Capítulo 80

6.7K 638 293
                                    

A conversa estava interessante. Eu havia até trancado a porta de minha sala para não ser interrompida, e ouvia a tudo atentamente.

— O que eu quero que você entenda, Peter – Disse Tony – É que você e a Helena agiram com imprudência. E muitos problemas podem acontecer quando agimos com imprudência. Você já imaginou se vocês tivessem transado e a Helena engravidasse? Fala pra mim, como você iria fazer? Ser pai não é brincadeira, Peter. E ser pai aos 17 é ainda mais sério. Sem contar nas doenças que vocês poderiam contrair.

— Eu sei, Sr. Stark. Sinto muito. Não vai se repetir.

— Eu amo minha filha, Peter, e só quero o melhor pra ela e pra você também. Sei que não posso impedir vocês pra sempre e que vai chegar o momento em que vocês vão começar a ter uma vida sexual ativa. Daqui trinta anos, quando vocês estiverem casados e bem longe da minha casa, é claro.

— Nem sei se vou estar vivo daqui a trinta anos, Sr. Stark.

— Eu sei, tô brincando. Mas falando sério agora, tenham prudência e responsabilidade. Eu estou confiando em você e te dando uma segunda chance porque sei o quanto você faz a Helena feliz. Não me decepcione. – Disse Tony.

— Sim, senhor. Então… Eu posso pedir a Helena em namoro?

— É. Pode.

— M-muito obrigado, Sr. Stark! Não vou te decepcionar!

— Espero que não.

Ouvi o barulho do que provavelmente seria Peter abrindo a porta, quando Tony chamou o garoto novamente:

— Peter.

— Sim, senhor?

— Toma.

— Isso… É sério?

— É. Juízo! Agora vai antes que eu mude de ideia.

— Obrigado, Sr. Stark!

Toma? O que Tony havia entregue a Peter? Escutas eram realmente ótimas para ouvir conversas, mas o fato de não mostrarem imagens era péssimo.

Bateram em minha porta, assustando-me. Retirei rapidamente a escuta e guardei o pequeno objeto em minha gaveta, indo abrir a porta com cara de paisagem.

— Porta trancada? – Perguntou Pepper, assim que abri.

— Estava terminando um relatório e não queria perder a concentração. – Menti.

— Desculpe, querida.

— Não, tudo bem. Eu acabei de concluir. Já estava vindo destrancar.

— Vim trazer alguns dados para análise. Precisamos de uma resposta o mais rápido possível.

— Ok. Vou começar agora mesmo.

Peguei o envelope e encostei a porta. Alguns instantes depois, fui surpreendida sendo abraçada por trás.

— O Homem Aranha ataca novamente. – Sussurrou Peter. Era ele. A voz macia próxima de meu ouvido.

Soltei-me de seus braços e virei-me de frente para ele, que usava seu traje de herói. O garoto havia entrado pela janela antes que eu pudesse sequer notar sua presença ali.

— Tony devolveu a roupa? – Perguntei, abrindo um grande sorriso ao vê-lo vestido daquela maneira.

— Sim. Mas essa ainda não é a melhor parte!

— O que pode ser melhor que isso?

Peter olhou em meus olhos e ergueu as sobrancelhas, como se percebesse que havia falado demais.

— Aahn… A melhor parte? A melhor parte foi… Que ele não me matou! É, eu realmente pensei que hoje seria meu fim. – Tentou consertar. Era nítido em seu rosto que disfarçar não era seu forte. Mas, como Peter não sabia que eu já sabia de tudo e eu não queria estragar sua alegria, fiz a sonsa.

— Tô feliz por você, garoto aranha! – Sorri, abraçando-o – Muito feliz mesmo!

— Acho que só tá faltando uma coisa pro meu dia ficar perfeito.

— O quê?

Peter aproximou seu rosto do meu e colocou uma mecha de meu cabelo atrás da orelha, dizendo baixinho:

— Um beijo seu.

Com os lábios roçando nos seus levemente, perguntei, ainda fingindo não saber de nada:

— Não acha perigoso me beijar aqui? Tony pode ter devolvido seu traje, mas ainda é o mesmo Tony Stark.

— Um pouco de adrenalina faz bem. – Ele respondeu, envolvendo-me em seus braços e beijando-me apaixonadamente.

Meu celular tocou, fazendo-me instantaneamente afastar os lábios dos de Peter. Olhei para a tela. Era Tony.

— Alô? – Atendi, um tanto irritada com a interrupção.

— Helena, preciso que me traga os relatórios do caso 662.

— Tá bem, já estou indo.

Desliguei e bufei. Tony parecia saber os momentos exatos para ligar ou aparecer e estragar tudo.

— Tudo bem? – Perguntou Peter.

— Tony tá me chamando. Precisa de uns relatórios.

— Vai lá, não quero atrapalhar você. Te vejo hoje depois do trabalho?

— O que quer fazer depois do trabalho? Não acha que Tony vai brigar com a gente? – Perguntei.

— Tenho tudo sob controle. – Ele sorriu, dando uma piscadinha.

Dei um beijinho em seus lábios e sorri levemente. Peter, então, colocou sua máscara e desapareceu janela afora, provavelmente matando a saudade da sensação de liberdade que seu traje lhe proporcionava.

Peguei os relatórios e subi até a sala de Tony. Bati à porta.

— Entre. – Ouvi-o dizer, calmo. Entrei.

I (don't) Need a Hero!Onde histórias criam vida. Descubra agora