— Há! Ganhei! – Joguei os braços para o alto.
Virei-me para Peter com um sorriso vitorioso. Ele sorria também, achando graça em minha reação.
— Tenho que admitir. Você é muito boa. – Disse ele, rindo.
— Te dou umas aulas se quiser. – Brinquei.
— Acho que te devo um milkshake. Morango?
— Morango. – Concordei.
Saímos do boliche e fomos até a sorveteria do outro lado da rua. Peter pegou meu milkshake de morango e um de chocolate para si.
— E agora? Pra onde vamos? – Ele perguntou.
— Vamos andar por aí até cansar. Aí a gente senta em algum canto.
— Você gosta de caminhar, hein.
— As patinhas estão doendo, aranha?
— Shiu, vai! Vamos logo.
— HAHAHA!
Começamos a caminhar pela cidade, conversando e tomando nossos milkshakes. Assuntos iam e vinham. Passamos em frente a uma loja de games, e Peter disse:
— Wow! Preciso avisar o Ned sobre as promoções de jogos!
— Ned?
— Meu melhor amigo. Ele adora essas coisas.
— Nerd gamer?
— Gamer. Mas não sei se eu diria nerd.
— Foto?
Peter mostrou-me uma foto de um grupo de alunos todos com um casaco amarelo e apontou para Ned.
— Neeeeerd. – Falei, apenas analisando a imagem.
— Ah, qual é. Ele não é nerd.
— Você é nerd também?
— Não.
— Por que estão todos com esse casaco?
— É o grupo do Decathlon Acadêmico. Fomos disputar.
— Perguntas e respostas sobre conhecimentos gerais?
— Sim.
— Neeeeerd!
— Ei! Eu não sou nerd!
— É sim. – Mostrei a língua, rindo.
Ele ergueu uma sobrancelha, num sorriso de lado.
— Bom, você também deve ser. Afinal, tá trabalhando com o Sr. Stark.
— Não, eu não sou nerd... Sou organizada. É diferente.
— É? E onde aprendeu a fazer tudo o que você faz lá?
— Eu trabalhava antes de ir pra empresa, e também fiz uns cursos que...
— Nerd!
— Ei! – Protestei.
Ele começou a rir, e dei um soquinho em seu braço, rindo também. Observei a foto por mais alguns instantes, quando percebi Peter bem próximo de uma garota.
— Quem é? – Perguntei, apontando para ela.
— Liz. Uma garota que estudava comigo.
Olhei para ele, que parecia sem jeito.
— Gosta dela? – Perguntei, embora não tivesse certeza se queria mesmo saber.
— Da Liz? – Ele hesitou – ... Não. Já tive uma queda por ela, mas passou. Ela mora em Oregon agora.
— Entendi... – Falei, um pouco mais baixo do que gostaria.
Continuamos caminhando e conversando, até chegar a um parque. Sentamos na grama, sob a sombra de uma grande árvore, na qual encostei. Fechei meus olhos e apreciei o silêncio por alguns instantes, até que reabri os olhos e decidi falar:
— Acho tão gostoso isso.
— O quê?
— Essa tranquilidade. Natureza.
— Gosto também.
Peter olhou para cima e se levantou. Pegou uma flor da árvore sob a qual estávamos e me entregou. Olhei em seus olhos, pegando a delicada flor.
— Obrigada.
Ele continuava olhando em meus olhos, tímido.
— Posso fazer uma coisa? – Perguntei.
— Ahn... Claro.
Aproximei-me de Peter devagar, sem tirar os olhos dos seus. Ele parecia tenso, o corpo levemente rígido. Passei a mão por seus cabelos, que se encontravam penteados e alinhados e joguei as mechas para trás. As mesmas deslizaram pelos lados, num desarrumado bonito. Sorri.
— Melhor. Parece até um pouco menos nerd. – Brinquei.
— Você é bem irritante, sabia?
— Gosto de pegar no seu pé.
Ele sorriu, revirando os olhos. Sorri também e encostei-me na árvore, fechando os olhos novamente. Após alguns instantes, falei, ainda de olhos fechados:
— Para de me observar.
— O quê? – Ele pareceu nervoso.
— Eu sei quando estão me observando, Parker.
— E-eu não tava te observando. – Gaguejou.
— Alguém já te disse que você é um péssimo mentiroso? – Abri meus olhos.
Peter abriu a boca para falar, mas calou-se. Sorri, achando graça.
— Isso é sério mesmo? O lance de saber quando te observam.
— Sim.
— Algum outro superpoder estranho? – Perguntou ele, com bom humor.
— Eu sei ler pensamentos. – Respondi, séria.
Ele olhou para mim, visivelmente assustado. Não aguentei e caí na risada.
— Hahaha! Tô brincando.
— Você me assusta às vezes.
— Eu sei. Essa é a intenção.
— A cada dia que passa eu entendo mais o porquê de o Sr. Stark ter te contratado.
— Porque eu sou foda?
— Não. Porque você é séria, irônica, brava, inteligente e assustadora ao mesmo tempo, assim como ele.
— Uau! Mais algum elogio? – Brinquei, olhando para o céu, achando graça no jeito de Peter.
— Bom... Você é bonita.
Olhei para ele, surpresa. Não esperava ouvir isso. Suas bochechas estavam vermelhas de vergonha, e eu não sabia como responder.
—... Obrigada. – Consegui dizer, apenas.
Peter deu um meio sorriso e olhou para o chão, brincando nervosamente com os próprios dedos.
Ele ficava uma gracinha quando nervoso, eu não podia negar. Brincando com as mãos, sem saber pra onde olhar e tentando fingir estar tranquilo, enquanto seu rosto ficava vermelho como um pimentão. Era comicamente fofo. Quer dizer... Era... Era engraçado.
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I (don't) Need a Hero!
RomanceImagine como seria perder o emprego, encontrar o bilionário Tony Stark conversando amigavelmente com sua mãe e descobrir que você vai trabalhar com ele, tudo no mesmo dia. São essas e outras situações inimagináveis que ocorrem no dia a dia de Helena...