Capítulo 64

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Eu não podia acreditar. Eu tinha medo de que espalhassem rumores sobre Tony ser meu pai, mas conseguiram deixar aquilo ainda pior.

— Ah, não. – Consegui dizer, somente.

— O que você vai fazer agora? – Perguntou Charlie.

— Não sei. Talvez dizer que ele é só meu chefe e...

— Tá doida? – Cortou Sofia – Aí você vai virar a secretária safada da história!

— Pior que ela tá certa. – Concordou Charlie.

— Puta merda! Mas então o que eu faço???

— Sinceramente? Não sei. Porque até mesmo se você falar que ele é seu pai eles podem entender errado...

Levei as mãos ao rosto, querendo sumir. Aquilo não podia estar acontecendo.

O sinal tocou. Era hora de ir para a aula. No caminho para a sala, um engraçadinho passou por mim e disse:

— Grande Helena! Tá ganhando quanto por encontro?

— Cala a boca, seu estúpido!

Entrei na sala tentando não demonstrar o enorme desespero que sentia. Eu queria sair correndo e sumir dali, mas isso infelizmente não era uma possibilidade, então eu apenas fingi plenitude e assisti à aula, ignorando a todas as provocações terríveis que faziam.

Saindo para o intervalo com meus Charlie e Sofia, as coisas só pioraram. Luke me prensou contra a parede e disse, enquanto seus amigos assistiam à cena:

— Hey, Helena. Não acredito que você me trocou por um coroa rico. Eu esperava isso de todas, literalmente todas as garotas que já peguei, menos de você.

Ele riu e seus amigos idiotas riram também. Eu me sentia muito ridícula por um dia ter gostado desse garoto estúpido.

— Deixa de ser ridículo! – Falei, irritada.

— Luke, larga ela! – Disse Charlie, tentando não partir para a violência.

— Começar a vida de garota de programa com um cara como ele não é pra qualquer um! E olha só! Ele já até te deu um celular novo!

Luke e os amigos gargalhavam, e senti o sangue subir. Ele estava me chamando de prostituta??? Foi a gota d'água. Furiosa, fui para cima de Luke e estava prestes a acertar um soco em seu nariz, quando Charlie e Sofia me seguraram e me puxaram dali.

Uma aglomeração começava a se formar ao nosso redor. Tudo ia de mal a pior.

— Não faz isso! Não vale a pena! – Disse Sofia, segurando um de meus braços enquanto eu tentava me soltar para bater em Luke.

— Isso, vai embora sua vadiazinha! Vai lá com seu coroa! – Gritou Luke, provocando.

Antes mesmo que eu pudesse reagir, Charlie sibilou:

— Chega!

Ele se virou rapidamente e deu um soco um Luke, que recuou alguns passos. Seu nariz começou a sangrar e os alunos que assistiam à cena começaram a tumultuar.

— Charlie, pelo amor de Deus! – Dizia Sofia, tentando puxá-lo por um braço enquanto me segurava com a outra mão.

Quando Luke fez menção de revidar, o diretor chegou, e aí sim eu podia dizer: tudo havia dado errado. Fomos levados para a sala dele e ouvimos um longo sermão sobre respeito, violência e como a escola não tolerava aquele comportamento. Tive dó de Sofia, que nem estava envolvida e ouviu tudo também.

— Eu poderia expulsá-lo por agressão e violência, Sr. Bennet. – Disse o diretor para Charlie.

— O quê? – Contestei – E quanto ao Luke? Ele me humilhou e me ofendeu na frente da escola toda! O Charlie estava me defendendo e ele é o errado da história?

— Srta. Jones eu sugiro que fique calada!

— Sr. Foster, se a escola preza tanto pela justiça, então que seja feita a justiça. Eu concordo que talvez a maneira como o Charlie agiu não tenha sido correta, mas perante essa situação, não acho que ele mereça uma pena maior que a do Luke.

— Não se mete, Helena! – Atacou Luke.

— Quieto, Sr. Jenkins! – Disse o Diretor Foster – Já tomei minha decisão. Vocês dois ficarão suspensos por dois dias, e se algo semelhante voltar a acontecer, não vou pensar duas vezes antes de expulsá-los. Agora vão para a aula.

Saímos da sala do diretor e pude sentir o olhar de Luke me fuzilando pelas costas.

— Charlie, por que fez isso? Você foi suspenso por minha causa. – Falei, sentindo-me péssima.

— Eu não podia deixar aquele idiota falar aquilo de você. E dois dias longe daqui vão me fazer bem.

Eu sabia que ele estava mentindo. Charlie odiava faltar à aula pois não queria perder conteúdo. Abracei-o e voltamos para a sala.

A briga só havia sido um motivo a mais para eu virar alvo dos cochichos alheios, e eu já estava farta daquilo. Ao final da aula saí rapidamente da escola dando graças a Deus por ter sobrevivido àquela manhã terrível. Fui para a empresa e vi algumas pessoas com câmeras por perto. Aqueles provavelmente haviam sido responsáveis pela maldita notícia que proporcionou toda a confusão.

Ao entrar, fui direto para a sala de Tony falar com ele.

— Você leu as notícias? – Perguntei, entrando em sua sala de uma vez.

— Desaprendeu a bater?

— Lê isso aqui!

Entreguei meu celular para ele, que após ler a notícia olhou-me, perplexo. Ele massageou as têmporas e bufou, visivelmente preocupado.

— E agora? – Perguntei, nervosa.

— Eu vou dar um jeito nisso. – Respondeu ele.

I (don't) Need a Hero!Onde histórias criam vida. Descubra agora