Entrei em casa e a primeira coisa que fiz foi certificar-me de que estava tudo bem com minha mãe.
— Mãe? – Chamei, abrindo a porta.
— Oi meu amor.
Ela estava vendo televisão. Parecia bem.
— Tudo bem por aqui? – Perguntei, abraçando-a.
— Tudo sim. Como foi lá? Muito trabalho?
— Sim... Alguns problemas pra resolver. Preciso falar com o Sr. Stark amanhã.
— Por enquanto, esquece isso. Vamos jantar, e depois assistimos algum filme.
Fiz que sim com a cabeça.
Estávamos procurando filmes no catálogo da Netflix, quando minha mãe disse:
— Tive a impressão de ouvir você conversando com alguém antes de entrar. Estava acompanhada?
— Ah... Um colega do trabalho me trouxe até em casa pra eu não voltar sozinha.
— Que gracinha. – Ela disse, com as sobrancelhas erguidas e levemente angulosas. Eu sabia exatamente o que esse olhar queria dizer.
— Sem chance.
— O quê? Eu não disse nada.
— Não precisa. Te conheço.
Ela riu docemente.
— Pode tirar essa ideia da cabeça. Eu não estou paquerando ninguém. – Falei, séria.
— Se você diz...
Ela não aguentou ficar em silêncio nem por um minuto.
— Ele é bonito, pelo menos?
Hesitei. Ele era, claro que era. Mas era estranho falar de Peter dessa maneira.
— Bom... É. É sim.
— Bonito e fofo. Te trouxe em casa pra você não ter que vir sozinha. Que amorzinho.
— Mãe...
— Qual o nome dele?
— Peter.
— Nome bonito.
— É um cara legal. Um pouco atrapalhado, mas é gente boa.
Assistimos ao filme, conversamos um pouco e fomos cada uma para seu quarto.
Deitei na cama, mas custei a dormir. Minha mente estava agitada, e eu não conseguia relaxar. Ficava lembrando do momento passado com Parker, e em como ele podia realmente ser uma boa companhia.
No dia seguinte, cheguei na escola achando que teria sossego. Achei errado. Estava no meu armário pegando minhas coisas e conversando com Sofia, quando Emily, uma garota que estudava comigo, disse:
— Oi, Helena. Vi você saindo de um café com um garoto ontem à noite. Não sabia que tava namorando!
— O quê? Não, eu não tô nam...
Ela já havia ido, e Sofia olhava para mim com olhos de desaprovação e, pior ainda, de indignação. Lá vinha bronca.
— Eu não acredito que você tá namorando e não me contou!
— Eu não tô namorando.
— Helena, nós somos amigas há mais de seis anos. Sempre contamos tudo uma pra outra! Por que tá escondendo as coisas de mim agora?
— Eu não tô escondendo nada. Eu simplesmente não tinha o que contar.
— Jura, Helena? Sério mesmo?
— Olha, aquele garoto trabalha comigo. Eu precisava resolver um assunto com ele, mas não dava durante meu expediente, então depois do trabalho nós fomos até um café e discutimos a situação. Só isso, tá legal?
— E saíram juntos de lá?
— Ele não me deixou voltar sozinha pra casa. Disse que era perigoso e me acompanhou. Mas não rolou nada.
Sofia cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha.
— Eu juro! – Falei.
— Qual o nome do cara?
— Peter.
— Sobrenome?
— Parker.
— Vou pesquisar agora no Facebook.
— Ei!
Sofia começou a fuçar em seu Facebook para procurar quem era o garoto.
— Esse aqui? – Perguntou, apontando para o perfil do garoto.
Fiz que sim com a cabeça, revirando os olhos. Ela abriu a página e começou a olhar as fotos. Olhou para mim, cerrou os olhos e disse:
— Você foi no café com esse garoto fofo aqui e não rolou nada?
— É.
— Helena, qual é o teu problema?
Olhei para ela, surpresa.
— Meu, por que você foge tanto da ideia de ficar com alguém? Desde que você e o Luke terminaram você...
— Ah não. De novo essa história?
Luke. Eu odiava esse assunto. Odiava relembrar o quanto fui idiota em acreditar quando ele disse "gosto de você porque você não é metida e narizinho empinado como algumas garotas", e dois meses depois me trocou por uma líder de torcida. Uma líder de torcida metida e narizinho empinado.
— Mas eu tô mentindo? Desde que vocês terminaram, você nunca mais teve nada com ninguém. E isso já faz quase um ano.
— E qual o problema?
Ela suspirou.
— Até quando vai se esquivar de todos os garotos que tentarem se aproximar de você?
Olhei para o lado, contrariada. Eu realmente não queria falar sobre isso.
— Lena, o garoto é bonito e te acompanhou até sua casa porque estava preocupado de você voltar sozinha. Quantos caras você acha que fazem isso hoje em dia?
— Essa não é a questão.
— E qual é?
—... Sof, depois conversamos. Preciso ir pra aula.
— Você não pode fugir dos problemas pra sempre, Helena.
Fiz que não ouvi e entrei na sala.
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I (don't) Need a Hero!
RomanceImagine como seria perder o emprego, encontrar o bilionário Tony Stark conversando amigavelmente com sua mãe e descobrir que você vai trabalhar com ele, tudo no mesmo dia. São essas e outras situações inimagináveis que ocorrem no dia a dia de Helena...