Já do lado de fora do hospital, Tony disse:
— Achei que tivesse sido claro.
— Isso é sério?
Ele apenas olhou para mim. Era sério.
— Não entendi o porquê disso.
— Conversamos sobre isso depois. Vamos acertar seus documentos. Ligue para a Pepper e avise que não vou conseguir passar na empresa hoje.
Não dava pra acreditar. Ele estava fugindo da conversa! Agora eu sabia como Peter se sentia... Que coisa irritante!
— Eu estou sem celular. Perdi minha bolsa ontem.
Ele suspirou profundamente.
— Ótimo. Então vamos resolver isso agora.
Nenhum de nós se atreveu a dizer uma palavra sequer durante o caminho todo. Eu de raiva, ele por teimosia. Era o primeiro dia que passávamos juntos e as emoções já haviam se alterado umas mil vezes. Parecia uma montanha russa que ia da calma ao ódio em segundos.
Entramos em uma loja da Apple e ele disse:
— E então? Qual você quer?
— Vai me dar um Iphone?
— Não, uma xícara de chá. – Ironizou.
Revirei os olhos e comecei a olhar os modelos do mostruário, perdendo a respiração ao ver os preços. Era algo surreal para mim, comparado ao meu suado pré-pago dividido em quantas prestações fosse possível.
— Escolhe e me chama quando decidir. Vou estar sentado ali. Ah, e já vê um notebook também. É um milagre aquela sua velharia ainda funcionar. – Disse Tony, visivelmente cansado de esperar eu analisar os celulares.
Conversei com uma atendente da loja que me explicou sobre as diferenças entre cada um e fiz minha escolha.
— Eu já escolhi. – Falei para Tony, meio sem jeito.
— Cor, tudo? Não vou precisar esperar você decidir mais nada? O notebook também?
— Tudo certo.
— Ótimo.
Tony pagou como se estivesse comprando um saco de pão e pegou as sacolas, entregando-as em minhas mãos. Os outros atendentes da loja olhavam curiosos, e eu simplesmente fingia que não era comigo. Voltamos para o carro.
Após algum tempo em silêncio, Tony perguntou:
— Você vai colocar Stark no seu nome?
E agora? Eu não queria tirar o sobrenome da minha mãe, que cuidou sozinha de mim a vida toda. Mas achava pouco caso com Tony não colocar seu sobrenome depois de tudo o que ele vinha fazendo por mim, me assumindo e cuidando de tudo, principalmente porque agora eu viveria com ele. Usar os dois sobrenomes, talvez? Iria ficar um nome extenso.
— Eu não sei. Helena Stark... Ainda é uma ideia um tanto surreal pra mim.
— Entendo. Estar registrando uma filha de dezesseis anos também é um tanto surreal.
Não respondi. E agora? Como deixar meu nome?
Passamos um bom tempo esperando para arrumar meus documentos, fazer um RG novo para mim, alterar a filiação inserindo o nome de Tony e até mesmo fazer um passaporte. Aproveitei para ligar meu novo celular e começar a configurá-lo até que fosse atendida.
— E então? – Perguntou ele – Como vai ser?
A mulher em minha frente esperava para registrar. Não havia mais tempo. Eu deveria decidir como seria meu nome dali pra frente, e isso realmente não era algo fácil.
Respirei fundo e disse, esperando não me arrepender:
— Helena Jones Stark.
— Dois sobrenomes? – Perguntou a moça.
Fiz que sim a com a cabeça e olhei para Tony. Ele sorriu levemente, e naquele momento percebi que ele compreendia.
A mulher registrou. Estava feito. Logo eu teria em mãos meus novos documentos e teria de me acostumar com meu novo nome.
Após toda a burocracia de criar novos documentos, Tony perguntou:
— Mais alguma coisa pra resolver?
— Bom... Eu perdi todo o meu material ontem. Bolsa, cadernos, livros, estojo... Tudo.
Ele olhou bem para mim e eu dei de ombros.
— Vou te deixar na loja e resolver alguns problemas. Compre o que precisa e me ligue quando acabar. Acho que isso deve dar. – Disse ele, entregando-me um bolo de dinheiro.
Arregalei os olhos. Aquilo provavelmente compraria material suficiente para o resto da minha vida escolar. Apenas fiz que sim com a cabeça e Tony dirigiu até a loja, deixando-me na porta e indo embora.
Comprei uma bolsa, cadernos, estojo, canetas e tudo o que precisava. Aproveitei também para comprar uma carteira nova, pois iria realmente precisar de uma.
Após finalizar a compra, liguei para Tony e saí cheia de sacolas para esperá-lo na calçada. Eu nunca havia feito tantas compras num dia só.
Tony não demorou. Assim que entrei no carro ele disse:
— Tenho uma reunião em meia hora. Acha que dá conta de ficar sozinha em casa?
— Tenho dezesseis anos, não seis.
Ele olhou para mim em silêncio e continuou dirigindo. Ao chegar na frente da grande casa, disse:
— Tome cuidado. Não quebre nada, não mexa no que não é seu e me ligue se algo grave acontecer. Pepper chega em torno das seis e meia.
— Sim, senhor.
Ele abriu a porta, eu entrei e ele a trancou. Foi aí que eu percebi que iria ficar literalmente presa até Pepper chegar.
— Ok, né... – Falei para mim mesma, subindo as escadas até meu quarto.
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I (don't) Need a Hero!
RomanceImagine como seria perder o emprego, encontrar o bilionário Tony Stark conversando amigavelmente com sua mãe e descobrir que você vai trabalhar com ele, tudo no mesmo dia. São essas e outras situações inimagináveis que ocorrem no dia a dia de Helena...