Capítulo 81

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Entrei na sala de Tony e encostei a porta às minhas costas.

— Trouxe o relatório que pediu. – Falei, entregando-lhe o envelope.

Tony pegou o envelope e disse, olhando para as folhas que estavam dentro do mesmo:

— Falei com o Peter.

— Mesmo? E aí? – Perguntei, fingindo não saber de nada.

— Ameacei ele e expulsei ele da Torre.

Ergui uma sobrancelha.

— Tá, brincadeira. Eu disse o que precisava ser dito. Falei sobre sexta, que não quero que se repita e falei que se for pra vocês terem algo, que façam a coisa certa. E devolvi o traje do garoto. – Disse ele.

— Você devolveu? – Minha entonação de surpresa deveria receber um Óscar.

— Devolvi. Uma coisa não tinha a ver com a outra, e se eu permiti que vocês fiquem juntos, seria bobagem tirar isso dele. O garoto tem potencial.

— Foi a coisa mais madura que você disse hoje.

Tony sorriu.

— Ele já falou alguma coisa a respeito pra você? – Perguntou.

— Disse que tinha conversado com você, mas não deu detalhes. Falou pra fazermos alguma coisa depois do trabalho.

— Desde que os dois estejam vestidos e a pelo menos um metro de distância um do outro, tudo bem.

— Fica tranquilo. Vamos nos comportar.

O fim da tarde chegou e com ele, chegou também o fim do expediente. Tony estava em sua sala conversando com Nick Fury, e Pepper falou para que eu voltasse para casa com ela.

— Tony me disse que conversou com Peter. Vocês já se falaram? – Perguntou Pepper, sem tirar os olhos da direção.

— Bem pouco, na verdade. Peter não me disse nada sobre Tony ter deixado a gente namorar, mas falou pra sairmos hoje à noite.

— Será que ele está planejando alguma surpresa pra você?

— Não sei. Mas seja lá o que ele estiver pensando, provavelmente é um jeito de contar isso, e eu já sei. Vou ter que fingir surpresa. – Falei.

— Onde vocês vão?

— Não sei ainda.

Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Peter perguntando quais os planos para aquela noite. Ele disse apenas para que eu me arrumasse e ficasse pronta às 19h30.

— Sabe, Lena… Eu estava conversando com Tony sobre você hoje. – Disse Pepper.

— Sobre mim? – Perguntei, desligando a tela do celular.

— É. Perguntei pra ele como ele tem se sentido sendo pai de uma moça de 16 anos, como anda a relação de vocês.

— E…?

— Ele tenta mostrar que tem tudo sob controle, mas é nítido o quão perdido ele ainda se sente em algumas situações. – Ela riu suavemente – E ele disse algo interessante.

— O que ele disse?

— Que se sentiu extremamente bem no momento em que você chamou ele de pai.

Olhei para Pepper sem esboçar reação. Eu não sabia o que dizer.

— Acho que seria legal você começar a fazer isso mais vezes. É claro, se você se sentir confortável. – Sugeriu ela, com um sorrisinho.

Fiz que sim com a cabeça, devolvendo-lhe um sorrisinho suave. Eu não imaginava que aquele momento teve tanta importância para Tony quanto teve pra mim. Senti um calorzinho no coração.

Chegando em casa, fui rapidamente tomar banho e decidir o que vestir. Camiseta cinza, calça jeans, jaqueta de couro preta e bota preta cano curto. Estávamos no auge do outono, e a temperatura tendia a baixar durante a noite.

Deixei os cabelos soltos, passei bastante rímel (como sempre) e tomei um banho de perfume. 19h25. Eu estava pronta. Mandei uma mensagem para Peter, que disse que logo estaria aqui.

Após alguns instantes, Peter mandou uma mensagem dizendo ter chego. Desci as escadas, encontrando Tony e Pepper sentados no sofá assistindo a um filme.

— Peter chegou. Estou saindo, tá? – Avisei.

— Onde vão? May vai levar vocês? – Perguntou Tony.

— Não sei ainda. Peter disse que era surpresa e não me falou nada.

Tony me observou por alguns instantes, até que sorriu e disse:

— Tá bonita.

Olhei em seus olhos e sorri, sem jeito.

— Obrigada, pai.

Percebi o jeito com Tony me olhou quando falei isso. Por um instante, seus olhos pareceram ter mais brilho. Ele sorriu.

Dei um beijinho em cada um e saí, fechando a porta às minhas costas e me deparando com uma imagem que não esperava. Havia um carro parado ali em frente, mas não era May que estava dirigindo.

Era Peter.

— Você dirige? – Indaguei, vendo-o pela janela do carro.

— Agora, sim. – Disse ele, mostrando a carteira de habilitação.

Ergui as sobrancelhas, rindo. Entrei no carro, fechei a porta e coloquei o cinto, perguntando:

— Pra onde vamos?

— É surpresa.

— Devo me preocupar com a possibilidade de ser sequestrada? – Perguntei, brincando.

— Quem sabe.

Sorrimos. A paz que sentia em estar com Peter era diferente de qualquer outra coisa. Eu estava feliz em estar ali, independente de odiar surpresas por não ter o controle da situação.

I (don't) Need a Hero!Onde histórias criam vida. Descubra agora