Capítulo 57

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Pepper trouxe um copo d'água para mim e se sentou ao meu lado no sofá.

— Fiquei sabendo do que aconteceu, Helena. Você está bem?

— Acho que sim... É muita coisa pra processar.

Ela olhava para mim com pena, mas eu sequer consegui me incomodar.

— Peter levou um tiro. E foi minha culpa. – Murmurei, sentindo um nó na garganta e as lágrimas se formando em meus olhos.

A boca de Pepper se abriu. Ela veio rapidamente até mim e me abraçou fortemente. Não consegui me segurar e chorei.

— Não foi sua culpa. Vai ficar tudo bem. – Ela dizia, passando a mão por meus cabelos.

— Eu não vou me perdoar se acontecer alguma coisa com ele, Pepper.

— Não vai acontecer nada. Ele vai ficar bem. Fica calma.

Respirei fundo e terminei de beber a água. Enxuguei as lágrimas em meu rosto, quando virei repentinamente para Pepper e perguntei:

— Pepper! Você sabia???

— Sabia do quê?

— Sobre o Tony... Sobre ele ser...

Pepper fechou os olhos e suspirou. Por fim, respondeu:

— Sim. Eu já sabia disso há um tempo.

— Por que você não me contou?

— Tony queria contar ele mesmo. Ele queria encontrar um jeito de te dizer, mas sempre ficava nervoso e acabava adiando essa conversa.

— Acabei sabendo da maneira mais desagradável possível. Amarrada numa cadeira, sendo ameaçada pelo ex maluco da minha mãe. Foi ele quem contou. Tony não disse nada e continuaria escondendo isso por mais não sei quanto tempo se pudesse.

— Helena, eu sei que a situação é péssima, mas não julgue o Tony. Você não tem ideia do quanto essa situação mexeu com ele.

Não respondi. Apenas deixei minha cabeça cair para trás no encosto do sofá e fechei meus olhos. Eu só queria acordar desse pesadelo.

Lembrei de May e senti a espinha gelar. Ela devia estar super preocupada.

— May deve estar passando mal de nervoso por Peter ter sumido. O que eu vou dizer pra ela? Como eu vou explicar que o sobrinho dela levou um tiro por minha causa? Ai, meu Deus! Será que ela me ligou?

Fui procurar meu celular em minha bolsa, quando percebi que nem com a bolsa eu estava.

— Ah não! Merda! Minha bolsa! Tava tudo lá! Documentos, material, celular, tudo!

— Não se preocupe com isso agora. Tony vai cuidar de tudo.

— Já ouvi isso antes...

Passei um tempo conversando com Pepper e quando olhei o relógio, vi que passava de meia-noite.

— Já tá tarde. Você precisa descansar, Pepper.

— Fica tranquila. Vou ficar aqui com você até Tony chegar. Ele não deve demorar.

Ela mal terminou a frase, quando Tony entrou na casa, visivelmente exausto. Happy entrou atrás dele com uma mala grande que eu logo reconheci. Era a mala que eu havia levado para a casa de Peter.

— Vou tomar um banho. – Disse ele, passando reto por onde estávamos.

Eu estava aflita por notícias de Peter, para saber que fim David levou, para saber como May estava e outras mil coisas que passavam por minha mente, mas não podia negar a Tony um banho depois de tudo o que ele havia passado por mim.

Após uns 20 minutos, Tony apareceu na sala com os cabelos ainda úmidos. Parecia abatido. Ele se sentou no sofá e suspirou.

— E então...? – Perguntei, sem conseguir me conter.

— O julgamento do David vai ser em três dias. Mas acho difícil dar errado.

— Isso é ótimo! – Disse Pepper.

— M-mas e o Peter? Ele tá bem? – Perguntei.

— Ele passou por uma pequena cirurgia pra retirar a bala. Nada grave. Vai ficar bem.

Suspirei aliviada, como se um peso enorme fosse tirado de minhas costas.

— Você falou com a May?

— Sim. Disse que vocês estavam voltando pra casa e houve uma tentativa de sequestro. Ele tentou proteger você e acabou baleado, deixando o caminho livre para você ser levada.

Fechei meus olhos. Que confusão. Estava tão perturbada com tudo isso que não consegui sequer me esforçar para segurar o choro. Acho que chorei mais vezes nesse dia do que em minha vida toda.

— Tá tudo bem agora. – Disse Tony, pousando a mão em meu ombro.

— Nem tudo. – Respondi fungando – Ainda tem muita coisa pra ser resolvida.

Ele fez que sim com a cabeça, compreendendo onde eu queria chegar. Pepper pediu licença e se retirou, dando-nos privacidade para resolvermos nossos problemas.

— Você devia ter me contado. – Falei, assim que ela saiu.

— Helena, você não tem ideia do quanto essa situação vem sendo difícil pra mim. Tudo aconteceu de uma vez só, num momento extremamente complicado.

— Eu que o diga. – Respondi.

— Quando sua mãe te apresentou pra mim, eu conheci a filha da Rosely, não a minha... Foi um choque quando ela me contou.

— Pelo menos alguém contou pra você...

— Eu entendo que esteja chateada. Me desculpa, tá bem? Eu não consegui encontrar as palavras certas pra te contar.

Franzi os lábios e olhei para o chão. A situação estava muito desconfortável, e eu não sabia o que dizer.

— Vem cá. – Disse ele, levantando-se – Quero te mostrar uma coisa.

I (don't) Need a Hero!Onde histórias criam vida. Descubra agora