Capítulo 34

8.2K 823 258
                                    


— Sai daqui. – Murmurei, sem forças.

Peter olhava-me estagnado, como se tivesse atirado em mim sem querer.

— Helena, eu...

— Sai! – Exclamei, apontando para a porta, com a mão trêmula.

Ele lançou-me um último olhar e saiu em silêncio, fechando a porta. Escondi o rosto entre as mãos, em prantos. Ouvir aquilo saindo de minha própria boca havia sido doloroso demais.

Eu estava esgotada. Toda aquela tensão estava acabando comigo.

Enxuguei as lágrimas e respirei fundo, indo até janela enquanto tentava me acalmar. Eu precisava ser forte, e sabia disso, mas estava sendo muito mais difícil do que eu esperava.

Após alguns minutos, quando estava, enfim, recuperando a calma, meu celular começou a vibrar, e eu estremeci. Fui rapidamente até a mesa e o peguei. Era o Doutor Scott.

— A-alô? – Atendi, receosa.

— Helena? É você?

— Sou eu.

— Helena, a sua mãe...

Senti minhas pernas fraquejarem e apoiei-me na mesa, sentando-me na cadeira e tentando respirar.

— O que tem minha mãe? – Perguntei, tensa.

— Ela teve uma recaída grave. Temo que não tenha muito tempo.

Senti as lágrimas escorrendo em minhas bochechas. Minha mãe estava morrendo. Era tudo o que conseguia pensar.

— Ela está pedindo que você venha até o hospital e que traga com você alguém chamado Tony. Disse que você saberia quem é.

Tony? Tony Stark? O que minha mãe poderia querer com Tony Stark nesse momento? Confusa demais para contestar, respondi:

— Estarei aí em dez minutos.

Desliguei meu celular e corri porta afora até o escritório de Tony. Minha visão estava turva, e posso dizer que foi por um milagre que não trombei em nada ou ninguém.

— Sr. Stark! – Exclamei, abrindo as portas de uma só vez.

— Srta. Jones? O que foi? O que tá acontecendo? – Perguntou ele, assustado.

— Minha mãe!

Tony de repente ficou pálido. Levantou rapidamente e veio até mim, quase derrubando as coisas em sua mesa.

­— O senhor precisa vir comigo até o hospital agora!

— Eu? Mas eu...

— Por favor! – Implorei, em meio aos soluços desesperados.

Sem dizer nada, ele correu até as escadas, e eu fui atrás. O elevador estava ocupado, e não tínhamos tempo para esperar. Passamos pelo hall, despertando a curiosidade dos funcionários, que olhavam a cena sem entender. Pepper veio até Tony e perguntou, preocupada:

— Tony, o que tá acontecendo? Onde você vai?

— Eu preciso ir vê-la antes que seja tarde!

— Vê-la? Ver quem?

— Rosely.

Pepper olhou para Tony, visivelmente incomodada. Sem tempo para explicar qualquer coisa, ele continuou a correr, e eu não fiquei atrás. Tony destrancou seu carro e entrou. Entrei e sentei no banco do passageiro, tremendo. Ele arrancou rapidamente, quase batendo em outro carro, e saiu pela rua.

Em alguns minutos, estávamos em frente ao grande edifício. Saímos do carro e eu corri até a recepção, sendo seguida por Tony. Fui informada do quarto e do andar onde minha mãe estava e corri para as escadas, temendo chegar tarde demais.

Após intermináveis degraus e portas a se perder de vista, encontrei Doutor Scott saindo de uma sala. Corri até ele.

— Doutor Scott! – Exclamei.

— Helena!

— Onde minha mãe tá?

— Ela está com uma visita agora, mas acredito que não deva demorar. Vou levar vocês até ela, mas preciso que se acalmem. Nada de emoções fortes, porque o coração dela está muito fragilizado. Venham comigo.

Respirei fundo e fui seguindo Scott pelo corredor. Tony ia ao meu lado em silêncio. Ele parecia confuso.

Paramos em frente a uma porta, e ao olhar o interior da sala, senti uma tontura terrível. David? O que ele queria agora? Cerrei os punhos e respirei fundo, sentindo o sangue subir.

Após alguns instantes, David deixou a sala.

— Helena. Achei que estivesse trabalhando. – Disse ele, um pouco desconcertado, depois olhou para Tony e seu rosto se enrijeceu – Você...?

— Não é da sua conta, David. Vai embora daqui! – Falei, olhando fixamente para ele.

David encarou Tony em silêncio, como se houvesse ali algo pendente. Tony não demonstrou submissão um segundo sequer, sustentando o olhar de David com firmeza.

— Vai embora! – Repeti, avançando em sua direção – Eu não sei o que você veio fazer aqui e não me interessa saber. Fica longe da minha mãe!

Ouvi Doutor Scott murmurar:

— Calma, Helena.

Pisquei lentamente e suspirei. Era isso ou socar David. Percebendo que não era bem-vindo, ele cumprimentou Scott, encarou Tony por mais dois segundos e foi embora.

Após ter a certeza de que eu estava mais calma, Scott abriu a porta. Respirei fundo e entrei com Tony. Minha mãe virou a cabeça lentamente e deu um sorriso fraco ao nos ver.

— Mãe. – Sussurrei, segurando as lágrimas.

Fui até ela e parei ao lado da cama. Segurei delicadamente sua mão, com cuidado para não tocar nos tubos que injetavam soro em suas veias.

— Oi, minha querida. – Ela sorriu, e depois olhou para Tony – Tony, você veio.

Ele fez que sim com a cabeça, em absoluto silêncio.

— O que aconteceu, mãe? Disse que queria nos ver. E por que o David tava aqui? Mãe, o que tá acontecendo?

— Querida, eu... Eu preciso que deixe que eu e Tony conversemos a sós. Pode fazer isso por mim?

Olhei para ela sem entender, e olhei para Tony. Por mais difícil que fosse de acreditar, ele parecia não saber de nada também. Ainda meio relutante, falei:

— Tudo bem.

Lancei um longo e carregado olhar para Tony, como se isso pudesse me trazer informações. Enfim, saí da sala e fechei a porta, indo esperar no corredor.

I (don't) Need a Hero!Onde histórias criam vida. Descubra agora