Capítulo 30

8.8K 832 413
                                    


— Ainda não temos nenhuma pista de onde essa arma possa ter vindo, de quem a criou ou de como essas pessoas estão tendo acesso a elas. É isso que precisamos descobrir e impedir. – Disse Tony, sério.

— Qual o plano? – Perguntou um senhor de tapa olho. A voz me pareceu familiar.

— Decidi convocar a todos antes de criar um plano, Fury. É importante que todos estejam cientes da proporção da situação.

Fury! É isso! O senhor com quem falei ao telefone um dia, marcando uma reunião para Tony.

— E se unirmos o Projeto Vingadores e a S.H.I.E.L.D. e unificarmos as organizações de novo, pelo menos nessa situação? – Sugeriu uma moça ruiva. Como era chamada? Viúva... Viúva Negra! Isso!

— Srta. Romanoff, eu não acho que... – Tony ia dizendo, quando foi interrompido pelo Capitão América (ainda era difícil de acreditar).

— Não temos tempo de achar nada, Stark. A frequência dos ataques está aumentando. Precisamos agir!

— Então o que sugere, Capitão? Chegar lá e sair lançando seu escudo pra todos os lados na esperança de acertar todos eles? – Perguntou Tony, irônico.

Steve revirou os olhos e ia retrucar, quando Fury levantou e disse, já impaciente:

— Não vamos começar com isso de novo, não é? É uma ideia excelente, Srta. Romanoff. Inclusive, venho sugerindo isso há bastante tempo, mas o Sr. Stark se recusa a nos incluir novamente em sua boyband.

— Não é uma boyband! – Exclamou Tony, já sem paciência – Seguinte! Eu não acho que isso seja uma boa ideia e...

— Sr. Stark – Interrompi-o, mesmo sabendo que poderia ser demitida pela audácia – Acredito que não temos muita escolha. Não conheço bem a S.H.I.E.L.D., mas sei que já trabalharam juntos e o resultado foi bom. Toda ajuda é necessária nesse momento.

Tony fuzilou-me com o olhar. Engoli em seco.

— A garota tem razão, Tony. A situação vem tomando proporções maiores do que o esperado. – Disse Bruce, defendendo-me.

— Dessa vez eu concordo com a garota. – Apoiou Thor.

Tony massageou as têmporas e, dando-se por vencido, disse:

— Ok. Que assim seja, então.

Começaram a planejar como agiriam no próximo ataque, e eu ouvia a cada detalhe atentamente.

Ao final da reunião, que durou pouco menos de duas horas, eu me sentia um pouco melhor. A situação havia tirado os problemas de minha mente por um tempo. Voltei para minha sala com um desejo ardente de participar do combate aos ataques em questão. Lutar contra ameaças perigosas devia ser simplesmente incrível!

Enquanto o computador carregava um arquivo, peguei minha pasta na bolsa para procurar um documento, mas praguejei baixo quando percebi que havia pego a pasta errada por engano. Aquela era a pasta onde eu guardava desenhos que ainda não havia arrumado em meu portfólio. Desenhos de lugares, animais e pessoas.

Comecei a olhar as folhas rapidamente, na esperança de haver ali algum documento, quando um desenho me chamou atenção. Tirei-o da pasta e fiquei observando-o por alguns instantes. O olhar profundo, o maxilar quadrado, marcado, as sobrancelhas rebeldes... Eu havia desenhado Peter.

Ainda estava olhando para a folha, distraída, quando bateram na porta, assustando-me. Guardei o desenho na pasta rapidamente e a joguei dentro da bolsa.

— Entra. – Falei, olhando para o computador como se estivesse fazendo isso há tempos.

A porta se abriu, e ouvi aquela maldita voz dizendo:

— Precisamos conversar.

Qualquer fagulha de bom sentimento que houvesse em mim naquele momento esvaiu-se ali. Olhei para Peter no mais mortal, cortante e absoluto silêncio. O rapaz estava sério, com uma postura respeitável, como se fosse um soldado pronto para entrar em guerra.

Continuei a encará-lo sem pronunciar uma palavra sequer, como que o desafiando. Quando senti que não aguentaria esse jogo por muito mais tempo, falei:

— Fora.

— Helena, eu...

— Fo-ra. – Repeti, separando as sílabas de maneira rude.

— Mas Helena, eu preciso falar com voc...

— Mas eu não quero falar com você! Tô ocupada! Dá o fora daqui!

Peter lançou-me um olhar duro. Piscou devagar e, franzindo os lábios de raiva, saiu sem dizer mais nada.

Se por fora eu era dura e grossa como uma rocha, por dentro eu estava frágil como cristal. Tentava a todo custo me proteger, e a maneira mais eficaz que encontrei era manter longe qualquer um que pudesse me machucar.

Quando Peter saiu, suspirei longamente, esgotada. Por que me incomodava tanto ignorá-lo e rebater qualquer tentativa de aproximação? Eu já havia feito isso com tantas pessoas antes, e apesar de me sentir um pouco culpada às vezes, nunca me machucou tanto.

Senti a vontade de chorar vindo e engoli rapidamente. Não me permitiria chorar por Peter em hipótese alguma.

I (don't) Need a Hero!Onde histórias criam vida. Descubra agora