Capítulo 77

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Tony pegou seu celular e ligou para Peter. Colocou no viva voz e fez um sinal para que fizéssemos silêncio. Pressionei uma almofada contra o rosto para não rir.

— A-alô? Sr. Stark? – Peter atendeu, já visivelmente nervoso.

— Peter, eu quero que vá até a empresa na segunda-feira para terminarmos de conversar. Esteja lá às três.

— Ah… Tudo bem. Eu vou estar lá.

— Você não está falando com a Helena, está?

— Ahn… N-não. Não estou. – Ele gaguejou.

— Ótimo. Não quero que ela saiba dessa conversa.

— Sim, senhor.

Tony desligou e respirou fundo.

— Ainda não acredito que vou fazer isso. – Declarou ele.

Sorri. Pepper pousou a mão sobre o ombro de Tony e disse:

— Você está fazendo a coisa certa. Sabe disso, não sabe?

— É. Acho que sim.

— Peter é um bom garoto, Tony.

— Espero que continue sendo. – Ele olhou para mim, e me fiz de desentendida.

— Tenho certeza que sim. – Sorriu Pepper, tranquilizando-o.

Eu bem sabia que o problema maior não seria Peter, mas eu mesma. Estava cada dia mais difícil esconder meu desejo pelo garoto. Embora Peter fosse doce e até mesmo um pouco tímido, se eu começasse algo e o instigasse, nós provavelmente perderíamos o controle.

Afastei esse pensamento da mente e foquei em curtir o momento com minha família.

Era bom dizer isso. Minha família. Era muito bom ter um pai como Tony, que ainda que fosse cabeça dura, mandão e superprotetor, me amava e se esforçava para me ver feliz. E era bom também ter uma madrasta como Pepper, doce e sempre disposta a me ajudar e me confortar.

Embora eu amasse Pepper e tivesse a certeza de ela fora a melhor escolha que Tony poderia fazer nesse momento, não havia como negar que o que eu mais queria era ter minha mãe comigo. Ter os dois juntos. Talvez fosse um pouco egoísta de minha parte, mas eu queria muito poder desfrutar do amor dos dois.

Tentando não pensar muito nisso, foquei em passar a tarde com Tony e Pepper. Agora que estávamos todos juntos sem climão ou correria, ambos mostraram-se atenciosos e perguntaram várias coisas sobre mim e sobre minha vida. Normalmente eu acharia muita falta de privacidade e bom senso, mas sou obrigada a admitir que era bom ver que eles se importavam, que estavam interessados em saber, assim como minha mãe sempre esteve. Era bom ver que eu não havia perdido isso.

Perguntaram sobre meus amigos, sobre o colégio, o antigo emprego na venda do Ed, e diversos assuntos. Pareceu até uma entrevista. Falei sobre Charlie e Sofia, sobre minha visível falta de paciência com as pessoas do colégio e com os professores, sobre gostar de química e artes (e odiar filosofia). Tony e Pepper contaram sobre si também.

Sobre Tony, nada que eu não esperasse. Rico, inteligentíssimo, incompreendido, pegador… Quem não conhece a história do gênio, bilionário, playboy e filantropo Tony Stark, afinal?

A tarde foi agradável e passou rápido. Pepper perguntou a respeito do jantar e então me dei conta de que já passava das 18h.

— O que vamos jantar? – Perguntou ela.

— Pizza. – Respondeu Tony.

— Você já almoçou fast food hoje. Não pode comer só porcaria.

— Helena também quer pizza, não quer? Olha a cara dela de quem quer pizza. – Disse ele, olhando para mim.

Dei de ombros, rindo. Pepper riu e acabou cedendo:

— Ok, tá certo. Acho que o dia pede.

Fui tomar banho e vestir algo confortável. Uma calça moletom, camiseta larga e pantufas caíram bem.

Durante o jantar, conheci um lado de Tony que nunca havia sido muito explorado por mim, e que eu simplesmente amei: o lado zoeiro. Estávamos conversando a respeito dos Vingadores, sobre como muitas vezes se estranhavam no meio de uma batalha e a confusão que tudo virava.

— Todos no meio de uma reunião, o mundo caindo na nossa cabeça, e quando eu reclamei porque tudo estava dando errado, vem o Steve com aquele jeito antiquado dele e diz: “Olha a língua”. – Disse Tony, imitando Steve.

— Ah, não acredito! Você imita certinho! HAHAHAHA! – Exclamei, rindo.

— Eu juro que não entendo como ninguém fala nada. – Ele continuou.

— Você deve lembrar que há 70 anos as coisas eram diferentes, não é? – Disse Pepper.

— Já faz um tempinho que ele saiu do século 20, Pep. Se a cada vez que eu falar um palavrão ele me repreender, é só o que ele vai fazer da vida.

— É engraçado o jeito do Happy, também. – Comentei.

— O Happy é um cara gente boa, mas se ele soubesse o quanto eu zoo ele pelas costas.

— Você é mau. – Ri.

— Eu sei. O Happy me dá bons motivos pra rir, mas ninguém, em hipótese alguma, supera o Peter.

— Ei! – Exclamei.

— “Sr. Stark! Sr. Stark, o senhor não vai acreditar no que aconteceu! Tinha um cara armado e aí ele tentou atirar em mim, mas eu desviei, né, eu sou o Homem Aranha.” – Ele imitou, exatamente com a mesma afobação de Peter quando fica nervoso.

— Não é assim, não. – Tentei defender, embora quisesse muito rir.

— Ah, não? Até a Pepper sabe que é exatamente assim.

— Desculpa, Helena, mas é assim mesmo que ele fala! Hahahaha! – Riu Pepper.

Não conseguindo mais segurar, comecei a rir também e admiti:

— Ok, ok! Talvez pareça um pouco com o jeito que ele fala.

— Por falar em Peter – Começou Tony – Nada de ficar ouvindo atrás da porta quando eu for conversar com ele, mocinha.

Revirei os olhos e respondi, num meio sorriso:

— Tá legal.

I (don't) Need a Hero!Onde histórias criam vida. Descubra agora