Os agentes haviam contido o ataque, e aos poucos tudo voltava ao normal, exceto pelos móveis quebrados, chão ensanguentado e paredes com marcas de tiros.
Eu já havia voltado para a minha sala, quando Tony apareceu pessoalmente. Olhei para ele em silêncio, já esperando pela bronca que viria.
— O que pensa que estava fazendo? – Perguntou ele, bravo, fechando a porta atrás de si.
— Ajudando.
— Não, você não estava ajudando! Estava me desobedecendo!
— Mas eu...
— Nem mais uma palavra! Esse é o momento em que você fica calada e escuta o que eu tô falando!
Calei-me, com raiva.
— Você tem noção do risco que correu? Se algo tivesse acontecido com você, o que eu diria pra sua mãe? Aqui dentro você é minha responsabilidade, e se algo acontecesse com você, eu não sei do que sua mãe seria capaz.
Continuei calada, ouvindo a crise nervosa de Tony. Suas mãos tremiam e ele parecia ofegante.
— Onde você aprendeu a atirar daquele jeito? - Perguntou ele, confuso, mas ainda furioso.
— Com meu avô. Ele foi soldado do exército. Também aprendi defesa pessoal e um pouquinho de espionagem. – Dei de ombros.
— Quando sua mãe falou de você, não me contou sobre esses detalhes! – Ele estava visivelmente indignado.
— Eu agi bem! O senhor não pode negar.
— Posso sim. Eu posso tudo. – Tony falou de maneira tão séria que quase não pude sentir seu inflado ego tomando conta da sala.
— Eu facilitei o serviço. Qual é! Acertei três caras!
— Srta. Jones, você entrou nessa organização pra ajudar com a parte administrativa. Escritório. Eu não posso admitir que se coloque em risco dessa maneira.
— Sr. Stark, eu sei que posso ser útil nas missões! Eu...
— Como é que é? – Interrompeu-me ele – Não! Sem chance! E não tente fazer isso de novo!
— Mas Sr. Stark...
— Eu disse não! – Respondeu ele, e foi em direção à porta.
Bufei. Ele abriu a porta e disse, antes de sair:
— E não conta pra sua mãe!
Eu não podia acreditar. Era muita injustiça! Levantei-me de minha cadeira e cruzei os braços, vermelha de raiva. Havia sido repreendida por ajudar a equipe. Ótimo!
Estava remoendo a situação, quando minha porta foi aberta num baque, arrancando-me de meus pensamentos com um susto.
— Helena!
Olhei rapidamente para a porta, assustada, quando vi Peter em seu traje de herói correndo em minha direção, desesperado. O garoto me abraçou apertado, tremendo.
— Que foi, garoto? Quer me matar do coração? O que aconteceu? – Perguntei, confusa.
— Quando a torre foi invadida, a primeira coisa que eu fiz foi vir até a sua sala pra ver se você tava bem, mas não te achei. Te procurei pelos corredores e nada. Fiquei tão preocupado. – Ele disse, ofegante, tropeçando nas palavras.
— Tá, calma. – Falei, afastando-o de mim e sentando-o em minha cadeira.
Peter estava elétrico. Parecia ter subido 20 andares em 15 segundos. E não duvidaria se o fizesse.
Fiquei de frente para ele, esperando que sua respiração voltasse ao normal.
— Mais calmo? – Perguntei, após alguns instantes.
Ele fechou os olhos e fez que sim com a cabeça. Suspirei.
— Onde você tava? – Perguntou.
— Desci até o hall pra ver o que tava acontecendo.
— Você podia ter se machucado.
— Eu tô bem, não tô?
Peter se calou. Nunca o havia visto tão nervoso. Ele se levantou e disse:
— Não faz isso de novo por favor. Eu tive tanto medo quando não te vi aqui dentro.
Não respondi. Apenas olhei em seus olhos, sem reação.
— Ahn... Medo porque... Sem você o Sr. Stark não iria mais me ouvir. Você... Não foi o que eu quis dizer. É que... – Ele tentou consertar, tropeçando nas próprias palavras. Franzi as sobrancelhas.
Percebendo que não estava ajudando a si próprio, Peter saiu da sala um pouco desconcertado.
Porque o Sr. Stark não iria mais ouvi-lo? Então era isso? Eu era o caminho de Peter até Tony? Sentei em minha cadeira e fiquei encarando a mesa por alguns instantes. Mais uma vez, eu havia sido feita de idiota.
Suspirei, massageando as têmporas. Eu realmente acreditava que Peter se importava comigo, que tínhamos algo... uma amizade. Talvez a culpa fosse minha, por ter sido dura com ele no começo, ou talvez ele realmente tinha a intenção de me usar desde o início, sei lá. Estava confusa, não sabia mais o que pensar.
Ainda estava tentando entender tudo o que havia acontecido, quando bateram na porta. O dia hoje estava realmente agitado.
— Entra. – Resmunguei.
— Vim trazer alguns documentos. – Era Pepper. Estava pálida como uma vela e com o olhar perdido.
— Pepper! Você tá bem? – Perguntei, preocupada.
— Sim...
— Senta aqui. Vou pegar água pra você.
Trouxe um copo com água para Pepper, que o pegou com as mãos trêmulas. Ela estava em estado de choque, e isso me deixava mais nervosa ainda.
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I (don't) Need a Hero!
RomanceImagine como seria perder o emprego, encontrar o bilionário Tony Stark conversando amigavelmente com sua mãe e descobrir que você vai trabalhar com ele, tudo no mesmo dia. São essas e outras situações inimagináveis que ocorrem no dia a dia de Helena...