Capítulo 62

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Happy havia deixado no meu quarto as caixas que eu tinha separado na minha antiga casa. Como não tinha nada para fazer, resolvi deixar já separado o material para o dia seguinte e começar a tirar minhas coisas da caixa.

Pepper chegou logo, e o restante da noite foi bem tranquilo.

Na manhã seguinte, acordei cedo e fui me preparar para a escola. Vesti minhas roupas de sempre, arrumei meu cabelo e desci as escadas para tomar café.

— Já acordada, Helena? – Perguntou Pepper, fazendo torradas.

— Sim. Tenho aula. Aliás, passam ônibus aqui perto? Eu esqueci de perguntar pro Tony ontem.

— Não se preocupe. – Ela riu levemente – Tony vai levar você pra escola.

— Vai?

— Vou. – Respondeu Tony, aparecendo na cozinha de pijamas e com a cara amassada de sono. Era muito estranho para mim vê-lo dessa maneira, já que estava acostumada a vê-lo sempre impecável.

— Tá bem.

Tomamos café e Tony foi se trocar enquanto eu pegava minha bolsa. Após alguns minutos, estávamos todos prontos.

Pepper entrou em um carro e Tony em outro. Entrei no carro com Tony e perguntei:

— Vocês vão em carros separados? Trabalham no mesmo lugar.

— Discrição. E eu saio muito da Torre durante o dia. Caso eu me atrase ou tenha alguma reunião, ela não fica dependendo de mim pra voltar pra casa.

— Ah... Legal.

— Onde você estuda?

— Colégio Hunter.

— Nunca ouvi falar.

Tony franziu as sobrancelhas e ligou o GPS. Tendo um caminho indicado pelo aparelho, ele começou a dirigir. Sem tirar os olhos da direção, falou:

— Sobre essa situação toda... Seja discreta, tá bem? Muita gente sabendo gera alvoroço, e alvoroço chama a problemas.

— Fica tranquilo, eu não converso com muita gente por lá. E mesmo assim, também nunca gostei de ser o centro das atenções.

Uma quadra antes de chegarmos ao colégio, falei:

— É ali.

Ele arqueou as sobrancelhas de leve. Parou na esquina e disse:

— Como você não gosta de ser o centro das atenções, eu fico por aqui. – Sorri aliviada – Você vai sozinha pra Torre?

— Vou. Eu pego o ônibus.

— Toma cuidado.

— Pode deixar. Obrigada. – Falei, sorrindo levemente e saindo do carro. Tony deu um sorrisinho discreto e foi embora.

Respirei fundo, sabendo que teria que me explicar pela ausência. Entrei no colégio e fingi ser apenas mais um dia normal, embora soubesse que isso não iria durar. Cheguei em meu armário e abri a porta, mas ele foi fechado novamente antes que eu pudesse pegar meus livros.

— Mas o quê... – Olhei para o lado e abri um grande sorriso ao ver Sofia – Sofia! Você não tava viajando?

— Voltei, sua maluca! Você saberia se tivesse lido minhas mensagens! Por que faltou ontem? Olha! Tá de bolsa nova?

— Longa história...

Charlie chegou e disse:

— Olha quem resolveu aparecer. Te liguei e seu telefone só dava caixa postal. Quebrou?

— Eu realmente tenho muita coisa pra contar, mas... – O sinal tocou - ... Vocês vão ter que esperar o intervalo.

Entrei na sala e tentei focar na aula o máximo possível, desligando-me de todo o turbilhão de coisas que aconteceram nos últimos dias. Era estranho usar material novo no meio do ano letivo, mas devo confessar que adoro o cheirinho de caderno novo.

Ao sair para o intervalo, mal coloquei o pé para fora da sala e Sofia já estava ao meu lado. Charlie veio logo depois.

— Acho que alguém deve uma explicação do sumiço. – Disse ele.

— Tá legal, eu conto. Mas vocês têm que prometer que vão ser discretos, e Sofia, eu tô falando sério. Discretos!

— Tá bem.

— Anteontem quando eu saí do trabalho eu fui sequestrada pelo David, o maluco que minha mãe namorou, lembram?

— Você tá zoando a gente, né?

— Gostaria de estar.

Estávamos caminhando pelo corredor quando vi uma certa aglomeração. Ao perceber do que se tratava, levei as mãos ao rosto, sem acreditar. Tony estava ali.

Precisava de um jeito de despistar aquele pessoal todo, e foi então que tive a brilhante ideia de gritar:

— OLHA! ERA O THOR ALI NAQUELE CORREDOR? ERA ELE SIM! OLHA!

Em um segundo, todos correram para procurar Thor e eu arrastei Tony para dentro de uma sala e fechei a porta sem sequer lembrar que Charlie e Sofia estavam assistindo a toda essa cena.

— O que tá fazendo aqui? – Perguntei, confusa.

— Vim atualizar sua matrícula. Os documentos registrados aqui estão desatualizados. Eu nem tinha lembrado disso, na verdade, então agradeça à Pepper. Aliás, onde fica a secretaria desse lugar?

— Última sala à esquerda. Pelo amor de Deus, tenta não chamar tanta atenção.

Saímos da sala e então eu percebi que meus amigos ainda estavam ali parados sem entender absolutamente nada.

— Última sala à esquerda, né? – Perguntou Tony novamente.

— Sim.

Ele olhou para Charlie e Sofia e perguntou:

— São seus amigos?

— É, são sim. Charlie e Sofia. – Apresentei, nervosa.

Tony acenou para eles, que acenaram de volta, boquiabertos.

I (don't) Need a Hero!Onde histórias criam vida. Descubra agora