele certo. — 乇hęnzh disse. — Gênero não define força alguma. Você é fraca e afrontou alguém poderoso. Se fossem homem ou mulher, a reação seria a mesma.

     Para lhycans, é ridículo o fato de um homem ter que conter-se por lidar com uma mulher. Entre os povos, há aqueles que acrescentaria o argumento de ela ser biologicamente mais fraca. De não ser atitude de homem.

     Mas essas mesmas pessoas, nada iriam falar se a situação fosse entre dois homens. Um mais fraco e um mais forte. O fraco afrontou e foi devidamente colocado no lugar. Achariam certo. A mesma situação se fossem entre duas mulheres. Uma mais submissa e uma dominante que teve a mesma reação ao ser insultada.

     Mas por ser um homem e uma mulher, eles colocam obrigações. Definem uma força por gênero. Ser mulher e homem traz enorme diferença e milhares de complicações em volta de um assunto extremamente simples; um fraco afrontou alguém poderoso e sofreu as consequências desse ato.

     Katharyna, como humana, deveria ter essa noção de perigo. Como uma raposa fêmea enfrentando um lobo macho. A superioridade de espécie, força e hierarquia faria a raposa ser morta por sua ousadia. E a culpa é unicamente dela por esquecer seu lugar na cadeira alimentar e por esquecer que é simplesmente mais fraca.

     Gênero não tem nada a ver com o ocorrido. É nojento definir o tratamento de uma mulher apenas por ser mulher. É ridículo definir sua força. Normalmente, são mais fracas e submissas devido ao seu estilo de vida. Mas se forem defina-las por isso… Se essa é sua função, esqueceram de avisar a Fênix de Gelo de que não é seu dever como mulher matar poderosos homens de poderes Titânicos. Não é adequado os anjos da noite serem mais letais que os homens. Feiticeiras não deveriam ser mais poderosas que feiticeiros e a grande deusa Lua não deveria ser mulher.Esqueceram de avisar a grande Zhrydä Ådamhs que liderança Alpha é para os homens e que ela estava errada quando quase derrotou um dos lobisomens mais lendários existente.

     Não se pode subestimar uma mulher. Não se pode subestimar um homem. Força alguma é definida por gênero.

      E, por tanto, para os lhycans, uma punição não será mais leve apenas por alguém ter um pênis ou uma vagina entre as pernas.

     O Alpha é um poderoso Supremo. Lutou em guerras e milhares morreram por suas garras. Poderosas criaturas levantam-se contra ele e perderam. Arrancou a língua de um homem apenas por ameaçar dizer as mesmas palavras que Katharyna proferiu contra ele.

     Mas a humana é sua predestinada e ele não a quer morta. Uma leve bofetada para ele é algo grotesco para ela. Foi escolha dele ser gentil. Mas o adequado seria a morte de Katharyna visto a força de quem exatamente ela decidiu afrontar.

     Mas sua mente ainda precisa de conhecimento para aceitar isso. É ignorante por recusar aceitar a verdade e, por isso, é uma indigna. Sልtth tem o direito de recusar cuidar de uma mulher como Katharyna.

     Contudo, suas irmãs ficaram. E assim, a caçula disse.

— Até a próxima lua cheia você estará bem. Não faça muito esforço e amenos que queria morrer, pare de arrumar confusão. — Será que Katharyna conseguiria?

Escravizada pelo Alpha - A ProfeciaOnde histórias criam vida. Descubra agora