Capítulo 35

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Quando fechei a porta, encontrei o Doutor Scott.

— Está tudo bem? – Perguntou ele, que permanecia ao lado da porta, esperando-nos.

— Ela pediu pra falar com ele a sós. Não sei se isso é bom.

— Não sabia que tinham contato com o Sr. Tony Stark.

— Acredite ou não, eu ainda estou tão surpresa quanto o senhor.

Encostei na parede, sem paciência para sentar-me, enquanto esperava. Eu tinha muito medo de que o pior acontecesse, e sabia que poderia ser a qualquer momento.

Fiquei olhando pelo visor para o interior do quarto. Sabia que não era certo, mas não conseguia compreender o que minha mãe poderia querer com Tony Stark naquele momento. Será que tinham um caso? Senti vergonha de pensar isso de minha mãe, pois ela nunca foi de ceder aos encantos de homem nenhum, mesmo que se tratasse um garanhão bonitão e bilionário como Tony.

Comecei a lembrar da briga que tive com Peter, e de tudo o que havia dito. "Minha mãe tá morrendo! Ela tá morrendo e eu não posso fazer nada!". Senti um arrepio e uma angústia intensa se apossando de mim, e tive que relutar para manter a calma.

Ainda estava imersa em meus pensamentos, quando ouvi a porta se abrindo. Tony saiu da sala totalmente pálido, com uma expressão indescritível. Suas mãos tremiam e ele olhava para mim como nunca vi alguém fazer antes. Olhei para ele, sentindo um medo imenso.

— Sua mãe... Ela quer falar com você. – Disse ele, ainda perplexo.

Suspirei, com uma leve tontura, e entrei na sala. Minha mãe fez um sinal para que eu me sentasse, e eu o fiz.

— Helena, quero que prometa uma coisa pra mim. – Disse ela, segurando minha mão.

— Qualquer coisa.

— Quero que você seja forte, e que não perca a sua essência. E independe do que acontecer daqui pra frente, nunca se esqueça do quanto eu amo você. – Sua voz estava fraca, quase um sussurro.

— Eu prometo, mas... Por que tá falando assim?

— Ah querida... Nós duas sabemos que eu não vou estar aqui pra te ajudar e te ver crescer. Quero garantir que você faça a coisa certa.

— Não fala assim. É claro que você vai estar! E eu prometo que não vou te decepcionar.

— Sei que não vai. Confio em você.

Sorri, com um nó na garganta. Era difícil me manter firme naquele momento.

— Eu te amo, filha.

— Também te amo, mãe. Te amo muito.

Foi então que eu ouvi, como um anúncio do pior, o agudo e contínuo som que pairava pela sala. Não havia mais batimentos. Minha mãe havia morrido em minha frente, e eu ainda segurava sua mão.

— Mãe? Mãe?

As lágrimas começaram a rolar em meu rosto sem cessar. Naquele momento, eu me senti a pessoa mais vazia e vulnerável do mundo.

— Doutor Scott! – Gritei, desesperada.

Ele entrou rapidamente na sala, e Tony entrou logo atrás, visivelmente perturbado. Ao ver o que havia acontecido, Stark colocou as mãos em meus ombros e me levou para fora da sala. Eu estava em choque, e sequer consegui relutar.

Já fora da sala, tudo parecia confuso para mim. Médicos entrando rapidamente na sala, uns passando ordens para outros, e de repente, já não se podia mais enxergar minha mãe pela janela, apenas os vários médicos em volta dela.

Tony virou-me para ele e passou os braços ao meu redor, tentando desviar meu olhar. Tive a impressão de ver uma lágrima em seu rosto quando me virei, mas nunca poderei afirmar com certeza. Minha visão estava turva e meus pensamentos todos embaralhados.

Afundei o rosto no peito de Tony, enquanto ele me abraçava fortemente. Era um abraço sincero, não apenas um consolo. Eu podia sentir.

Após alguns instantes, ouvi a porta se abrindo, e Doutor Scott saiu, olhando para nós derrotado.

— Ela se foi. – Disse ele, com pesar.

Cada palavra era como um soco em meu estômago. Cada minuto parecia uma eternidade. Eu sentia que poderia vomitar a qualquer momento. Doutor Scott olhou para mim e murmurou:

— Me perdoa, Helena.

Não consegui responder. Não consegui sequer processar suas palavras. Nada fazia sentido naquele momento.

Foi então que percebi que ainda estava abraçada a Tony. Era uma situação estranha e até mesmo constrangedora ficar abraçada ao chefe como uma criança, mas eu não conseguia largá-lo. Ou não queria. Sentia que iria cair caso me soltasse dele, mas ele parecia não se importar. Continuava com os braços ao meu redor, envolvendo-me, embora eu tivesse a impressão de que ele me soltaria a qualquer momento.

I (don't) Need a Hero!Onde histórias criam vida. Descubra agora