Eu ainda olhava para Tony, totalmente sem reação, quando meu celular começou a tocar dentro da bolsa, ao lado da cadeira.
— Opa! Vamos ver o que temos aqui. – Disse David, tirando-o da bolsa – Peter.
Ele atendeu e colocou no viva voz.
— Helena? Helena, onde você tá? Eu tô ficando preocupado! – Pude ouvir Peter dizer, nervoso.
— Vai, responde. – Disse David, mexendo a arma desconfortavelmente em minha garganta.
— Oi, Peter... – Respondi, tentando parecer calma.
— Onde você tá? Por que não voltou pra casa?
— Eu... – Minha voz falhou. Eu estava chorando.
David revirou os olhos, mas ao perceber que eu estava chorando, entendeu que era aquele o garoto que eu amava. Ele disse, então:
— Ela tá um pouco ocupada agora. Mas talvez, se você pedir com jeitinho, eu deixe você se despedir.
— Despedir? Quem tá falando? Helena, o que tá acontecendo?
— Peter, eu só quero que você se lembre do que eu te disse ontem. Sobre o porquê de eu sempre fugir.
— Lena...
— É por isso que eu nunca deixei você se aproximar. – Solucei.
— Me diz onde você tá! Eu vou salvar você! Eu vou... – David desligou o celular.
— Desculpa, eu já tava ficando emocionado. – Disse ele, cinicamente.
Mordi o lábio inferior, sentindo as lágrimas escorrerem por meu rosto. Se David não me matasse, eu morreria de desgosto.
— Poxa vida, Stark! Não acredito que sua filha tá chorando e você nem veio dar um abraço nela. Ah não, espera! Se você der um passo, vocês dois já eram! HAHAHAHAHA! – David não perdia uma boa provocação, e eu o odiava ainda mais por isso.
Tony respirou fundo e perguntou:
— O que acontece mesmo se eu... – Pigarreou – Chamar reforços?
— Ela morre.
Tony acenou afirmativamente com a cabeça, compreendendo. Naquele instante me perguntei se ele tramava algo ou se o nervoso passado havia afetado sua inteligência.
Em segundos, algo acertou um dos homens que escoltavam Tony e voltou como um bumerangue. O atingido caiu desacordado na hora. David olhou para Tony, que deu de ombros.
— O que é que você tá tramando, Stark? – Perguntou David, sem tirar a arma de meu pescoço.
— Dessa vez eu não fiz nada. – Respondeu ele, calmo.
Outra vez, mais um homem foi atingido. Ao olhar para o objeto que o acertou, pude reconhecer as cores vermelha e azul. Eu conhecia bem aquele escudo. O Capitão América estava em ação!
— Você chamou reforços? – Gritou David – Eu avisei, Stark! Pode ir dando adeus pra garota!
Fechei meus olhos e franzi os lábios, esperando pelo tiro, mas senti o cano frio da arma desencostar de meu pescoço. Ao abrir meus olhos, vi David em uma luta travada com a Viúva Negra. Eu estava sendo salva pelos Vingadores? Que irônico!
— Seus idiotas! Chamem reforços! – Gritou David.
Um dos grandões que estavam ali apertou um botão no relógio ou pulseira que usava, e logo começaram a surgir vários seguranças por todos os lados.
Aproveitando que David já não me ameaçava com sua arma, Tony fez um movimento e sua armadura logo se montou em torno de seu corpo.
No meio de toda aquela bagunça, um corpo ágil adentrou o local pendurado por uma teia. O traje azul e vermelho não mentia: O Homem Aranha estava ali! O garoto tentou passar despercebido no meio da confusão, e conseguiu chegar até onde eu estava. Imediatamente, começou a desamarrar minhas mãos.
— O que tá fazendo aqui? Como você me achou? – Perguntei, assustada.
— Eu sempre vou te achar. É claro que a parede destruída, a gritaria e o noticiário ajudaram bastante.
Suspirei. Como era bom ouvir aquela voz, mesmo que abafada pela máscara.
— Vamos sair daqui antes que vejam você.
Ele segurou minha mão para fugirmos, mas antes que desse o primeiro passo, um grande som ecoou pelo galpão, seguido do grito de Peter. O garoto caiu no chão, e o sangue começou a jorrar de seu peito. Ele havia levado um tiro.
Olhei horrorizada para David, que ainda apontava a arma para o garoto, os olhos vermelhos de ódio. Dei um grito, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, Steve me pegou pelos ombros e me afastou dali.
Eu não conseguia me controlar. Chorava copiosamente, gritando para que Steve me soltasse e me deixasse ir até Peter, mas ele me segurava firmemente, impedindo-me.
Não sei dizer quanto tempo a maldita batalha durou, nem o que aconteceu nesse meio tempo. Tudo o que eu enxergava era o corpo de Peter estendido e o sangue que escorria de seu peito.
Após o que pareceram dias, Tony e Natasha conseguiram conter todos os homens, e David estava desacordado. Ao se certificar de que não havia mais perigo, Steve me soltou, e eu automaticamente caí no chão. Busquei forças que já não tinha e me levantei. Fui até o corpo de Peter, tropeçando em minhas próprias pernas, sem sequer conseguir respirar direito.
Ninguém se atrevia a se mover ou dizer nada.
— Peter! – Gritei, caindo de joelhos ao lado do garoto.
Tirei sua máscara. Ver seu rosto deixou-me ainda mais desesperada.
— Me perdoa! – Sussurrei em meio aos soluços, como se ele pudesse me ouvir.
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I (don't) Need a Hero!
RomanceImagine como seria perder o emprego, encontrar o bilionário Tony Stark conversando amigavelmente com sua mãe e descobrir que você vai trabalhar com ele, tudo no mesmo dia. São essas e outras situações inimagináveis que ocorrem no dia a dia de Helena...