Pepper trouxe um copo d'água para mim e se sentou ao meu lado no sofá.
— Fiquei sabendo do que aconteceu, Helena. Você está bem?
— Acho que sim... É muita coisa pra processar.
Ela olhava para mim com pena, mas eu sequer consegui me incomodar.
— Peter levou um tiro. E foi minha culpa. – Murmurei, sentindo um nó na garganta e as lágrimas se formando em meus olhos.
A boca de Pepper se abriu. Ela veio rapidamente até mim e me abraçou fortemente. Não consegui me segurar e chorei.
— Não foi sua culpa. Vai ficar tudo bem. – Ela dizia, passando a mão por meus cabelos.
— Eu não vou me perdoar se acontecer alguma coisa com ele, Pepper.
— Não vai acontecer nada. Ele vai ficar bem. Fica calma.
Respirei fundo e terminei de beber a água. Enxuguei as lágrimas em meu rosto, quando virei repentinamente para Pepper e perguntei:
— Pepper! Você sabia???
— Sabia do quê?
— Sobre o Tony... Sobre ele ser...
Pepper fechou os olhos e suspirou. Por fim, respondeu:
— Sim. Eu já sabia disso há um tempo.
— Por que você não me contou?
— Tony queria contar ele mesmo. Ele queria encontrar um jeito de te dizer, mas sempre ficava nervoso e acabava adiando essa conversa.
— Acabei sabendo da maneira mais desagradável possível. Amarrada numa cadeira, sendo ameaçada pelo ex maluco da minha mãe. Foi ele quem contou. Tony não disse nada e continuaria escondendo isso por mais não sei quanto tempo se pudesse.
— Helena, eu sei que a situação é péssima, mas não julgue o Tony. Você não tem ideia do quanto essa situação mexeu com ele.
Não respondi. Apenas deixei minha cabeça cair para trás no encosto do sofá e fechei meus olhos. Eu só queria acordar desse pesadelo.
Lembrei de May e senti a espinha gelar. Ela devia estar super preocupada.
— May deve estar passando mal de nervoso por Peter ter sumido. O que eu vou dizer pra ela? Como eu vou explicar que o sobrinho dela levou um tiro por minha causa? Ai, meu Deus! Será que ela me ligou?
Fui procurar meu celular em minha bolsa, quando percebi que nem com a bolsa eu estava.
— Ah não! Merda! Minha bolsa! Tava tudo lá! Documentos, material, celular, tudo!
— Não se preocupe com isso agora. Tony vai cuidar de tudo.
— Já ouvi isso antes...
Passei um tempo conversando com Pepper e quando olhei o relógio, vi que passava de meia-noite.
— Já tá tarde. Você precisa descansar, Pepper.
— Fica tranquila. Vou ficar aqui com você até Tony chegar. Ele não deve demorar.
Ela mal terminou a frase, quando Tony entrou na casa, visivelmente exausto. Happy entrou atrás dele com uma mala grande que eu logo reconheci. Era a mala que eu havia levado para a casa de Peter.
— Vou tomar um banho. – Disse ele, passando reto por onde estávamos.
Eu estava aflita por notícias de Peter, para saber que fim David levou, para saber como May estava e outras mil coisas que passavam por minha mente, mas não podia negar a Tony um banho depois de tudo o que ele havia passado por mim.
Após uns 20 minutos, Tony apareceu na sala com os cabelos ainda úmidos. Parecia abatido. Ele se sentou no sofá e suspirou.
— E então...? – Perguntei, sem conseguir me conter.
— O julgamento do David vai ser em três dias. Mas acho difícil dar errado.
— Isso é ótimo! – Disse Pepper.
— M-mas e o Peter? Ele tá bem? – Perguntei.
— Ele passou por uma pequena cirurgia pra retirar a bala. Nada grave. Vai ficar bem.
Suspirei aliviada, como se um peso enorme fosse tirado de minhas costas.
— Você falou com a May?
— Sim. Disse que vocês estavam voltando pra casa e houve uma tentativa de sequestro. Ele tentou proteger você e acabou baleado, deixando o caminho livre para você ser levada.
Fechei meus olhos. Que confusão. Estava tão perturbada com tudo isso que não consegui sequer me esforçar para segurar o choro. Acho que chorei mais vezes nesse dia do que em minha vida toda.
— Tá tudo bem agora. – Disse Tony, pousando a mão em meu ombro.
— Nem tudo. – Respondi fungando – Ainda tem muita coisa pra ser resolvida.
Ele fez que sim com a cabeça, compreendendo onde eu queria chegar. Pepper pediu licença e se retirou, dando-nos privacidade para resolvermos nossos problemas.
— Você devia ter me contado. – Falei, assim que ela saiu.
— Helena, você não tem ideia do quanto essa situação vem sendo difícil pra mim. Tudo aconteceu de uma vez só, num momento extremamente complicado.
— Eu que o diga. – Respondi.
— Quando sua mãe te apresentou pra mim, eu conheci a filha da Rosely, não a minha... Foi um choque quando ela me contou.
— Pelo menos alguém contou pra você...
— Eu entendo que esteja chateada. Me desculpa, tá bem? Eu não consegui encontrar as palavras certas pra te contar.
Franzi os lábios e olhei para o chão. A situação estava muito desconfortável, e eu não sabia o que dizer.
— Vem cá. – Disse ele, levantando-se – Quero te mostrar uma coisa.
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I (don't) Need a Hero!
RomanceImagine como seria perder o emprego, encontrar o bilionário Tony Stark conversando amigavelmente com sua mãe e descobrir que você vai trabalhar com ele, tudo no mesmo dia. São essas e outras situações inimagináveis que ocorrem no dia a dia de Helena...