Posso chamar ele de papai?

335 9 0
                                    

|Narração Vivian|

Peguei Bernardo na creche depois do trabalho e estávamos indo pra casa quando o tempo se fechou e a chuva começou a cair.
— Mamãe, eu to com frio. — choramingou agarrado em mim e eu o peguei no colo se escondendo embaixo de uma cobertura.
— Vou ligar para o tio Luan... Calma! — suspirei pegando o celular na bolsa.
— É papai, ele disse que eu posso chamar ele assim... — disse e meu coração apertou ao ouvir aquilo, eu sei o quanto meu filho sentia a falta de um pai, mas não queria que Luan carregasse essa responsabilidade.
Disquei seu número e ele logo atendeu.
— Oi amor... — disse animado.
— Amor, eu fui pegar o Bernardo na creche, mas começou a chover muito forte, você pode pegar a gente aqui perto da creche em frente à uma lojinha de jóias? — falei rapidamente.
— Claro amor, eu já chego, me passa a localização da loja pelo WhatsApp, chego em alguns minutos... — disse agitado.
— Tá bem... Beijos e se cuida, não precisa andar tão rápido ouviu? As ruas estão perigosas.
— Pode deixar amor, se cuidem que eu já chego. — fez um estralo com a boca e finalizou a ligação.
As trovoadas estavam fortes e Bernardo estava apavorado agarrado em meu pescoço.
— O Luan já vem amor... — afoguei seus cabelos negros e ele deitou no meu ombro.
— Posso chamar ele de papai não é? — me olhou dengoso e eu não sabia o que dizer. Apenas beijei seu rosto e ficamos ali em silêncio à espera do Luan.

(...)

Entramos no meu apartamento e Bernardo correu tomar um banho quente enquanto Luan estava calado, ele estava estranho.
— O que foi? — me sentei do seu lado no sofá.
— Bernardo me disse que você não quer que ele me chame de pai... Porque Vivi?
— Amor... — alisei seus braços.
— Porque?
— Podemos falar disso depois, eu estou exausta e só querendo tomar um banho e curtir meu filho.
— Tá bem... Eu preciso voltar para o Café, fechar tudo lá! — se levantou — Daqui a pouco eu volto pra comemorarmos o nosso dia tá bom? — beijou meus lábios e sorriu.
Me despedi dele e fui atento banheiro onde Bernardo se ensaboava todo atrapalhado.
— Olha mamãe, quanta espuma! — sorriu sapeca com a esponja em mãos.

MísticaOnde histórias criam vida. Descubra agora