A claridade suave entrava pela janela. Abri meus olhos, ainda me acostumando com a luz. Era dia.
Vi no relógio que eram ainda 8h da manhã. Estava cedo, então virei-me de lado na cama e me ajeitei confortavelmente. Fechei os olhos novamente na esperança de dormir mais, mas um pensamento repentino me fez despertar: Eu iria sair com Peter.
Pronto. Eu com certeza não conseguiria dormir mais. Minha mente já estava a mil por hora.
— Droga. É só o Peter, Helena. Não tem motivo pra perder a calma. – Falei para mim mesma.
Percebendo que não iria conseguir dormir ou mesmo relaxar, decidi levantar e ir tomar café da manhã.
— Bom dia, querida. Já acordada? – Disse minha mãe, estranhando em me ver de pé tão cedo.
— Perdi o sono...
Tomei café preguiçosamente e sentei no sofá com meu caderno de desenhos e um lápis. Após alguns esboços, terminei a figura de um tigre em posição de ataque. Sempre gostei de felinos.
Ajudei minha mãe com o almoço, dei uma organizada no quarto, almocei, lavei a louça e quando fui ver as horas, já passava de 13h.
— Melhor eu ir tomar banho. – Falei, tirando o avental.
Tomei um banho quente e fui me vestir. Calça jeans, tênis, camiseta branca e uma jaqueta de estampa militar. Deixei os cabelos soltos. Estava passando perfume quando minha mãe entrou no quarto.
— Uau! Vai sair?
— Vou. Te falei ontem, lembra?
— Ah, com o garoto. É verdade. Vão que horas?
Foi então que parei para pensar. Não havíamos combinado horário ou local para nos encontrarmos. E agora?
— Sabe que não sei? Não combinamos nad...
Fui interrompida pela campainha. Desci as escadas, fui até a porta e a abri, não podendo deixar de expressar surpresa.
— David?
David era um ex namorado de minha mãe. Ele havia passado alguns anos com ela antes de eu nascer, depois terminaram e voltaram quando eu tinha 8 anos. Eu realmente pensava que eles iriam ficar juntos, mas David começou a ficar estranho. Começou a se afastar e a brigar com minha mãe com muita frequência até que, um belo dia, ele roubou uma boa quantia em dinheiro que minha mãe guardava e fugiu com uma outra mulher, deixando minha mãe sozinha e um belo rombo em suas economias. Eu havia pego um ódio mortal desse homem.
— Oi, Helena. Quanto tempo. Você está crescida. Sua mãe está em casa?
— Pra você, não. – Respondi, seca.
— Helena. – Minha mãe apareceu atrás de mim – Eu resolvo isso. Entre, David.
Encarei-a, incrédula. Como ela podia deixar aquele traidor entrar em nossa casa depois de tudo o que ele havia feito? E o que ele poderia querer depois de tantos anos sem sequer se lembrar de nossa existência?
Sentei no sofá e bufei, irritadíssima. Fiquei tentando ouvir a conversa que estavam tendo na cozinha, mas ambos falavam incrivelmente baixo. Pareciam estar sussurrando.
Após uns cinco ou dez minutos, a campainha tocou novamente. Levantei-me e fui até a cozinha. Dei um beijo em minha mãe e olhei para David com desprezo. Sem dizer mais nada, tentei fingir que nada aconteceu.
Fui até a porta e a abri. Era Peter.
O garoto estava com um moletom verde, calça jeans e tênis. Estava bonito e eu poderia sentir seu perfume mesmo de longe. Ele olhou para mim com um pequeno sorriso e, em seguida, engoliu em seco.
— Oi. – Falei.
— Oi. Você tá pronta? Eu não sabia que horas vir... Não combinamos horário e eu não tinha seu número pra confirmar.
— Tô sim. Aonde vamos? – Perguntei, fechando a porta atrás de mim.
— Pensei em boliche. Você joga?
— Tá brincando? Ninguém ganha de mim.
— Veremos!
Fui começar a caminhar, quando Peter me deteve com uma mão, pedindo-me para esperar.
— Pera aí. Vou ligar pra um táxi.
— Pra quê?
— Pra levar a gente até o boliche. Eu ia vir com o carro, mas minha tia precisou sair.
— O boliche não é tão longe daqui, dá pra ir a pé. A menos, é claro, que o garoto aranha esteja com medo de machucar as patinhas. – Zombei.
Ele ergueu uma sobrancelha e sorriu, guardando o celular no bolso. Sorri também e comecei a andar em direção ao boliche, que ficava relativamente perto da minha casa.
— Mais alguma novidade sobre o caso do Brooklyn? – Perguntei.
— A situação continua na mesma... Se o Sr. Stark não agir logo, eu vou.
— Sozinho?
— É o jeito.
— Não pode ir sozinho, garoto aranha. Você não pode vencer um grupo sem ajuda.
— Homem Aranha. E eu tenho que tentar.
— Qual é. Você não consegue nem me vencer no boliche. – Brinquei, provocando.
— Quem falou?
— Eu.
— Quer apostar? Quem perder paga o milkshake.
— Apostado! Gosto de morango, já avisando.
Fomos conversando e zoando até chegarmos ao boliche. Havia uma pista vazia, como que esperando por nós. Começamos a jogar.
Não posso mentir, o garoto jogava bem. A disputa estava acirrada. Eu sempre fui um pouco competitiva, principalmente quando era desafiada ou havia uma aposta no meio. Eu realmente queria ganhar esse jogo.
— Essa cara séria é medo de perder? – Perguntou Peter em determinado momento, arrancando de mim um pequeno sorriso.
— O nome disso é concentração, Parker.
Joguei. Strike! Rodada após rodada, o jogo ia chegando ao fim.
Era a última jogada de Peter. Ele pegou a bola, olhou para mim, respirou fundo e jogou. Oito pinos derrubados. Eu não podia derrubar menos que isso.
Observei a pista e a posição dos pinos. Olhei para Peter, que me desafiava em silêncio. Joguei a bola... E derrubei todos os pinos!
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I (don't) Need a Hero!
RomanceImagine como seria perder o emprego, encontrar o bilionário Tony Stark conversando amigavelmente com sua mãe e descobrir que você vai trabalhar com ele, tudo no mesmo dia. São essas e outras situações inimagináveis que ocorrem no dia a dia de Helena...