Capítulo 18

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— Há! Ganhei! – Joguei os braços para o alto.

Virei-me para Peter com um sorriso vitorioso. Ele sorria também, achando graça em minha reação.

— Tenho que admitir. Você é muito boa. – Disse ele, rindo.

— Te dou umas aulas se quiser. – Brinquei.

— Acho que te devo um milkshake. Morango?

— Morango. – Concordei.

Saímos do boliche e fomos até a sorveteria do outro lado da rua. Peter pegou meu milkshake de morango e um de chocolate para si.

— E agora? Pra onde vamos? – Ele perguntou.

— Vamos andar por aí até cansar. Aí a gente senta em algum canto.

— Você gosta de caminhar, hein.

— As patinhas estão doendo, aranha?

— Shiu, vai! Vamos logo.

— HAHAHA!

Começamos a caminhar pela cidade, conversando e tomando nossos milkshakes. Assuntos iam e vinham. Passamos em frente a uma loja de games, e Peter disse:

— Wow! Preciso avisar o Ned sobre as promoções de jogos!

— Ned?

— Meu melhor amigo. Ele adora essas coisas.

— Nerd gamer?

— Gamer. Mas não sei se eu diria nerd.

— Foto?

Peter mostrou-me uma foto de um grupo de alunos todos com um casaco amarelo e apontou para Ned.

— Neeeeerd. – Falei, apenas analisando a imagem.

— Ah, qual é. Ele não é nerd.

— Você é nerd também?

— Não.

— Por que estão todos com esse casaco?

— É o grupo do Decathlon Acadêmico. Fomos disputar.

— Perguntas e respostas sobre conhecimentos gerais?

— Sim.

— Neeeeerd!

— Ei! Eu não sou nerd!

— É sim. – Mostrei a língua, rindo.

Ele ergueu uma sobrancelha, num sorriso de lado.

— Bom, você também deve ser. Afinal, tá trabalhando com o Sr. Stark.

— Não, eu não sou nerd... Sou organizada. É diferente.

— É? E onde aprendeu a fazer tudo o que você faz lá?

— Eu trabalhava antes de ir pra empresa, e também fiz uns cursos que...

— Nerd!

— Ei! – Protestei.

Ele começou a rir, e dei um soquinho em seu braço, rindo também. Observei a foto por mais alguns instantes, quando percebi Peter bem próximo de uma garota.

— Quem é? – Perguntei, apontando para ela.

— Liz. Uma garota que estudava comigo.

Olhei para ele, que parecia sem jeito.

— Gosta dela? – Perguntei, embora não tivesse certeza se queria mesmo saber.

— Da Liz? – Ele hesitou – ... Não. Já tive uma queda por ela, mas passou. Ela mora em Oregon agora.

— Entendi... – Falei, um pouco mais baixo do que gostaria.

Continuamos caminhando e conversando, até chegar a um parque. Sentamos na grama, sob a sombra de uma grande árvore, na qual encostei. Fechei meus olhos e apreciei o silêncio por alguns instantes, até que reabri os olhos e decidi falar:

— Acho tão gostoso isso.

— O quê?

— Essa tranquilidade. Natureza.

— Gosto também.

Peter olhou para cima e se levantou. Pegou uma flor da árvore sob a qual estávamos e me entregou. Olhei em seus olhos, pegando a delicada flor.

— Obrigada.

Ele continuava olhando em meus olhos, tímido.

— Posso fazer uma coisa? – Perguntei.

— Ahn... Claro.

Aproximei-me de Peter devagar, sem tirar os olhos dos seus. Ele parecia tenso, o corpo levemente rígido. Passei a mão por seus cabelos, que se encontravam penteados e alinhados e joguei as mechas para trás. As mesmas deslizaram pelos lados, num desarrumado bonito. Sorri.

— Melhor. Parece até um pouco menos nerd. – Brinquei.

— Você é bem irritante, sabia?

— Gosto de pegar no seu pé.

Ele sorriu, revirando os olhos. Sorri também e encostei-me na árvore, fechando os olhos novamente. Após alguns instantes, falei, ainda de olhos fechados:

— Para de me observar.

— O quê? – Ele pareceu nervoso.

— Eu sei quando estão me observando, Parker.

— E-eu não tava te observando. – Gaguejou.

— Alguém já te disse que você é um péssimo mentiroso? – Abri meus olhos.

Peter abriu a boca para falar, mas calou-se. Sorri, achando graça.

— Isso é sério mesmo? O lance de saber quando te observam.

— Sim.

— Algum outro superpoder estranho? – Perguntou ele, com bom humor.

— Eu sei ler pensamentos. – Respondi, séria.

Ele olhou para mim, visivelmente assustado. Não aguentei e caí na risada.

— Hahaha! Tô brincando.

— Você me assusta às vezes.

— Eu sei. Essa é a intenção.

— A cada dia que passa eu entendo mais o porquê de o Sr. Stark ter te contratado.

— Porque eu sou foda?

— Não. Porque você é séria, irônica, brava, inteligente e assustadora ao mesmo tempo, assim como ele.

— Uau! Mais algum elogio? – Brinquei, olhando para o céu, achando graça no jeito de Peter.

— Bom... Você é bonita.

Olhei para ele, surpresa. Não esperava ouvir isso. Suas bochechas estavam vermelhas de vergonha, e eu não sabia como responder.

—... Obrigada. – Consegui dizer, apenas.

Peter deu um meio sorriso e olhou para o chão, brincando nervosamente com os próprios dedos.

Ele ficava uma gracinha quando nervoso, eu não podia negar. Brincando com as mãos, sem saber pra onde olhar e tentando fingir estar tranquilo, enquanto seu rosto ficava vermelho como um pimentão. Era comicamente fofo. Quer dizer... Era... Era engraçado.

I (don't) Need a Hero!Onde histórias criam vida. Descubra agora