Capítulo 61

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Já do lado de fora do hospital, Tony disse:

— Achei que tivesse sido claro.

— Isso é sério?

Ele apenas olhou para mim. Era sério.

— Não entendi o porquê disso.

— Conversamos sobre isso depois. Vamos acertar seus documentos. Ligue para a Pepper e avise que não vou conseguir passar na empresa hoje.

Não dava pra acreditar. Ele estava fugindo da conversa! Agora eu sabia como Peter se sentia... Que coisa irritante!

— Eu estou sem celular. Perdi minha bolsa ontem.

Ele suspirou profundamente.

— Ótimo. Então vamos resolver isso agora.

Nenhum de nós se atreveu a dizer uma palavra sequer durante o caminho todo. Eu de raiva, ele por teimosia. Era o primeiro dia que passávamos juntos e as emoções já haviam se alterado umas mil vezes. Parecia uma montanha russa que ia da calma ao ódio em segundos.

Entramos em uma loja da Apple e ele disse:

— E então? Qual você quer?

— Vai me dar um Iphone?

— Não, uma xícara de chá. – Ironizou.

Revirei os olhos e comecei a olhar os modelos do mostruário, perdendo a respiração ao ver os preços. Era algo surreal para mim, comparado ao meu suado pré-pago dividido em quantas prestações fosse possível.

— Escolhe e me chama quando decidir. Vou estar sentado ali. Ah, e já vê um notebook também. É um milagre aquela sua velharia ainda funcionar. – Disse Tony, visivelmente cansado de esperar eu analisar os celulares.

Conversei com uma atendente da loja que me explicou sobre as diferenças entre cada um e fiz minha escolha.

— Eu já escolhi. – Falei para Tony, meio sem jeito.

— Cor, tudo? Não vou precisar esperar você decidir mais nada? O notebook também?

— Tudo certo.

— Ótimo.

Tony pagou como se estivesse comprando um saco de pão e pegou as sacolas, entregando-as em minhas mãos. Os outros atendentes da loja olhavam curiosos, e eu simplesmente fingia que não era comigo. Voltamos para o carro.

Após algum tempo em silêncio, Tony perguntou:

— Você vai colocar Stark no seu nome?

E agora? Eu não queria tirar o sobrenome da minha mãe, que cuidou sozinha de mim a vida toda. Mas achava pouco caso com Tony não colocar seu sobrenome depois de tudo o que ele vinha fazendo por mim, me assumindo e cuidando de tudo, principalmente porque agora eu viveria com ele. Usar os dois sobrenomes, talvez? Iria ficar um nome extenso.

— Eu não sei. Helena Stark... Ainda é uma ideia um tanto surreal pra mim.

— Entendo. Estar registrando uma filha de dezesseis anos também é um tanto surreal.

Não respondi. E agora? Como deixar meu nome?

Passamos um bom tempo esperando para arrumar meus documentos, fazer um RG novo para mim, alterar a filiação inserindo o nome de Tony e até mesmo fazer um passaporte. Aproveitei para ligar meu novo celular e começar a configurá-lo até que fosse atendida.

— E então? – Perguntou ele – Como vai ser?

A mulher em minha frente esperava para registrar. Não havia mais tempo. Eu deveria decidir como seria meu nome dali pra frente, e isso realmente não era algo fácil.

Respirei fundo e disse, esperando não me arrepender:

— Helena Jones Stark.

— Dois sobrenomes? – Perguntou a moça.

Fiz que sim a com a cabeça e olhei para Tony. Ele sorriu levemente, e naquele momento percebi que ele compreendia.

A mulher registrou. Estava feito. Logo eu teria em mãos meus novos documentos e teria de me acostumar com meu novo nome.

Após toda a burocracia de criar novos documentos, Tony perguntou:

— Mais alguma coisa pra resolver?

— Bom... Eu perdi todo o meu material ontem. Bolsa, cadernos, livros, estojo... Tudo.

Ele olhou bem para mim e eu dei de ombros.

— Vou te deixar na loja e resolver alguns problemas. Compre o que precisa e me ligue quando acabar. Acho que isso deve dar. – Disse ele, entregando-me um bolo de dinheiro.

Arregalei os olhos. Aquilo provavelmente compraria material suficiente para o resto da minha vida escolar. Apenas fiz que sim com a cabeça e Tony dirigiu até a loja, deixando-me na porta e indo embora.

Comprei uma bolsa, cadernos, estojo, canetas e tudo o que precisava. Aproveitei também para comprar uma carteira nova, pois iria realmente precisar de uma.

Após finalizar a compra, liguei para Tony e saí cheia de sacolas para esperá-lo na calçada. Eu nunca havia feito tantas compras num dia só.

Tony não demorou. Assim que entrei no carro ele disse:

— Tenho uma reunião em meia hora. Acha que dá conta de ficar sozinha em casa?

— Tenho dezesseis anos, não seis.

Ele olhou para mim em silêncio e continuou dirigindo. Ao chegar na frente da grande casa, disse:

— Tome cuidado. Não quebre nada, não mexa no que não é seu e me ligue se algo grave acontecer. Pepper chega em torno das seis e meia.

— Sim, senhor.

Ele abriu a porta, eu entrei e ele a trancou. Foi aí que eu percebi que iria ficar literalmente presa até Pepper chegar.

— Ok, né... – Falei para mim mesma, subindo as escadas até meu quarto.

I (don't) Need a Hero!Onde histórias criam vida. Descubra agora