Capítulo 1

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O despertador tocou, arrancando-me bruscamente de meu sono. Havia mais um dia inteiro pela frente.

Levantei e troquei de roupa rapidamente, vestindo uma calça jeans, camiseta preta, jaqueta jeans e meus velhos all stars. Fui ao banheiro escovar os dentes e corri até a cozinha para preparar o café. Indo para a cozinha, passei em frente ao quarto da minha mãe e espiei. Dormia como um anjo. Sorri, um pouco aliviada. As últimas noites haviam sido difíceis para ela, e vê-la dormindo foi um bom sinal.

Tomei meu café e peguei minha mochila rápido, para não perder o ônibus. Embora não estivesse com a mínima vontade de ir para a escola, sabia que não podia perder aula.

A manhã arrastou-se lenta. As mesmas aulas entediantes de sempre, com os mesmos professores chatos e os mesmos alunos idiotas. Acho que dá pra notar que ali não era bem meu lugar preferido. Apesar de ter Sofia e Charlie, meus amigos, sempre comigo, meus maiores companheiros ali eram quase sempre meus livros de suspense e meu caderno de desenho, não porque eu fosse estranha ou excluída, mas porque não tinha muita paciência para as pessoas de lá.

Após a aula, peguei o ônibus e entrei na Loja de Conveniência do bairro, onde eu trabalhava. Uma venda de esquina onde você podia encontrar desde doces e temperos, até bonés colecionáveis de 1980.

Coloquei minha mochila sob o balcão e peguei meu avental, mas fui interrompida antes de colocá-lo.

— Não se dê ao trabalho. – Ouvi.

Virei-me e encontrei Ed, meu chefe, com o olhar caído.

— Como assim? – Perguntei, confusa.

— Criança... – Era como ele me chamava – A loja está cheia de dívidas. Estou cortando tudo o que posso, e funcionários são a primeira coisa. Sinto muito.

— M-mas Ed... Eu... Eu preciso desse emprego! – Exclamei, com um nó na garganta.

— Sinto muito, criança. – Ele murmurou, abalado.

Sem dizer mais nada, peguei minha mochila, assenti com a cabeça e fui embora. Estava inconsolável.

No caminho de volta para casa, fiquei pensando em como iria fazer agora que havia perdido o emprego. Eu não podia ficar parada. Minha mãe dependia de mim.

Abri a porta e encontrei minha mãe conversando com um homem. E ele não me era estranho.

— Filha, você chegou cedo.

— Longa história...

— Esse é o Tony Stark.

O homem se levantou e me estendeu a mão, a qual apertei com desconfiança.

— Olá Helena. Sua mãe falou muito bem de você.

— Parece que eu era o assunto por aqui, não é mesmo?

— Ele é uma pessoa influente. Tem uma empresa, e tem uma ótima notícia pra você!

Tony Stark, o Homem de Ferro. É claro! Não sei como não o reconheci de primeira, já que ele estava sempre na mídia. Talvez fosse o nervosismo por ter perdido o emprego.

Minha mãe parecia entusiasmada, e se eu não estivesse feliz por vê-la dessa maneira, ficaria preocupada.

— Ele conseguiu um estágio pra você na empresa. É um emprego bem melhor que a venda, e tem muito mais benefícios!

Olhei para ele, sem reação. A situação realmente perfeita me pegou de surpresa.

— Isso... Isso é incrível! Muito obrigada, Sr. Stark! – Consegui dizer.

— Você começa amanhã.

Assenti com a cabeça. Pedi licença e fui para o meu quarto, enquanto Stark e minha mãe continuavam conversando. De onde será que se conheciam?

Já em meu quarto, deitei e coloquei meus fones. Queria apenas um pouco de sossego depois desse longo e turbulento dia. Estava quase dormindo, quando senti alguém tocar meu ombro. Abri os olhos rapidamente, encontrando minha mãe sentada ao meu lado. Tirei os fones.

— E então? Está feliz? – Perguntou ela, sorridente.

— Demais! Você é incrível! Obrigada mãe. Mas... De onde você conhece o Sr. Stark?

— É um amigo da minha juventude. Já arrumou o que precisa para amanhã?

— Ainda não. Quer me ajudar?

— Claro.

Para que não fizesse muito esforço, ela ia me dizendo o que pegar, e eu ia organizando.

— Você precisa falar com o Ed. Avisar que vai sair da venda. – Disse ela.

— Não vai ser necessário.

— Como não?

— Perdi meu emprego hoje. Por isso voltei mais cedo.

— Como assim perdeu?

— A venda está cheia de dívidas, e o Ed resolveu cortar os funcionários pra economizar.

— Parece que o estágio veio em boa hora.

Sorri. Era verdade.

Terminei de arrumar o que precisava, deixando tudo pronto para o dia seguinte. O dia em que tudo iria mudar.

I (don't) Need a Hero!Onde histórias criam vida. Descubra agora