Capítulo 72

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Tony olhou para mim, furioso, e olhou para Peter. Estávamos apavorados, e sua falta de reação me deixava ainda mais nervosa. Ele estava vermelho, a veia na testa mais saltada que nunca. Tony cerrou os punhos e eu podia jurar que ele iria bater em Peter.

Ele pegou Peter pelo braço, pegou o traje de Homem-Aranha e disse, apontando o dedo para mim:

— Põe uma roupa! Põe uma roupa agora!

Em seguida, saiu arrastando Peter porta afora, que me lançou um olhar de desespero antes de sumir de minha visão.

Vesti minhas roupas o mais rápido que pude, já chorando. Se minha situação com Tony antes já estava feia, agora ele iria me matar. Desci as escadas correndo e já no meio do caminho pude ouvir Tony brigando com Peter.

— Eu dei tudo pra você! Tirei você de vários problemas e te dei uma oportunidade que qualquer garoto poderia querer! Eu te fiz um herói e confiei em você, Peter! E você me agradece transando com a minha filha?

— Sr. Stark eu não...

— CALADO! – Tony gritou, impedindo-o de falar.

— Tony, por favor me escuta! – Falei, correndo até ele.

— Não! Quem vai escutar agora são vocês dois! O que pensam que estavam fazendo? Eu dou as costas um minuto e é assim que vocês agem? Vocês tem noção do que poderia ter acontecido se eu não tivesse entrado naquele quarto?

— Sr. Stark se o senhor deixar eu explic...

— Não, Peter. Você não vai explicar nada. Pode esquecer isso aqui! – Esbravejou ele, mostrando o traje de Homem-Aranha de Peter.

Peter abriu a boca para falar, mas calou-se.

— Tony, não! – Falei, engasgada com a vontade de chorar – A culpa não foi dele!

— Não interessa de quem foi a culpa! Já que é tão homem, Peter, aprenda a lidar com as consequências dos seus atos. – Tony soltou, seco.

— Quê? Sr. Stark, não faz isso, por favor!

— O que está acontecendo aqui? – Perguntou Pepper, confusa, enquanto vinha da cozinha. Ao ver Peter de cueca, enrubesceu e ficou visivelmente sem jeito. Olhou para Tony, esperando uma explicação.

— Aconteceu, Pepper, que eu peguei o garoto no quarto com a Helena! Eu moro há quilômetros de distância da cidade pra não receber visitas indesejadas e ainda sou obrigado a encontrar essa cena dentro da minha casa!

— Tony, por favor, ele não... – Tentei novamente.

— Quieta, Helena! – Exclamou Tony.

— Não! Eu não vou ficar quieta! O Peter não tem culpa e...

— Tudo bem. – Peter interrompeu-me.

Olhamos todos para ele, que estava sério, os olhos embargados.

— Eu amo a Helena, Sr. Stark. E eu sei que errei vindo escondido no quarto dela sem a sua permissão. Sei que não deveria ter sequer tocado nela sem falar com o senhor primeiro. Mas embora seja difícil de acreditar depois do que o senhor viu, não aconteceu nada. Não brigue com ela, ela é a que menos tem culpa nessa história toda. E se o preço por amar a Helena e ver ela bem é perder meu traje e tudo o que ele me proporciona... Tudo bem. Só por favor, não me peça pra ficar longe dela, Sr. Stark. – Disse ele, com uma lágrima escorrendo por sua bochecha.

— Peter, não! Você não pode fazer isso! Ser o Homem-Aranha é o que você mais ama!

— Eu achava que sim, mas depois de tudo o que eu passei, eu sei que você é mais importante.

Olhei para ele com os olhos marejados. Ele não podia desistir disso por mim. Eu jamais me perdoaria.

— Você quebrou minha confiança, garoto. Eu não vou permitir que você se aproxime da Helena de novo. – Disse Tony, e em seguida apontou para a porta – Fora.

— Sr. Stark eu…

— EU DISSE FORA!

— Tony, por favor. O garoto está sem roupa. – Interveio Pepper, tentando ajudar.

— Isso não é problema meu. Não parecia ser um problema quando cheguei no quarto. – Respondeu Tony, ríspido.

Peter estava visivelmente sem chão. Não obtia reação. Olhava para Tony com lágrimas nos olhos, o nariz vermelho de choro.

— Tá esperando o quê? Acha que vai me fazer sentir dó de você olhando pra mim assim?

— Sr. Stark… Eu…

— Que parte do “fora” não ficou clara?

Peter calou-se no mesmo instante. Engoliu em seco e, já sem insistir, virou as costas e foi em direção à porta, seminu, com o rosto vermelho e lágrimas escorrendo pelas bochechas.

Antes que Peter saísse, segurei-o pelo braço e disse para Tony, desafiando-o:

— Eu não vou deixar ele sair assim.

Tony franziu o cenho, incrédulo:

— Você não vai deixar? É melhor você abaixar essa bola, Helena, porque a minha paciência com você e essa sua mania de autoridade já esgotou!

— Tá, pode brigar comigo por isso depois. – Falei – Mas eu não posso deixar que você faça isso! Seja racional!

— Racional? Vou ser bem racional quando contar pra May o que o sobrinho dela anda fazendo.

— Será que dá pra parar? Você está agindo como se nunca tivesse feito nada parecido! Pelo amor de Deus! Acha mesmo que tem moral? Tony, eu passei dezesseis anos sem um pai, porque você tava tão ocupado vivendo sua vida egoísta e se preocupando só com você mesmo, que demorou dezesseis anos pra descobrir que tinha uma filha e “lidar com as consequências dos seus atos”! – Exclamei, as palavras rolando como pedras.

Tony parou. Olhou para mim no mais cortante e frio silêncio. Suas mãos começaram a tremer novamente.

I (don't) Need a Hero!Onde histórias criam vida. Descubra agora