Capítulo 24

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Tony se calou na hora. Analisou o objeto e olhou para mim, estagnado.

— Isso é...

— Isso, Sr. Stark, é uma das armas usadas no ataque de sábado. Igual às usadas no Brooklyn.

— Como conseguiu isso?

— Não vem ao caso. Sugiro que o senhor tome as devidas providências.

— Você testou isso? Tentou usar?

— Não. Eu guardei na bolsa e esperei pra entregar nas suas mãos. Tentar usar isso sem saber as propriedades que possui seria um ato imprudente. Acredito que o melhor a fazer seja mandar pro laboratório.

— Muito bem, Srta. Jones. Agiu com grande sabedoria e responsabilidade.

— Espero que o senhor aja também, e comece a prestar mais atenção nessa história. Com licença.

Saí da sala sem olhar para trás. Havia sido um pouco rude, confesso, mas talvez fosse a única maneira de fazê-lo me ouvir. Que homem teimoso!

Fui para a minha sala, aliviada por ter tirado a responsabilidade de minhas mãos. Eu queria ter entregado a arma a ele no dia anterior, mas minha cabeça estava tão cheia que sequer lembrei de arma ou de Tony Stark.

O dia corria bem, sem grandes novidades. Estava focada em meu trabalho, quando ouvi um barulho estranho que parecia vir de alguns andares abaixo. Som de disparo.

Levantei, assustada, e abri a porta. Todos andavam rapidamente pela empresa, preocupados.

Tony atravessava o corredor rapidamente. Segurei-o pelo braço e perguntei, entre os barulhos de tiros e móveis sendo quebrados:

— O que tá acontecendo?

— Vou dar um jeito nisso. Não saia da sua sala.

Antes que eu pudesse responder, a armadura de Tony literalmente entrou voando pela janela, moldando-se em volta dele e transformando-o no Homem de Ferro.

Após ver Tony em sua grande armadura sumir pela janela, ignorei suas palavras e desci cuidadosamente, afim de ver o que acontecia.

Espiei pelo canto da parede e vi o caos formado. Seja lá quem ou o que estivesse por trás daquilo, o ataque foi bem planejado. Passar pela segurança da torre não era algo para amadores. Mas quem faria uma coisa dessas?

Foi então que vi. As mesmas roupas do ataque de sábado, as armas estranhas. Eram eles. Lutavam incansavelmente contra os agentes da organização, que pareciam confusos.

Um agente foi atingido e, poucos instantes depois, desapareceu diante de meus olhos. Algo inacreditável. O revólver que segurava deslizou pelo chão e parou a dois passos de meus pés. Olhei em volta e, percebendo que ninguém olhava para aquele canto, peguei rapidamente a arma.

— Cinco balas... – Sussurrei para mim mesma.

Analisei a situação e me concentrei, tentando lembrar das aulas de disparo que tive com meu avô há dois anos, enquanto ele ainda era vivo. Sem esperar mais, atirei, acertando um dos inimigos. A troca de tiros era tão intensa que sequer notaram de onde saiu o disparo.

Com cuidado, fui efetuando os disparos, um a um. Sobraram duas balas. Ao disparar uma, errei, e acabei chamando a atenção de um grandalhão careca.

Ele havia me visto. Droga! Subi as escadas rapidamente, ouvindo os passos largos se aproximando. Corri e virei um dos muitos corredores, me escondendo.

Suspirei em silêncio, e quando me virei, percebi que não estava sozinha. Outro homem acabara de virar o corredor, encontrando-me.

Eu só tinha uma bala, e não havia tempo para pensar. O homem vinha em minha direção com a estranha arma apontada para mim. Não movi um músculo. Ao chegar a centímetros de distância, ele disse:

— Passa a arma.

Fiz menção de entregar-lhe o revólver, mas acabei acertando um soco em seu nariz, o que o desnorteou por um instante. Comecei a correr, mas o som de meus passos foi suficiente para chamar a atenção do outro homem que estava atrás de mim. Ele logo entrou em minha frente, impedindo-me de fugir. Que bela situação, hein, Helena.

Eu estava encurralada. Não havia para onde correr. Sem saber o que fazer, agi por impulso. Montei nas costas do grandalhão com dificuldade e mirei no outro, mas algo o atingiu antes que eu pudesse atirar.

Tony estava ali. Aliás, o Homem de Ferro. Desci das costas do grandalhão, que ainda tentava me pegar (ou me derrubar) e fiquei na espreita, enquanto o herói tirava os dois homens da jogada.

Após ter certeza de que nenhum dos dois se levantaria tão cedo, Tony tirou sua máscara e disse, aparentemente furioso:

— Eu mandei você ficar na sala!

— Eu não podia te deixar sozinho! Eu...

— Você deveria ter seguido minha ordem!

— Mas se você me deixar explicar...

— Nem mais uma palavra!

Abri a boca para falar, mas desisti. Engoli as palavras a contragosto, sentindo o gosto amargo do orgulho.

Um dos homens atingidos por Stark arrastava-se sutilmente pelo chão, tentando alcançar sua arma. Atirei próximo a ela, para impedi-lo. Gastei minha última bala.

I (don't) Need a Hero!Onde histórias criam vida. Descubra agora