Capítulo 8

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— Há algo que eu possa fazer para ajudar? – Perguntou ele, retomando sua plenitude.

— Acredito que não. Mas obrigada pela preocupação.

— Acha que consegue ir trabalhar normalmente na segunda-feira?

— Sim, senhor.

— Ótimo.

Ele desligou. Passei mais algum tempo esperando, até que Doutor Scott saiu novamente do quarto, apressado.

— Doutor Scott? Como ela está? – Perguntei, antes que ele se afastasse.

— A produção de hemácias dela está muito baixa. Não posso aplicar nenhuma medicação pra isso agora. Vai precisar de transfusão de sangue.

— Vai demorar?

— Se houvesse um tipo compatível ao dela no banco de sangue, ela poderia receber alta ainda hoje caso o organismo reagisse bem. Mas o banco está em desfalque... Vamos ter que internar e tentar usar só o soro.

— Espera! Meu sangue é compatível! Eu tenho o mesmo tipo sanguíneo da minha mãe!

— Mas Helena, você é...

— Menor de idade, eu sei. Ela faz uma autorização depois! Por favor!

— Você precisa estar bem alimentada, Helena.

— Doutor, por favor. É a minha mãe! Eu comi faz pouco tempo.

Ele olhou-me com preocupação, mas cedeu.

— Vai e come um lanche natural rápido por via das dúvidas. – Disse ele, entregando-me uma nota de 5 dólares.

Corri até a recepção, onde havia um pequeno café e comprei um lanche natural, o qual praticamente engoli. Nunca comi tão rápido em toda a minha vida. Voltei correndo para o 5° andar.

Ainda com o pé atrás, Doutor Scott levou-me para uma sala e realizou a coleta de uma bolsa de sangue de meu braço direito. Sorte. Eu era canhota.

Após terminar, ele retirou a agulha de minha veia e colocou um curativo em meu braço.

— Agora, vai descansar. Vamos fazer alguns exames e realizar a transfusão. Quando sua mãe acordar, chamo você.

— Obrigada.

Saí da sala e sentei na mesma área de espera pelo que pareciam dias... Já havia perdido a noção do tempo, mas tenho certeza de que passei mais de duas horas ali.

O silêncio começou a me deixar com sono, e eu comecei a relutar para me manter acordada. Após um longo tempo, comecei a entrar em desespero. Ninguém aparecia, ninguém dizia nada, e eu só queria notícias de minha mãe.

Após alguns minutos, Doutor Scott saiu da sala. Olhei atentamente para ele, que veio até mim.

— Sua mãe acordou e parece um pouco melhor. Pode ir vê-la, se quiser.

Levantei da cadeira, nervosa. Já estava com um nó na garganta.

Quando entrei no quarto, avistei-a. Tinha o mesmo olhar cheio de ternura e o mesmo sorriso doce nos lábios. Suspirei, aliviada, e fui abraçá-la.

— Ah, minha querida. Está tudo bem agora.

— Está sim, mãe. Como a senhora tá se sentindo?

— Melhor.

Olhei para ela. O soro havia trazido de volta sua cor, diminuindo a palidez. Segurei suas mãos, seus dedos magros acariciando os meus com leveza.

— Você tá tão linda vestida assim. – Ela disse, observando-me.

Só então me dei conta de que ainda usava as roupas da empresa. Eu geralmente me sentia desconfortável com elas, mas naquele momento sequer me lembrava de roupa, sapato ou dor nos pés.

— Tem que usar né. Ordem é ordem, principalmente quando vinda do Sr. Stark. – Falei.

— Você se tornou uma moça tão responsável. Parece que foi ontem que ainda era uma garotinha.

— Tenho 16 anos... Já tava na hora de criar juízo.

Ela riu. Uma enfermeira entrou no quarto e pediu para que eu me retirasse, para que minha mãe pudesse descansar. Dei um beijo na testa de minha mãe e saí. Meio contrariada, mas saí.

Sentei na mesma cadeira. Não me restava mais nada além de esperar. No tédio, comecei a contar quantas portas havia naquele andar, a pensar no que precisaria fazer para a semana seguinte e em diversas bobagens. Após um bom tempo pensando em meio ao silêncio e às paredes brancas, acabei adormecendo.

— Helena?

Abri os olhos. Era o Doutor Scott.

— Doutor?

— Sua mãe reagiu bem à transfusão. Recebeu alta e está se preparando pra ir pra casa. Vou levar vocês.

— Você pode sair do hospital agora?

— Para atender pacientes, sim, e até que sua mãe esteja em casa, ainda estou atendendo. – Ele sorriu, dando-me uma piscadinha.

— Obrigada! – Falei, abraçando-o.

Doutor Scott nos levou para casa e mandou minha mãe permanecer em repouso. Após me certificar de que ela havia dormido, fui tomar banho e dormir também. Não jantei, não fiz mais nada, apenas deitei e dormi. Já passava de duas da manhã, e eu estava esgotada.

I (don't) Need a Hero!Onde histórias criam vida. Descubra agora