— Sai daqui. – Murmurei, sem forças.
Peter olhava-me estagnado, como se tivesse atirado em mim sem querer.
— Helena, eu...
— Sai! – Exclamei, apontando para a porta, com a mão trêmula.
Ele lançou-me um último olhar e saiu em silêncio, fechando a porta. Escondi o rosto entre as mãos, em prantos. Ouvir aquilo saindo de minha própria boca havia sido doloroso demais.
Eu estava esgotada. Toda aquela tensão estava acabando comigo.
Enxuguei as lágrimas e respirei fundo, indo até janela enquanto tentava me acalmar. Eu precisava ser forte, e sabia disso, mas estava sendo muito mais difícil do que eu esperava.
Após alguns minutos, quando estava, enfim, recuperando a calma, meu celular começou a vibrar, e eu estremeci. Fui rapidamente até a mesa e o peguei. Era o Doutor Scott.
— A-alô? – Atendi, receosa.
— Helena? É você?
— Sou eu.
— Helena, a sua mãe...
Senti minhas pernas fraquejarem e apoiei-me na mesa, sentando-me na cadeira e tentando respirar.
— O que tem minha mãe? – Perguntei, tensa.
— Ela teve uma recaída grave. Temo que não tenha muito tempo.
Senti as lágrimas escorrendo em minhas bochechas. Minha mãe estava morrendo. Era tudo o que conseguia pensar.
— Ela está pedindo que você venha até o hospital e que traga com você alguém chamado Tony. Disse que você saberia quem é.
Tony? Tony Stark? O que minha mãe poderia querer com Tony Stark nesse momento? Confusa demais para contestar, respondi:
— Estarei aí em dez minutos.
Desliguei meu celular e corri porta afora até o escritório de Tony. Minha visão estava turva, e posso dizer que foi por um milagre que não trombei em nada ou ninguém.
— Sr. Stark! – Exclamei, abrindo as portas de uma só vez.
— Srta. Jones? O que foi? O que tá acontecendo? – Perguntou ele, assustado.
— Minha mãe!
Tony de repente ficou pálido. Levantou rapidamente e veio até mim, quase derrubando as coisas em sua mesa.
— O senhor precisa vir comigo até o hospital agora!
— Eu? Mas eu...
— Por favor! – Implorei, em meio aos soluços desesperados.
Sem dizer nada, ele correu até as escadas, e eu fui atrás. O elevador estava ocupado, e não tínhamos tempo para esperar. Passamos pelo hall, despertando a curiosidade dos funcionários, que olhavam a cena sem entender. Pepper veio até Tony e perguntou, preocupada:
— Tony, o que tá acontecendo? Onde você vai?
— Eu preciso ir vê-la antes que seja tarde!
— Vê-la? Ver quem?
— Rosely.
Pepper olhou para Tony, visivelmente incomodada. Sem tempo para explicar qualquer coisa, ele continuou a correr, e eu não fiquei atrás. Tony destrancou seu carro e entrou. Entrei e sentei no banco do passageiro, tremendo. Ele arrancou rapidamente, quase batendo em outro carro, e saiu pela rua.
Em alguns minutos, estávamos em frente ao grande edifício. Saímos do carro e eu corri até a recepção, sendo seguida por Tony. Fui informada do quarto e do andar onde minha mãe estava e corri para as escadas, temendo chegar tarde demais.
Após intermináveis degraus e portas a se perder de vista, encontrei Doutor Scott saindo de uma sala. Corri até ele.
— Doutor Scott! – Exclamei.
— Helena!
— Onde minha mãe tá?
— Ela está com uma visita agora, mas acredito que não deva demorar. Vou levar vocês até ela, mas preciso que se acalmem. Nada de emoções fortes, porque o coração dela está muito fragilizado. Venham comigo.
Respirei fundo e fui seguindo Scott pelo corredor. Tony ia ao meu lado em silêncio. Ele parecia confuso.
Paramos em frente a uma porta, e ao olhar o interior da sala, senti uma tontura terrível. David? O que ele queria agora? Cerrei os punhos e respirei fundo, sentindo o sangue subir.
Após alguns instantes, David deixou a sala.
— Helena. Achei que estivesse trabalhando. – Disse ele, um pouco desconcertado, depois olhou para Tony e seu rosto se enrijeceu – Você...?
— Não é da sua conta, David. Vai embora daqui! – Falei, olhando fixamente para ele.
David encarou Tony em silêncio, como se houvesse ali algo pendente. Tony não demonstrou submissão um segundo sequer, sustentando o olhar de David com firmeza.
— Vai embora! – Repeti, avançando em sua direção – Eu não sei o que você veio fazer aqui e não me interessa saber. Fica longe da minha mãe!
Ouvi Doutor Scott murmurar:
— Calma, Helena.
Pisquei lentamente e suspirei. Era isso ou socar David. Percebendo que não era bem-vindo, ele cumprimentou Scott, encarou Tony por mais dois segundos e foi embora.
Após ter a certeza de que eu estava mais calma, Scott abriu a porta. Respirei fundo e entrei com Tony. Minha mãe virou a cabeça lentamente e deu um sorriso fraco ao nos ver.
— Mãe. – Sussurrei, segurando as lágrimas.
Fui até ela e parei ao lado da cama. Segurei delicadamente sua mão, com cuidado para não tocar nos tubos que injetavam soro em suas veias.
— Oi, minha querida. – Ela sorriu, e depois olhou para Tony – Tony, você veio.
Ele fez que sim com a cabeça, em absoluto silêncio.
— O que aconteceu, mãe? Disse que queria nos ver. E por que o David tava aqui? Mãe, o que tá acontecendo?
— Querida, eu... Eu preciso que deixe que eu e Tony conversemos a sós. Pode fazer isso por mim?
Olhei para ela sem entender, e olhei para Tony. Por mais difícil que fosse de acreditar, ele parecia não saber de nada também. Ainda meio relutante, falei:
— Tudo bem.
Lancei um longo e carregado olhar para Tony, como se isso pudesse me trazer informações. Enfim, saí da sala e fechei a porta, indo esperar no corredor.
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I (don't) Need a Hero!
RomanceImagine como seria perder o emprego, encontrar o bilionário Tony Stark conversando amigavelmente com sua mãe e descobrir que você vai trabalhar com ele, tudo no mesmo dia. São essas e outras situações inimagináveis que ocorrem no dia a dia de Helena...