Capítulo 75

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Tony olhava em meus olhos, uma expressão vazia em seu rosto. Sem saber mais o que falar, baixei o olhar e respirei um pouco mais fundo que o normal.

— Eu só não queria que ele tivesse perdido tudo o que tinha por minha causa. – Murmurei.

Após alguns instantes de silêncio, Tony disse:

— O Peter é um bom garoto. Confesso que admiro a atitude dele diante de tudo o que aconteceu ontem.

— Ainda não acredito que ele abriu mão de tudo por mim.

— Ele não faria isso por alguém que não fosse realmente importante.

— E você ainda diz que ele não é homem o suficiente. – Falei, não em tom provocativo, mas com tristeza.

Tony suspirou e massageou as têmporas, como se aquela conversa o deixasse com dor de cabeça. Eu já até sabia o que viria a seguir. Tony iria dizer que depois conversaríamos e nunca mais tocaria no assunto. Como sempre, ele iria fugir.

— Você realmente ama esse garoto, não ama? – Perguntou ele.

Surpresa, olhei para ele e respondi, um pouco mais baixo do que gostaria:

— Muito.

— Vai adiantar eu dizer pra você ficar longe dele?

— Provavelmente não. – Franzi os lábios.

Ele fez que sim com a cabeça, como se já soubesse a resposta sem nem precisar perguntar.

— Bom… Acho que é melhor então vocês fazerem as coisas com o meu consentimento, do que fazerem pelas minhas costas.

Olhei para ele, confusa. Não era possível.

— O que quer dizer?

— Se vai namorar o Peter, quero que façam direito. Quero conversar com ele antes, deixar as regras bem claras e quero que vocês tenham responsabilidade, porque eu não vou trocar fralda de filho de ninguém.

Deixei escapar um sorriso, ainda sem acreditar no que estava ouvindo.

— Isso… Isso é sério?

— Vai te deixar feliz e fazer você parar de se meter em encrenca?

Fiz que sim com a cabeça, sem conseguir esconder o sorriso.

— Então sim, é sério.

Olhei em seus olhos por um instante, sentindo o coração bater forte, até que não aguentei. Abracei Tony o mais forte que pude.

— Obrigada!

— De nada. – Ele respondeu, passando os braços ao meu redor.

Ainda sem soltá-lo, falei:

— Eu te amo, pai!

Tony apertou-me ainda mais dentro de seu abraço, e me senti a pessoa mais segura e protegida do mundo ali dentro. Ele deu um beijinho em minha testa e respondeu, recostando minha cabeça em seu peito:

— Eu também te amo, filha.

Era difícil de acreditar que isso estivesse realmente acontecendo, mas eu sinceramente não queria saber. Não queria estragar aquele momento por nada na minha vida.

Após um longo instante abraçados, Tony me soltou e disse:

— Vem, sai desse quarto um pouco. Você tá trancada aqui desde ontem.

— O que vou fazer lá embaixo? Mexer na sua oficina?

— Nem pense nisso.

Sorri, achando graça.

— Eu tenho que organizar a bagunça que fiz lá embaixo e preciso analisar uns documentos e terminar uns processos, marcar uma conferência e com certeza a Pepper vai vir me lembrar de mais uns dez compromissos. Mas não estou a fim de fazer nada disso.

— E o que pretende fazer?

— Pensei em tirar o dia pra descansar e fazer alguma coisa com você.

— Você tá doente? – Perguntei – Desde quando você tira dias pra descansar?

— Desde que ontem eu quase tive um colapso nervoso.

— Ah…

— E então? O que quer fazer?

Eu sabia que qualquer atividade que envolvesse sair da casa iria chamar a atenção de muitas pessoas, o que acabaria atrapalhando e deixaria Tony ainda mais estressado. Comecei a pensar, então, em algo para fazermos ali mesmo.

— Quer ver um filme? – Sugeri.

— Ok, por que não?

— O que você gosta de assistir?

— Eu não costumo ver muita televisão. Pode escolher.

— Podemos ver um filme de terror? – Perguntei.

— Se você gritar, coloco uma almofada na sua boca.

Ri, embora eu soubesse que muito provavelmente o papo era sério.

— Vem, vamos descer. – Disse Tony, levantando-se da cama.

Levantei também e fui atrás dele até a sala. Sentamos no sofá e Tony pegou uma almofada e olhou para mim como quem diz “já sabe, né?”.

— Eu não vou gritar, tá legal? – Respondi, rindo.

Comecei a procurar pelo catálogo da Netflix por algum bom filme de terror. Boa parte deles eu já havia visto, então procurava por algo novo que me chamasse atenção. Tony enfrentava aliens e máquinas mortíferas diariamente, então não me preocupei se o filme seria pesado.

— O que acha desse? É sobre possessões demoníacas. – Sugeri.

— Ok. Vamos ver se os filmes de hoje são como os da minha adolescência.

I (don't) Need a Hero!Onde histórias criam vida. Descubra agora