Capítulo 29

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O sinal tocou e fomos para a aula. Química. Eu estava imersa em meus pensamentos, totalmente distante, quando fui "acordada" de meu transe por uma batida que o professor deu em sua mesa.

— Silêncio! – Exigiu ele – Srta. Jones, responda à questão número quatro.

Olhei rapidamente para a lousa e li o enunciado. Por sorte, hidrocarbonetos nunca foram um problema para mim.

— Benzeno.

— Muito bem. Sr. Duncan, questão cinco.

Ao final da aula, estava saindo da sala, quando Charlie veio até mim e perguntou:

— Tem certeza de que tá legal, Lena?

— Tô sim. É só cansaço. Pode ficar tranquilo.

— Não gosto de te ver assim.

— Ei. Eu sou forte, você sabe disso. É uma fase ruim, mas vai passar. Eu só preciso de tempo pra pôr a cabeça no lugar. – Tranquilizei-o.

— Mais forte que você, só as dores de cabeça que eu tenho quando a Sofia resolve cantar. – Brincou ele.

Sorri levemente. Era verdade. Quando Sofia inventava de cantar, não havia viva alma que não ficasse com a cabeça latejando.

— Até amanhã, Charlie. – Despedi-me.

Ele sorriu e me deu um abraço apertado. Como eu precisava daquele abraço. Após me soltar, lançou-me um olhar de "se cuida" e foi embora. Saí do colégio e fui para a empresa. Ao chegar, atravessei o hall e entrei no elevador. Avistei Peter vindo até onde eu estava e praguejei. Ele não podia ir pelas escadas? Ou ir escalando as paredes com suas teias?

O garoto ia entrar no elevador, quando Happy o chamou. Salva pelo gongo, pensei.

Enquanto o elevador subia, olhei para o espelho que havia em uma das paredes e fiquei assustada com o que vi. Agora eu entendia a preocupação de Charlie. Eu estava péssima, com o olhar caído, olheiras fundas e um ar amargurado. Bom, não era para menos. Os últimos dias vinham sendo horríveis para mim.

As portas do elevador se abriram e eu fiz o caminho de todo dia até minha sala. Destranquei a porta, entrei, sentei em minha cadeira e suspirei.

Enquanto o computador ligava, comecei a remoer tudo o que aconteceu nos últimos dias. As cenas pareciam sobrepor-se em minha mente de maneira barulhenta e desorganizada. Comecei a me desesperar e respirar fundo, buscando oxigênio, quando o telefone tocou sobre a mesa, silenciando aquela bagunça. Suspirei e atendi:

— Setor administrativo e análises. Helena Jones. – Disse, com a voz um pouco afetada.

— O Sr. Stark a espera imediatamente na sala de reuniões. – Disse uma secretária.

— Certo. Estarei lá em um minuto.

Levantei-me, estranhando a urgência do chamado. Tony raramente fazia reuniões das quais eu participava. A maioria delas compreendia apenas aos Vingadores.

Ao entrar na sala de reuniões, não pude conter minha surpresa. Estavam ali os Vingadores, como esperado, mas também haviam alguns funcionários do setor de análises, cientistas que trabalhavam no laboratório da torre e, ainda, pessoas desconhecidas por mim.

Passei os olhos pelos rostos, até que um deles me pareceu familiar. O cabelo loiro, o rosto sério... Aquele era... Não! Não era possível! O Capitão América? Mas ele e Tony não haviam brigado? Não haviam deixado de trabalhar juntos? Eu estava muito confusa.

Sentei em silêncio e apenas esperei que a reunião começasse, embora minha mente estivesse formulando centenas de perguntas. Senti o olhar de Peter sobre mim e o ignorei o quanto pude.

Alguns instantes depois, um último homem usando jaleco branco entrou na sala com uma caixa de vidro encoberta por um pano preto. Era outro cientista do laboratório.

Após sua entrada, Tony fechou a porta da sala e disse, dando início à reunião:

— Creio que todos aqui estão cientes dos acontecimentos ocorridos no último mês.

Todos assentiram.

— Nos últimos dias, nosso laboratório se voltou inteiramente para a pesquisa e análise de uma das muitas armas utilizadas nos ataques, e o que eu temia infelizmente foi confirmado.

Tony retirou o pano que estava sobre a caixa de vidro, deixando à mostra a arma que eu havia entregue a ele com minhas próprias mãos. Senti um arrepio na espinha.

— Como eu já suspeitava, não se trata de um armamento extraterrestre. Essa arma foi feita por um ser humano, mas com uma tecnologia extremamente avançada que ainda estamos tentando decifrar. Não há nenhum elemento desconhecido, mas algumas propriedades ainda não foram totalmente compreendidas. Ela lança um raio que desmaterializa aquilo que atinge, e ainda não se sabe para onde vai o corpo em questão.

Todos olhavam para a arma com grande espanto e admiração. Mas aí surgiu a incógnita: se quem criou aquilo foi um humano... Quem foi? E por quê? O que levaria alguém a criar algo como essa arma?

Suspirei, levemente frustrada. Quanto mais eu pensava, mais dúvidas me surgiam, e eu estava começando a ficar ansiosa.

I (don't) Need a Hero!Onde histórias criam vida. Descubra agora