Capítulo 17

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A claridade suave entrava pela janela. Abri meus olhos, ainda me acostumando com a luz. Era dia.

Vi no relógio que eram ainda 8h da manhã. Estava cedo, então virei-me de lado na cama e me ajeitei confortavelmente. Fechei os olhos novamente na esperança de dormir mais, mas um pensamento repentino me fez despertar: Eu iria sair com Peter.

Pronto. Eu com certeza não conseguiria dormir mais. Minha mente já estava a mil por hora.

— Droga. É só o Peter, Helena. Não tem motivo pra perder a calma. – Falei para mim mesma.

Percebendo que não iria conseguir dormir ou mesmo relaxar, decidi levantar e ir tomar café da manhã.

— Bom dia, querida. Já acordada? – Disse minha mãe, estranhando em me ver de pé tão cedo.

— Perdi o sono...

Tomei café preguiçosamente e sentei no sofá com meu caderno de desenhos e um lápis. Após alguns esboços, terminei a figura de um tigre em posição de ataque. Sempre gostei de felinos.

Ajudei minha mãe com o almoço, dei uma organizada no quarto, almocei, lavei a louça e quando fui ver as horas, já passava de 13h.

— Melhor eu ir tomar banho. – Falei, tirando o avental.

Tomei um banho quente e fui me vestir. Calça jeans, tênis, camiseta branca e uma jaqueta de estampa militar. Deixei os cabelos soltos. Estava passando perfume quando minha mãe entrou no quarto.

— Uau! Vai sair?

— Vou. Te falei ontem, lembra?

— Ah, com o garoto. É verdade. Vão que horas?

Foi então que parei para pensar. Não havíamos combinado horário ou local para nos encontrarmos. E agora?

— Sabe que não sei? Não combinamos nad...

Fui interrompida pela campainha. Desci as escadas, fui até a porta e a abri, não podendo deixar de expressar surpresa.

— David?

David era um ex namorado de minha mãe. Ele havia passado alguns anos com ela antes de eu nascer, depois terminaram e voltaram quando eu tinha 8 anos. Eu realmente pensava que eles iriam ficar juntos, mas David começou a ficar estranho. Começou a se afastar e a brigar com minha mãe com muita frequência até que, um belo dia, ele roubou uma boa quantia em dinheiro que minha mãe guardava e fugiu com uma outra mulher, deixando minha mãe sozinha e um belo rombo em suas economias. Eu havia pego um ódio mortal desse homem.

— Oi, Helena. Quanto tempo. Você está crescida. Sua mãe está em casa?

— Pra você, não. – Respondi, seca.

— Helena. – Minha mãe apareceu atrás de mim – Eu resolvo isso. Entre, David.

Encarei-a, incrédula. Como ela podia deixar aquele traidor entrar em nossa casa depois de tudo o que ele havia feito? E o que ele poderia querer depois de tantos anos sem sequer se lembrar de nossa existência?

Sentei no sofá e bufei, irritadíssima. Fiquei tentando ouvir a conversa que estavam tendo na cozinha, mas ambos falavam incrivelmente baixo. Pareciam estar sussurrando.

Após uns cinco ou dez minutos, a campainha tocou novamente. Levantei-me e fui até a cozinha. Dei um beijo em minha mãe e olhei para David com desprezo. Sem dizer mais nada, tentei fingir que nada aconteceu.

Fui até a porta e a abri. Era Peter.

O garoto estava com um moletom verde, calça jeans e tênis. Estava bonito e eu poderia sentir seu perfume mesmo de longe. Ele olhou para mim com um pequeno sorriso e, em seguida, engoliu em seco.

— Oi. – Falei.

— Oi. Você tá pronta? Eu não sabia que horas vir... Não combinamos horário e eu não tinha seu número pra confirmar.

— Tô sim. Aonde vamos? – Perguntei, fechando a porta atrás de mim.

— Pensei em boliche. Você joga?

— Tá brincando? Ninguém ganha de mim.

— Veremos!

Fui começar a caminhar, quando Peter me deteve com uma mão, pedindo-me para esperar.

— Pera aí. Vou ligar pra um táxi.

— Pra quê?

— Pra levar a gente até o boliche. Eu ia vir com o carro, mas minha tia precisou sair.

— O boliche não é tão longe daqui, dá pra ir a pé. A menos, é claro, que o garoto aranha esteja com medo de machucar as patinhas. – Zombei.

Ele ergueu uma sobrancelha e sorriu, guardando o celular no bolso. Sorri também e comecei a andar em direção ao boliche, que ficava relativamente perto da minha casa.

— Mais alguma novidade sobre o caso do Brooklyn? – Perguntei.

— A situação continua na mesma... Se o Sr. Stark não agir logo, eu vou.

— Sozinho?

— É o jeito.

— Não pode ir sozinho, garoto aranha. Você não pode vencer um grupo sem ajuda.

— Homem Aranha. E eu tenho que tentar.

— Qual é. Você não consegue nem me vencer no boliche. – Brinquei, provocando.

— Quem falou?

— Eu.

— Quer apostar? Quem perder paga o milkshake.

— Apostado! Gosto de morango, já avisando.

Fomos conversando e zoando até chegarmos ao boliche. Havia uma pista vazia, como que esperando por nós. Começamos a jogar.

Não posso mentir, o garoto jogava bem. A disputa estava acirrada. Eu sempre fui um pouco competitiva, principalmente quando era desafiada ou havia uma aposta no meio. Eu realmente queria ganhar esse jogo.

— Essa cara séria é medo de perder? – Perguntou Peter em determinado momento, arrancando de mim um pequeno sorriso.

— O nome disso é concentração, Parker.

Joguei. Strike! Rodada após rodada, o jogo ia chegando ao fim.

Era a última jogada de Peter. Ele pegou a bola, olhou para mim, respirou fundo e jogou. Oito pinos derrubados. Eu não podia derrubar menos que isso.

Observei a pista e a posição dos pinos. Olhei para Peter, que me desafiava em silêncio. Joguei a bola... E derrubei todos os pinos!

I (don't) Need a Hero!Onde histórias criam vida. Descubra agora