Capítulo 16

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— Tudo bem por aqui? Você tá um pouco vermelha. – Disse Peter.

— Tudo bem sim. Alguma novidade sobre o caso do Brooklyn?

— Na verdade, não.

— Então...?

— Vim trazer esse papel que a Srta. Potts disse que esqueceu de te entregar e... Perguntar o que vai fazer sábado à tarde.

Olhei para ele sem reação. Peter estava... Me chamando pra sair?! Ele parecia um pouco nervoso.

— O quê?

— Andei pensando na noite que passamos no café e... Bom... Achei que talvez pudéssemos fazer de novo, mas sem problemas pra resolver dessa vez. Só pra descontrair. Podíamos ir no shopping, ou no parque.

Eu estava em uma tremenda batalha interna. Queria aceitar o convite, mas algo em mim dizia que não devia. Eu não sabia o que fazer. Olhando para o garoto com desconfiança, agarrei meu colar, como se isso fosse me trazer uma luz.

Peter olhava para mim como uma criança em uma vitrine. Os olhos com um leve brilho de esperança.

— Tá bem. Eu preciso confirmar com minha mãe, mas acho que não vai ter problema.

— Então isso é um sim? – Ele engoliu em seco.

Acenei afirmativamente com a cabeça, sem sorrir. Ele abriu um sorriso e disse:

— Tá bem, então. Eu te vejo sábado.

Peter saiu rapidamente da sala e fechou a porta. Eu estava meio atordoada. Tinha feito certo em aceitar o convite?

Talvez fosse um bom jeito de começar uma amizade com Peter. Ele parecia ser legal, e acredito ter pegado um pouco pesado com ele no modo como o tratava nos primeiros dias em que nos vimos.

Eu queria ser amiga de Peter. Só ficava incomodada com o fato de me pegar pensando nele mais que o normal, mas decidi ignorar isso.

Antes de voltar a mexer com as planilhas, decidi já marcar os compromissos de Tony, para não esquecer. Várias reuniões de negócios com representantes de fornecedores, uma coletiva de imprensa, coisas do tipo.

Um compromisso em especial me chamou atenção. Era com o representante da Agência S.H.I.E.L.D., um tal de Fury. Já havia visto esse nome em alguma documentação da empresa, mas não sei exatamente em qual. O homem me pareceu um pouco rude ao telefone e exigia certa urgência.

Quando cheguei em casa apenas jantei, tomei um banho quente e deitei sob as cobertas com meu livro. Após poucos parágrafos, já estava totalmente focada na história, inerte às tensões da vida real. Estava quase cochilando sobre o livro, quando decidi ir dormir. Já era tarde.

Após uma noite tranquila, o despertador tocou, e eu choraminguei. Não queria sair das cobertas, embora não houvesse escolha.

— Já é sexta. Só mais hoje. – Encorajei-me, sonolenta.

Vesti minhas roupas, tomei café, peguei minha mochila e saí de casa. A mesma rotina cansativa de sempre.

Chegando na escola, avistei Luke a alguns metros e fui na direção contrária, procurando por meu armário. Peguei meus livros e cadernos e fui para a sala. Sentei-me e lutei contra o sono, mantendo-me o mais acordada possível.

Em meio às trocas de aula, Charlie veio até mim e perguntou:

— Shopping amanhã à tarde. Topa? A Sof já confirmou.

— Amanhã? – Engasguei.

— Sim, Lena. Sempre saímos de sábado.

— É... Eu sei. Mas não vou poder ir dessa vez.

— Não vai deixar de sair pra ficar lendo de novo, vai?

Sim, eu já havia feito isso. Mais de uma vez, inclusive. Charlie e Sofia ficaram furiosos quando descobriram, mas após a quarta vez, começaram a se acostumar.

— Não. Eu explico depois. – Disse, dando um sorrisinho.

Charlie pareceu um pouco confuso. Franziu o cenho, mas não contestou.

Fui para a empresa. Mais um dia normal de trabalho se passou, sem nada importante para ressaltar. A hora de ir embora veio logo.

Já em casa, decidi falar para minha mãe do compromisso que teria no dia seguinte.

— Mãe, vou sair amanhã à tarde, tudo bem?

— Com Charlie e Sofia?

— Na verdade, não.

— Então com quem?

— Um amigo do trabalho.

Ela olhou para mim, surpresa.

— Amigo? – Perguntou, num sorrisinho.

— Sim. O Peter.

— O garoto que te acompanhou até aqui aquele dia?

— É.

— Filha... Você tá gostando desse menino?

— Quê? Claro que não, mãe. Cada ideia.

— Helena...

— Mãe, pelo amor de Deus! Ele é só meu amigo.

— Sei... Onde vocês vão?

— Não sei ainda.

— Tô de olho hein.

Olhei para ela e balancei a cabeça negativamente. Ela apenas riu.

Fui para o meu quarto e passei algum tempo desenhando. Isso sempre me ajudava a relaxar e espairecer. Coloquei músicas suaves para ouvir enquanto fazia e refazia os traços, várias imagens surgindo nos papéis.

I (don't) Need a Hero!Onde histórias criam vida. Descubra agora