Capítulo 69

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Contrariada, fui para minha sala. Deixei minha bolsa em cima da cadeira, esperei uns dez minutos e saí novamente, disposta a descobrir por mim mesma do que se tratava a reunião misteriosa de hoje.

Fechei a porta atrás de mim com todo o cuidado para não fazer barulho e fui como quem não queria nada descendo as escadas para não esbarrar com ninguém nos elevadores.

Cheguei no andar da sala de reuniões e me certifiquei de que não havia ninguém vindo. Sutilmente, encostei o ouvido à porta e tentei ouvir o que falavam. Logo reconheci a voz de Tony.

— Boa tarde. Trouxe vocês aqui porque temos novas informações a respeito das armas averiguadas na última reunião.

— O que descobriram? – Perguntou Thor.

— A arma de fato não tem nenhum resquício de elementos desconhecidos ou extraterrestres. Mas a energia usada não é daqui. – Adiantou-se Bruce.

— Então tudo foi feito aqui, mas para funcionar, ela precisa de energia vinda de fora da Terra? – Perguntou Nat.

— Exatamente.

— E já sabem de onde vem essa energia? Ou como conseguiram trazê-la pra cá? Ou melhor ainda, quem começou isso tudo? – Indagou Steve.

— Todas essas perguntas tem uma única resposta. – Disse Bruce.

— Loki. – Tony disse, e toda a sala ficou em silêncio. Pude imaginar o desgosto no rosto de Thor – Loki trouxe consigo energia materializada do Tesseract na última vez em que veio para a Terra. Está concentrada como um líquido azul e levemente viscoso. Ele aparentemente entregou isso a alguém em troca de algo, e foi aí que tudo começou.

— O homem que estava na posse dessa energia é Alex Gordon. Ele resolveu juntar um exército, jurando poder a todos que inicialmente o obedecessem. Típico. – Disse Bruce – Ainda não sabemos ao certo a razão que o levou a desmaterializar pessoas, mas estamos tentando juntar mais informações.

— Ele vendeu algumas armas por um alto valor em dinheiro vivo. Uma dessas vendas foi para o maluco que tentou matar a Helena. E nós não podemos deixar que isso se repita. – Tony parecia firme – Não só precisamos conter esses homens, mas precisamos parar Loki.

— Acho que isso é um caso de família. – Disse Nat, provavelmente sugerindo que Thor deveria parar o irmão.

A reunião corria e as informações também. Eu tentava absorver ao máximo, mas não entendia algumas palavras por conta da espessura da porta. Após aproximadamente vinte minutos, a reunião foi encerrada e ouvi as cadeiras se arrastando. Eu deveria correr e me esconder, mas uma frase dita por Steve bem próxima à porta me fez paralisar:

— Tony – Começou ele, falando baixo para os demais não ouvirem – Ele prometeu vingança, não é?

— Ele não vai conseguir. Está preso.

— Não é assim tão fácil, e você sabe disso. Não se preocupe, nós vamos cuidar dela.

Então David queria se vingar. E se vingar de mim. Que ótimo! Ainda estava encostada na porta, tentando organizar os pensamentos, quando a mesma foi aberta e eu acabei caindo no chão.

Tony, ao me ver, cruzou os braços com cara de poucos amigos. Eu estava encrencada.

— Opa... Eu tropecei. – Tentei consertar, não obtendo sucesso.

— Eu mandei você ir pra sua sala. – Disse Tony, franzindo as sobrancelhas.

— Por que não me contou sobre o David? Ele quer se vingar e você esconde isso de mim? Logo de mim, que tô no centro dessa confusão toda? – Indaguei, levantando-me do chão.

— Você estava ouvindo por atrás da porta? – Ele parecia incrédulo.

— Por que você escondeu isso de mim? Por que não me contou?

— Eu sei o que faço. Se não te contei, tive meus motivos. Agora me obedeça e vai pra sua sala. Que eu saiba, você tem bastante coisa pra fazer hoje.

Suspirei e saí andando em direção ao elevador, frustrada. Ele realmente se achava na razão?

Ao entrar em minha sala, fechei a porta e apoiei as mãos sobre a mesa, sentindo o peso de toda essa situação sobre mim. Eu era alvo de um maníaco, filha de um herói teimoso e caçada pelos paparazzi que estavam loucos para inventar histórias absurdas sobre Tony e eu. Toda a empolgação causada pelo encontro do dia anterior havia se esvaído.

— Mãe... O que eu faço? – Sussurrei, fechando os olhos.

Passei alguns instantes ouvindo apenas o som da minha própria respiração até me acalmar e começar a trabalhar. Manter a mente ocupada com os problemas do trabalho ajudaria se eles não fossem diretamente relacionados com a minha vida pessoal.

Estava tentando ler o mesmo parágrafo de um relatório pela quarta vez, buscando sentido em tantas palavras jogadas, quando Tony abriu a porta da sala e disse, seco:

— Vem aqui.

Levantei-me em silêncio e fui atrás dele, que andava a passos largos em direção a sua sala. Não pedi que andasse devagar ou sequer tentei alcançá-lo. Eu sabia que nesse momento nada do que eu fizesse ou dissesse faria diferença alguma.

Tony abriu a porta de sua sala e esperou que eu entrasse, o olhar me acompanhando. Assim que entrei, ele fechou a porta e disse, irado:

— Senta aí!

Olhei em seus olhos por um instante, mostrando que eu não estava intimidada, mas sentei. Ele apoiou as duas mãos sobre a mesa em minha frente e perguntou, a veia em sua testa já saltada:

— Qual é a dificuldade que você tem em ouvir o que eu falo e me obedecer?

— Tony, eu...

— Calada! Se eu falo alguma coisa pra você, não é à toa! Se eu falei pra você ficar na sua sala, você deveria ficar na sua sala!

— Por que você insiste em esconder de mim o que acontece? É a minha vida! Eu tenho direito de saber!

— Quieta, Helena! Não me responda!

— VOCÊ ESCONDE AS COISAS DE MIM PORQUE É UM COVARDE! – Explodi, com raiva. Tony ficou vermelho e cerrou os punhos.

I (don't) Need a Hero!Onde histórias criam vida. Descubra agora