Capítulo 7

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Pela manhã, fui conferir a caixa de remédios de minha mãe enquanto tomava café, e percebi que estavam no fim.

— Não posso esquecer de passar na farmácia.

Coloquei um lembrete no celular para não esquecer.

Na escola, nada de diferente. Apenas mais pesquisas para entregar e provas para estudar. Ia trocar de roupa, mas lembrei do sufoco passado no ônibus no dia anterior, então preferi me trocar na própria empresa.

Chegando na empresa, mesmo protocolo de sempre: identificação na porta seguida de longos minutos no elevador.

O dia foi longo. Minha cabeça estava a mil. Pensava no que precisava fazer, nas provas, em minha mãe, em como iria fazer quando saísse do trabalho. Sim, o maldito "encontro" estava me deixando louca, embora não houvesse motivo. Sair com Parker seria uma situação estranha.

Resolvi pegar um café e respirar um pouco, para pôr a cabeça no lugar. Não demorei (nem podia), e já retornei às minhas atividades.

Em torno das 16h30, meu celular tocou. Olhei a tela e fiquei surpresa ao ver que era minha mãe. Ela nunca me ligava no horário de aula ou serviço, a menos que fosse uma emergência.

— Alô? Mãe?

— Helena? Oi meu amor, como você está? – Senti sua voz fraca e abatida.

— Eu que te pergunto. Aconteceu alguma coisa?

— Não... Eu só liguei pra dizer que te amo.

— Mãe... O que tá rolando? Eu também te amo, mas estou preocupada. – Falei, levantando-me.

— Não se preocupe, querida. Está tudo be... AAAAH! – Ela gritou repentinamente.

Paralisei. Eu sabia que não estava tudo bem.

— Mãe? Mãe, pelo amor de Deus! O que aconteceu?

— N-nada querida... São só umas dores... – Sua voz expressava agonia.

— Mãe, fica calma! Eu vou ligar pro Doutor Scott! Respira fundo!

Desliguei e liguei depressa para o médico.

— Alô?

— Doutor Scott! É a Helena Jones! Minha mãe tá mal! Ajuda por favor!

— Ela está em casa?

— Está!

— Estarei lá em 5 minutos! Não fique nervosa. Vai dar tudo certo.

— Por favor, rápido!

Joguei minhas coisas dentro da mochila e saí correndo dali. Não tranquei a sala nem avisei ninguém. Sequer lembrei de detalhes como esses.

Corri para o hospital. Não sei quantas quadras, se subi ou desci nem como lembrei o caminho, mas quando vi, já estava na recepção, com os saltos na mão, as pernas trêmulas e o pulmão ardendo.

Com a mente confusa e a vista turva, dei os dados, e a recepcionista indicou-me o andar, mas não me garantiu que eu poderia ver minha mãe ainda, dizendo para que eu conversasse com o médico. Subi o que parecia uma infinidade de escadas, olhando para os lados e procurando. 5° andar, quarto 57. Tinha a impressão de já ter passado por mais de trezentas salas, até que, enfim, encontrei meu destino.

Porta fechada. Meu coração estava a mil. Procurei por alguém que pudesse me informar sobre o estado de minha mãe, até que a porta se abriu e vi o Doutor Scott saindo, com uma prancheta em mãos.

— Doutor Scott! – Exclamei.

— Helena. Você está bem? Está ofegante.

— Vim correndo, mas não vem ao caso. Como ela está?

— Houve elevação de pressão, e as dores pareciam fortes. Acredito que teremos que trocar os remédios por algo mais forte.

— Mais forte?

— Os atuais já não estão fazendo efeito como deveriam. Ela não deveria ter sentido dores intensas como hoje. Ainda bem que você me ligou rápido.

Olhei para o chão, tentando processar a informação.

— Ela logo vai acordar, aí chamo você, tudo bem? Se ela reagir bem, vai receber alta ainda hoje, então levo vocês pra casa.

— Obrigada.

Ele sorriu e saiu. Doutor Scott era o médico que cuidava da minha mãe desde que descobrimos suas complicações. Tornou-se um grande amigo, e nunca nos deixou na mão.

Ainda estava na área de espera aguardando qualquer sinal do Doutor Scott, quando meu celular tocou. Era Tony. Eu estava ferrada.

— Alô?

— Ms. Jones? Posso saber o que aconteceu? Você saiu da empresa correndo como louca, não deu satisfação nem avisou ninguém. Acredito que haja uma boa explicação pra isso. – Disse, em tom de bronca.

— Minha mãe passou mal, e tive que vir correndo. Estou no hospital.

— O quê? Rosely? Como ela está? – Perguntou ele, visivelmente preocupado. Era estranho ouvi-lo dizer o nome da minha mãe com tanta tensão na voz.

— O médico aplicou os medicamentos... Estou esperando ela acordar pra ir vê-la.

I (don't) Need a Hero!Onde histórias criam vida. Descubra agora