Capítulo 20

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 Como se não bastasse a situação em si, começou a chover. Ótimo, pensei.


Ainda estava ali encostada, quando um homem apareceu. Ele era grande e segurava uma arma estranha, como os outros que atacavam a cidade. Começou a olhar em volta, e eu prendi a respiração, escondida no escuro, atrás de um latão velho e enferrujado.

Ele analisou todo o beco, mas não me viu. Quando virou de costas para sair de lá, levantei rapidamente e passei-lhe uma rasteira. Não conseguindo manter o equilíbrio no chão molhado, ele caiu, e antes que pudesse reagir, apertei seu nervo, desacordando-o.

Ofegante e nervosa, peguei sua arma e me escondi novamente, pois ele poderia não demorar a acordar.

Alguns instantes depois, Peter apareceu. Ofegante, mas aparentemente bem. Corri até ele e o abracei fortemente. Com o rosto enterrado em seu pescoço, disse:

— Você tá bem? Por favor, fala que tá bem!

Ele afastou-me de si, e segurou em meu rosto com as duas mãos, para poder olhar para mim e, com a voz abafada pela máscara, respondeu:

— Eu tô bem, fica tranquila! Você tá bem?

— Estou.

Estávamos ambos ofegantes, nervosos. Peter olhou para o corpo estendido no chão e, surpreso, perguntou:

— Você... Você fez isso?

— Ele apareceu aqui. Preferi não correr o risco. – Expliquei, dando de ombros.

— Você matou o cara? – Ele pareceu em pânico.

— Quê? Não! Ele tá só desacordado.

— Ok, me lembre de nunca irritar você.

Sorri e peguei a arma no canto.

— Peguei isso. É uma prova pra mostrar pro Sr. Stark.

Peter tirou sua máscara e admirou o objeto, maravilhado. A chuva forte molhava seus cabelos e fazia com que grudassem em sua testa.

— Anda, vamos sair rápido daqui antes que ele acorde. – Falei.

— Não posso te deixar em casa assim.

Revirei os olhos e joguei para ele as roupas que ele antes havia tirado. Fixei os olhos em meu celular, repetindo mentalmente "Não olhe. Não olhe. Não olhe." enquanto Peter se trocava. Era realmente difícil manter meus olhos parados, olhando apenas para o celular.

Já vestido, ele perguntou:

— Vamos?

— Vamos.

Corremos rua afora até pegar uma boa distância do local, até desistirmos de tentar nos manter secos e começarmos a caminhar normalmente.

— Eu ainda não acredito no que aconteceu. – Falei, confusa.

— Muita emoção pra você?

— O quê? Não! Aquilo... Aquilo foi incrível!

Peter olhou para mim, extremamente surpreso.

— Da próxima vez eu vou com você! – Falei.

— Ahn, acho que não.

— Por que não?

— Porque é perigoso.

— E daí?

— E daí que eu não vou deixar você correr perigo.

— Ah, qual é, Parker. Eu apaguei o cara.

— É, Helena. Um cara. Mas a coisa muda de figura quando são cinco.

— Duvida da minha capacidade?

— Não, mas não quero pensar na possibilidade de você se machucar. Eles são perigosos, não ligam se você vai acabar vivo ou morto. Prefiro ter a certeza de que você vai estar segura.

Chegamos em frente à minha casa e paramos diante a porta. Olhei em seus olhos e sorri levemente, uma poça se formando sob nós dois.

— Te vejo segunda? – Perguntou ele.

— Sim. Não vai se livrar de mim tão fácil.

— Droga. – Brincou.

Sorrimos um para o outro. Peguei um pequeno papel molhado em meu bolso e o entreguei.

— Toma. Pra caso você precise de ajuda pra combater o mal. – Brinquei.

Ele pegou o papel e abriu cuidadosamente, curioso. Olhou em meus olhos e sorriu. Eu havia lhe dado meu número.

Dei um beijo em seu rosto e entrei em casa, sem dizer mais nada.

Eram pouco mais de 20h. Assim que fechei a porta, subi as escadas e ouvi minha mãe chamar por mim:

— Helena?

Fui até seu quarto, onde ela lia seus livros, como sempre.

— Cheguei.

— Helena! Você tá ensopada!

— A chuva pegou a gente de surpresa. Vou tomar um banho e já volto pra gente conversar.

Fui até o banheiro e tirei aquelas roupas encharcadas, tomando um banho quente e me agasalhando. Assim que terminei, voltei para o quarto de minha mãe.

— E aí? Como foi? – Perguntou ela, empolgada, fechando seu livro e colocando-o na mesinha de cabeceira.

— Ah, foi normal. Jogamos boliche, tomamos milkshake, conversamos... Foi legal.

— Rolou alguma coisa?

— Não, mãe. Já falei que eu e Peter somos só amigos.

— Ainda acho que vocês vão ficar juntos.

Revirei os olhos.

— Tem pizza na geladeira.

— Pizza? Mãe, o doutor Scott falou pra não abusar.

— Foi só uma vez. Não vou morrer por isso. Anda, vai jantar.

— Tô indo. Já comeu?

— Claro. Eu tava com fome.

Rimos e fui até a cozinha para comer. Após terminar de jantar, escovei meus dentes, fui para o meu quarto e fechei a porta. Cai deitada na cama e fechei os olhos. O dia havia sido bem longo, com muitas situações com as quais eu não estava nem um pouco acostumada.

Comecei a repassar o dia em minha mente. Os momentos passados com Peter, as coisas que ele havia dito, o momento do ataque... Quando eu iria pensar viver tudo isso? Principalmente no mesmo dia.

Meu celular vibrou. Ao ler a mensagem, sorri. Dizia: "Só pra ter certeza de que você me deu o número certo 😉 ". Eu já sabia de quem era.

I (don't) Need a Hero!Onde histórias criam vida. Descubra agora