Capítulo 55

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Eu ainda olhava para Tony, totalmente sem reação, quando meu celular começou a tocar dentro da bolsa, ao lado da cadeira.

— Opa! Vamos ver o que temos aqui. – Disse David, tirando-o da bolsa – Peter.

Ele atendeu e colocou no viva voz.

— Helena? Helena, onde você tá? Eu tô ficando preocupado! – Pude ouvir Peter dizer, nervoso.

— Vai, responde. – Disse David, mexendo a arma desconfortavelmente em minha garganta.

— Oi, Peter... – Respondi, tentando parecer calma.

— Onde você tá? Por que não voltou pra casa?

— Eu... – Minha voz falhou. Eu estava chorando.

David revirou os olhos, mas ao perceber que eu estava chorando, entendeu que era aquele o garoto que eu amava. Ele disse, então:

— Ela tá um pouco ocupada agora. Mas talvez, se você pedir com jeitinho, eu deixe você se despedir.

— Despedir? Quem tá falando? Helena, o que tá acontecendo?

— Peter, eu só quero que você se lembre do que eu te disse ontem. Sobre o porquê de eu sempre fugir.

— Lena...

— É por isso que eu nunca deixei você se aproximar. – Solucei.

— Me diz onde você tá! Eu vou salvar você! Eu vou... – David desligou o celular.

— Desculpa, eu já tava ficando emocionado. – Disse ele, cinicamente.

Mordi o lábio inferior, sentindo as lágrimas escorrerem por meu rosto. Se David não me matasse, eu morreria de desgosto.

— Poxa vida, Stark! Não acredito que sua filha tá chorando e você nem veio dar um abraço nela. Ah não, espera! Se você der um passo, vocês dois já eram! HAHAHAHAHA! – David não perdia uma boa provocação, e eu o odiava ainda mais por isso.

Tony respirou fundo e perguntou:

— O que acontece mesmo se eu... – Pigarreou – Chamar reforços?

— Ela morre.

Tony acenou afirmativamente com a cabeça, compreendendo. Naquele instante me perguntei se ele tramava algo ou se o nervoso passado havia afetado sua inteligência.

Em segundos, algo acertou um dos homens que escoltavam Tony e voltou como um bumerangue. O atingido caiu desacordado na hora. David olhou para Tony, que deu de ombros.

— O que é que você tá tramando, Stark? – Perguntou David, sem tirar a arma de meu pescoço.

— Dessa vez eu não fiz nada. – Respondeu ele, calmo.

Outra vez, mais um homem foi atingido. Ao olhar para o objeto que o acertou, pude reconhecer as cores vermelha e azul. Eu conhecia bem aquele escudo. O Capitão América estava em ação!

— Você chamou reforços? – Gritou David – Eu avisei, Stark! Pode ir dando adeus pra garota!

Fechei meus olhos e franzi os lábios, esperando pelo tiro, mas senti o cano frio da arma desencostar de meu pescoço. Ao abrir meus olhos, vi David em uma luta travada com a Viúva Negra. Eu estava sendo salva pelos Vingadores? Que irônico!

— Seus idiotas! Chamem reforços! – Gritou David.

Um dos grandões que estavam ali apertou um botão no relógio ou pulseira que usava, e logo começaram a surgir vários seguranças por todos os lados.

Aproveitando que David já não me ameaçava com sua arma, Tony fez um movimento e sua armadura logo se montou em torno de seu corpo.

No meio de toda aquela bagunça, um corpo ágil adentrou o local pendurado por uma teia. O traje azul e vermelho não mentia: O Homem Aranha estava ali! O garoto tentou passar despercebido no meio da confusão, e conseguiu chegar até onde eu estava. Imediatamente, começou a desamarrar minhas mãos.

— O que tá fazendo aqui? Como você me achou? – Perguntei, assustada.

— Eu sempre vou te achar. É claro que a parede destruída, a gritaria e o noticiário ajudaram bastante.

Suspirei. Como era bom ouvir aquela voz, mesmo que abafada pela máscara.

— Vamos sair daqui antes que vejam você.

Ele segurou minha mão para fugirmos, mas antes que desse o primeiro passo, um grande som ecoou pelo galpão, seguido do grito de Peter. O garoto caiu no chão, e o sangue começou a jorrar de seu peito. Ele havia levado um tiro.

Olhei horrorizada para David, que ainda apontava a arma para o garoto, os olhos vermelhos de ódio. Dei um grito, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, Steve me pegou pelos ombros e me afastou dali.

Eu não conseguia me controlar. Chorava copiosamente, gritando para que Steve me soltasse e me deixasse ir até Peter, mas ele me segurava firmemente, impedindo-me.

Não sei dizer quanto tempo a maldita batalha durou, nem o que aconteceu nesse meio tempo. Tudo o que eu enxergava era o corpo de Peter estendido e o sangue que escorria de seu peito.

Após o que pareceram dias, Tony e Natasha conseguiram conter todos os homens, e David estava desacordado. Ao se certificar de que não havia mais perigo, Steve me soltou, e eu automaticamente caí no chão. Busquei forças que já não tinha e me levantei. Fui até o corpo de Peter, tropeçando em minhas próprias pernas, sem sequer conseguir respirar direito.

Ninguém se atrevia a se mover ou dizer nada.

— Peter! – Gritei, caindo de joelhos ao lado do garoto.

Tirei sua máscara. Ver seu rosto deixou-me ainda mais desesperada.

— Me perdoa! – Sussurrei em meio aos soluços, como se ele pudesse me ouvir.

I (don't) Need a Hero!Onde histórias criam vida. Descubra agora