Capítulo 39

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Senti a mão de Peter sobre meu ombro. Observei-o sutilmente. Ele parecia um pouco nervoso, como se não tivesse certeza se deveria ou poderia me tocar ou me abraçar. Encostei minha cabeça em seu ombro, dando a ele um pouco mais de confiança. Eu não costumava ser assim, mas naquele momento, depois de ter passado por tanta coisa em um único dia, eu já não tinha mais certeza de quem eu era, e só buscava um pouco de consolo. Percebendo não haver problema, Peter passou o braço ao redor de meus ombros, acolhendo-me.

Estávamos em silêncio. Nenhum dos dois arriscava palavra alguma, mas não se tratava de uma situação desconfortável. Era um silêncio que dizia muito mais do que qualquer frase que disséssemos. Ele estava ali comigo, estava me dando o apoio que eu precisava.

— Helena. – Ouvi Tony me chamando.

Levantei rapidamente, meio sem jeito. Fui até a sala, e Peter veio atrás de mim.

— Eu vou embora. Se precisar de alguma coisa, ligue para a Srta. Potts e diga para ela me passar o recado. - Disse ele.

— Tudo bem. Vejo o senhor amanhã.

— Não. Amanhã você vai ficar aqui e descansar. Vai voltar na segunda-feira.

— Mas eu preciso concluir o relatório da últim...

— Não se preocupe. – Interrompeu-me ele – Algum outro funcionário pode fazer isso.

Não havia como recusar. Dei um sorriso fraco e fiz que sim com a cabeça.

— Obrigada.

Ele franziu os lábios, no que poderia ser o ensaio de um sorriso, e em seguida virou-se para Peter, chamando-o para um canto. Como se achasse que eu não pudesse ouvir o que ele dizia a aproximadamente 4 passos de distância, ou propositalmente para que eu ouvisse, Tony disse para Peter:

— Quanto a você, Peter, quero que se comporte. Não faça nada do que eu não faria e, principalmente, não faça absolutamente nada do que eu faria, entendeu? Vejo você amanhã.

Peter acenou afirmativamente com a cabeça, os olhos atentos em Tony.

— May. – Disse Tony, erguendo um pouco as sobrancelhas numa despedida... Sensual? Acho que era isso que ele buscava. Ela sorriu e respondeu, sem demonstrar o mínimo de interesse:

— Até mais, Sr. Stark.

May abriu a porta e ele se foi.

— Bom, meninos, vocês devem estar com fome. Vou preparar o jantar. – Disse ela, indo para a cozinha.

Ficamos, então, Peter e eu sozinhos na sala. Ele olhava para mim e desviava o olhar para o chão algumas vezes, com uma certa ansiedade. Isso me incomodou um pouco.

— Bom... – Falei, quebrando o clima tenso – Acho que eu preciso de um banho quente. Se importa se eu...

— Não, não. Claro que não. – Disse ele, um pouco rápido.

— Então... O banheiro...

Peter olhava para mim, parecendo não entender.

— Onde fica?

— Ah, é claro! Corredor, primeira porta à direita.

— Obrigada.

Fui até o quarto onde estava minha mala e peguei roupas limpas, indo em seguida até o banheiro. Tomei um banho quente para tentar relaxar, embora tudo o que havia acontecido desde o dia anterior ainda martelasse em minha cabeça.

Após o banho, vesti uma camiseta branca e uma calça moletom preta. Saí do banheiro e senti um aroma que me abriu o apetite. Ao chegar na cozinha, May perguntou:

— Estou fazendo bolo de carne. Você gosta?

— Sim, claro. – Falei, tentando ser doce.

Na hora do jantar, May tentava puxar assunto para não deixar o silêncio predominar, mas Peter e eu parecíamos não nos importar em ficar em silêncio.

— Já sabe o que quer fazer na faculdade? – Ela perguntou.

— Design.

— Ah, então você desenha?

— Bom, eu tento. – Sorri.

— Não sabia disso. – Disse Peter, olhando para mim.

— Pouca gente sabe. Não tenho o costume de mostrar meus desenhos.

— Confesso que fiquei curioso.

— Quem sabe um dia eu deixe você ver. – Falei, suavemente.

Terminamos de comer, e ao colocar os pratos na pia, ofereci-me para ajudar:

— Quer ajuda com os pratos, May?

— Imagina, querida. Vai descansar.

— Certeza?

— Absoluta. Se precisar de alguma coisa, é só me chamar.

— Tudo bem. Obrigada.

Fui até o quarto e sentei na cama, parando para respirar pela primeira vez no dia. Olhei em volta e me senti uma intrusa. Sentia como se estivesse incomodando Peter e principalmente May, como se os estivesse atrapalhando.

Mas, feliz ou infelizmente, não havia outra opção. Sofia estava viajando e Charlie estava com familiares de Nova Jersey em casa. A casa de Peter era o único lugar para onde eu podia correr, a menos que ficasse em um hotel.

I (don't) Need a Hero!Onde histórias criam vida. Descubra agora