C A P Í T U L O 49

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     Mágoa

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     Mágoa. Aquela estranha sensação no peito de ser insignificante. De não precisarem de você é apenas usarem-na. É isso que povoa a mente e o coração de Katharyna Demerttel.

     Seu peito de fecha e seus olhos lacrimejam. O ardor na garganta é aguda. A sensação de ser pisoteada. Do mundo sempre estar contra você é então você encontra uma pessoa cujo sentimento extrapola as palavras. Você confia, seu sorriso passa a ser sincero e você tem a sensação do mundo não ser tão ruim, afinal. Você tem essa pessoa. Faria qualquer coisa por ela.

     Mas essa pessoa não tem apenas você…

     Você tem apenas ela. Mas ela não tem apenas você. Essa pessoa fala que você é única, que existe um laço único que compartilham. Mas você hesita pois sabe que, por mais que você dependa dela, que praticamente idolatre esse alguém, ela não depende inteiramente de você. Não tem apenas você.

     É esse sentimento dói. A faz ter a sensação de ser insignificante. Que você está sendo trocada, deixada ou esquecida. Mais uma novidade que foi passada.

      Aurora… Katharyna o viu com outra. Cheia de beleza, glamour e sedução. Cheia de novidades, dotes e encanto. Alguém, de alguma forma, superior a ela que parece nunca evoluir.

     Sempre a mesma. Sempre deixada para trás…

     Sempre uma escrava de si própria. É agora, escrava dele…

     A dor na alma chega a ser dor física. O peito dói e a respiração arde. Chega a um ponto em que você não sabe explicar com palavras porque está tão magoada. Era esperado, afinal. Mas ainda sim dói.

     E a onda vem. Primeiro sua visão embaçar e você sente as lágrimas. Depois se vê em uma linha fina sobre desabar ou permanecer estável. Mas apenas em lembrar do quão mal devem ser, no momento, os pensamentos alheios em relação a você que suas estruturas caem. Katharynna desaba em lágrimas.

     Se o ocorrido chegar a ouvidos alheios como os de sua avó, de suas amigas e de todo o mundo, ela quase podia ouvi-los falando de si.

     “Infantil” por chorar. Por fugir e querer desaparecer.

     “Mimada” por se magoar e agir por impulso. Por dizer as palavras erradas e receber o merecido.

      “Iludida” por confiar. Por acreditar e estar certa de que encontrou a pessoa que preenche corretamente o buraco em seu peito. Aquela com quem você é tão diferente mas tão parecido. Sua metade.

      Mas essa pessoa também tem uma vida. Nunca que Katharyna pediria para ser a única em sua vida e para esquecer todos os demais. Seria hipocrisia. Mas nessa vida, talvez não seja tão única quanto acreditou.

      Apenas momentâneo. Se é… um dia vai passar, não é? Tem que passar… essa dor, essa mágoa… tem… precisa passar.

     E assim seguiram os dias. Era obrigada a conviver no mesmo ambiente que ele. Mas não tinha força e nem coragem para encará-lo. Cabeça abaixada, submissa, obediente e só.

Escravizada pelo Alpha - A ProfeciaOnde histórias criam vida. Descubra agora