A conversa estava interessante. Eu havia até trancado a porta de minha sala para não ser interrompida, e ouvia a tudo atentamente.
— O que eu quero que você entenda, Peter – Disse Tony – É que você e a Helena agiram com imprudência. E muitos problemas podem acontecer quando agimos com imprudência. Você já imaginou se vocês tivessem transado e a Helena engravidasse? Fala pra mim, como você iria fazer? Ser pai não é brincadeira, Peter. E ser pai aos 17 é ainda mais sério. Sem contar nas doenças que vocês poderiam contrair.
— Eu sei, Sr. Stark. Sinto muito. Não vai se repetir.
— Eu amo minha filha, Peter, e só quero o melhor pra ela e pra você também. Sei que não posso impedir vocês pra sempre e que vai chegar o momento em que vocês vão começar a ter uma vida sexual ativa. Daqui trinta anos, quando vocês estiverem casados e bem longe da minha casa, é claro.
— Nem sei se vou estar vivo daqui a trinta anos, Sr. Stark.
— Eu sei, tô brincando. Mas falando sério agora, tenham prudência e responsabilidade. Eu estou confiando em você e te dando uma segunda chance porque sei o quanto você faz a Helena feliz. Não me decepcione. – Disse Tony.
— Sim, senhor. Então… Eu posso pedir a Helena em namoro?
— É. Pode.
— M-muito obrigado, Sr. Stark! Não vou te decepcionar!
— Espero que não.
Ouvi o barulho do que provavelmente seria Peter abrindo a porta, quando Tony chamou o garoto novamente:
— Peter.
— Sim, senhor?
— Toma.
— Isso… É sério?
— É. Juízo! Agora vai antes que eu mude de ideia.
— Obrigado, Sr. Stark!
Toma? O que Tony havia entregue a Peter? Escutas eram realmente ótimas para ouvir conversas, mas o fato de não mostrarem imagens era péssimo.
Bateram em minha porta, assustando-me. Retirei rapidamente a escuta e guardei o pequeno objeto em minha gaveta, indo abrir a porta com cara de paisagem.
— Porta trancada? – Perguntou Pepper, assim que abri.
— Estava terminando um relatório e não queria perder a concentração. – Menti.
— Desculpe, querida.
— Não, tudo bem. Eu acabei de concluir. Já estava vindo destrancar.
— Vim trazer alguns dados para análise. Precisamos de uma resposta o mais rápido possível.
— Ok. Vou começar agora mesmo.
Peguei o envelope e encostei a porta. Alguns instantes depois, fui surpreendida sendo abraçada por trás.
— O Homem Aranha ataca novamente. – Sussurrou Peter. Era ele. A voz macia próxima de meu ouvido.
Soltei-me de seus braços e virei-me de frente para ele, que usava seu traje de herói. O garoto havia entrado pela janela antes que eu pudesse sequer notar sua presença ali.
— Tony devolveu a roupa? – Perguntei, abrindo um grande sorriso ao vê-lo vestido daquela maneira.
— Sim. Mas essa ainda não é a melhor parte!
— O que pode ser melhor que isso?
Peter olhou em meus olhos e ergueu as sobrancelhas, como se percebesse que havia falado demais.
— Aahn… A melhor parte? A melhor parte foi… Que ele não me matou! É, eu realmente pensei que hoje seria meu fim. – Tentou consertar. Era nítido em seu rosto que disfarçar não era seu forte. Mas, como Peter não sabia que eu já sabia de tudo e eu não queria estragar sua alegria, fiz a sonsa.
— Tô feliz por você, garoto aranha! – Sorri, abraçando-o – Muito feliz mesmo!
— Acho que só tá faltando uma coisa pro meu dia ficar perfeito.
— O quê?
Peter aproximou seu rosto do meu e colocou uma mecha de meu cabelo atrás da orelha, dizendo baixinho:
— Um beijo seu.
Com os lábios roçando nos seus levemente, perguntei, ainda fingindo não saber de nada:
— Não acha perigoso me beijar aqui? Tony pode ter devolvido seu traje, mas ainda é o mesmo Tony Stark.
— Um pouco de adrenalina faz bem. – Ele respondeu, envolvendo-me em seus braços e beijando-me apaixonadamente.
Meu celular tocou, fazendo-me instantaneamente afastar os lábios dos de Peter. Olhei para a tela. Era Tony.
— Alô? – Atendi, um tanto irritada com a interrupção.
— Helena, preciso que me traga os relatórios do caso 662.
— Tá bem, já estou indo.
Desliguei e bufei. Tony parecia saber os momentos exatos para ligar ou aparecer e estragar tudo.
— Tudo bem? – Perguntou Peter.
— Tony tá me chamando. Precisa de uns relatórios.
— Vai lá, não quero atrapalhar você. Te vejo hoje depois do trabalho?
— O que quer fazer depois do trabalho? Não acha que Tony vai brigar com a gente? – Perguntei.
— Tenho tudo sob controle. – Ele sorriu, dando uma piscadinha.
Dei um beijinho em seus lábios e sorri levemente. Peter, então, colocou sua máscara e desapareceu janela afora, provavelmente matando a saudade da sensação de liberdade que seu traje lhe proporcionava.
Peguei os relatórios e subi até a sala de Tony. Bati à porta.
— Entre. – Ouvi-o dizer, calmo. Entrei.
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I (don't) Need a Hero!
Roman d'amourImagine como seria perder o emprego, encontrar o bilionário Tony Stark conversando amigavelmente com sua mãe e descobrir que você vai trabalhar com ele, tudo no mesmo dia. São essas e outras situações inimagináveis que ocorrem no dia a dia de Helena...